Pesquisadores da Embrapa desenvolvem novas cultivares híbridas de café para melhor produção no AM

Variedade de café tem maior capacidade produtiva e representa uma alternativa sustentável de renda para o pequeno agricultor (Érico Xavier/Fapeam)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS — Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentam durante a Semana da Cultura do Café no Amazonas, respectivamente, em Itacoatiara, Silves e Manaus, resultados da pesquisa com novas cultivares híbridas de café, chamadas de “Robustas Amazônicos”. O evento inicia nesta terça-feira, 17, e segue nos dias 18 e 20 deste mês. A variedade, testada nas condições do Estado, tem maior capacidade produtiva e representa uma alternativa sustentável de renda para o pequeno agricultor.

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O pesquisador Marcelo Curitiba, coordenador das ações de pesquisa com a cultura do café no Amazonas, explica à REVISTA CENARIUM que um primeiro ciclo de pesquisas, realizado durante sete anos (2014 a 2021), testou e validou para cultivo no Amazonas a variedade de café BRS Ouro Preto, composta por 15 genótipos clonais do grupo botânico Conilon. A partir de 2019, um segundo ciclo foi iniciado com as novas cultivares, apresentando potencial superior ao da primeira.

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Ainda segundo o pesquisador, os Robustas Amazônicos, diferentes da variedade botânica Conilon, são clones cujas plantas são mais altas e têm menor tolerância à seca, além de apresentarem maior vigor vegetativo, potencial para a qualidade de bebida e tolerância a pragas e doenças. A recomendação para os agricultores, lembra Curitiba, é que o mínimo de seis clones sejam plantados juntos para que a plantação tenha êxito, por conta da necessidade existente de polinização entre as plantas.

“Esses Robustas, além de terem uma diferença de características fenotípicas, também estão sendo trabalhadas de maneira diferente. Na BRS Ouro Preto trabalhávamos uma cultivar com 15 clones. No Robustas Amazônicos estamos trabalhando com clones de maneira individualizada. Ou seja, o produtor vai escolher qual clone ele pretende plantar”, explicou Curitiba.

Nova realidade

Para o pesquisador da Embrapa, a cafeicultura clonal no Amazonas já é uma realidade e, de acordo com os resultados de pesquisa da empresa, uma cultura viável. De acordo com Marcelo Curitiba, o primeiro registro de cultivo clonal registrado no Amazonas foi no município de Apuí, entre 2013 e 2014. Logo, a cidade de Silves também passou a plantar clones.

“A produção de café na Amazônia não é algo novo, inclusive, os relatos mostram que o café foi introduzido no Brasil pelo Estado do Pará. No Vale do Juruá, temos relatos de cultivo de café na década de 1930, em Rondônia no século XIX. Acontece que uma nova realidade é o cultivo clonal, que começou em Rondônia ainda na década de 1990, mas no Amazonas isso é recente”, lembrou.

Atualmente, frisa o pesquisador, existem cultivos clonais de café de forma experimental em Itacoatiara, Silves, Manaus, Urucará, Presidente Figueiredo, Coari, Humaitá, Apuí, Lábrea, entre outras regiões no interior do Amazonas. Marcelo Curitiba alerta que, apesar desse tipo de cultivo mostrar boa produção, ele precisa andar ao lado do manejo adequado, como a poda, controle de pragas e doenças, e demais alternativas que garantam o desenvolvimento das plantas.

“Esse cultivo tem mostrado boa produtividade. Mas é importante frisar que o clonal é uma forma de propagação que favorece o predomínio das características positivas das matrizes selecionadas. Se plantarmos os cafeeiros clonais e não tivermos o manejo adequado, essa produtividade não vai ser aquela esperada”, alertou.

Semana do Café

A Semana da Cultura do Café é um evento promocional da cultura do café no Amazonas, realizado por meio da parceria entre Embrapa, Instituto Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Associação Solidariedade Amazonas (ASA). O evento é voltado para agricultores, técnicos do setor agrícola e público interessado na produção de café.

A programação iniciou nesta terça-feira, 17, no município de Itacoatiara, com o primeiro Dia de Campo, no horário das 8h às 13h, no Sítio JotaPê, no quilômetro 8 da rodovia AM 010, (sentido Itacoatiara-Manaus). Na quarta-feira, 18 de maio, a programação continua em Silves, na Sede da Associação Solidariedade Amazonas (ASA), Rodovia AM-363, Km 77, também no horário das 8h às 13h.

Na sexta-feira, 20, o Dia de Campo será em Manaus, das 8h às 13h, na Fazenda da Ufam (FAEXP), localizada na rodovia BR 174, no KM 38 (sentido Manaus-Presidente Figueiredo). 

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