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PF diz que vice-governador do AM teve ‘influência e ingerência direta em esquema criminoso’
Delegado federal Henrique Albergaria Silva apontou o vice-governador como principal atuante no esquema fraudulento. As diligências da operação ainda estão sendo cumpridas (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)
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08 de outubro de 2020
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – O delegado da Polícia Federal (PF), Henrique Albergaria Silva, coordenador da Operação Sangria, que apura fraudes e desvio de recursos na Saúde do Amazonas, disse, nesta quinta-feira, 8, que o vice-governador Carlos Almeida (PTB) tinha “ingerência e influência direta na compra de respiradores” para enfrentamento à Covid-19.
Segundo Albergaria, a cúpula da Saúde do Estado frequentemente mantinha relações com Almeida, cujas demandas eram voltadas para tratar sobre pagamentos e contratos da área. De acordo com o delegado, o vice também teve a casa, gabinete e escritório como alvos de busca e apreensão na manhã de hoje. As diligências da operação ainda estão sendo cumpridas.
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“Ao longo das investigações, foram constatados indícios de que o vice-governador [Carlos Almeida] tinha ingerência e influência direta nas decisões da Secretaria de Saúde”, disse o delegado Henrique Silva, durante entrevista coletiva nesta terça.
Ainda conforme o delegado, esta segunda fase da Operação Sangria foi deflagrada a partir da análise dos materiais apreendidos na primeira fase, que contou com documentos e diálogos interceptados com autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A partir dessa análise, aponta a investigação, foi constatado a participação de outros servidores públicos e empresários no esquema criminoso. Segundo o delegado, não há provas suficientes a respeito do envolvimento do governador do Amazonas, Wilson Lima, para que pudesse decretar sua prisão.
Sobre a empresa fornecedora de respiradores, o delegado federal disse que, por meio da investigação, foi constatado que a empresa é de fachada, devido ao endereço do estabelecimento se referir a uma residência.
Movimentação foi intensa na sede da PF, em Manaus, na manhã desta quinta-feira, 8 (Bruno Pacheco/ Revista Cenarium)
As investigações apontam também indícios de participação do empresário Luiz Carlos Avelino Júnior, marido da ex-secretária de Comunicação Daniela Assayag, que atuava como articulador entre o governo e a empresa contratada. De acordo com o delegado, o processo de contratação foi manipulado para que a empresa pudesse ser contratada.
“Foi possível identificar que o processo de contratação dos ventiladores foi tudo manipulado, conforme a proposta apresentada pela empresa investigada. Embora os ventiladores da empresa não tivessem as especificações técnicas exigidas pelo certame, o procedimento foi todo manipulado e alterado visando a legalização e a viabilização da contratação da empresa”, apontou Silva.
As cinco pessoas presas temporariamente serão ouvidas ainda nesta quinta-feira, na sede da Polícia Federal, no bairro Dom Pedro, Zona Oeste de Manaus. Os crimes cometidos ainda estão em apuração, mas o delegado da PF pontuou que os investigados serão autuados por fraude em licitação, peculato e participação e organização criminosa.
Operação Sangria
A operação Sangria foi deflagrada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), e cumpre 14 mandados judiciais expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), dos quais nove são de busca e apreensão e cinco de prisão temporária.
Entre os alvos dos mandados de prisão temporária, estão Rodrigo Tobias, ex-secretário de Saúde; Dayana Mejia, ex-secretária de assistência da antiga Susam; o médico Ronald Caldas Santos e os empresários Luiz Carlos Avelino Júnior, marido da ex-secretária de Comunicação, e Gutemberg Alencar.
Em nota, o Governo do Amazonas disse que está contribuindo com a apuração dos fatos e que a ação de busca e apreensão, envolve, em grande parte, pessoas que já não fazem mais parte da estrutura do governo.
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