PF faz operação contra esquema de pirâmide com criptomoedas em RO e mais quatro Estados

Dinheiro das vítimas nunca foi aplicado; era revertido, na verdade, para a manutenção do esquema e para o enriquecimento pessoal e ilícito dos criminosos (Reprodução/PF)
Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Um grupo suspeito de movimentar R$ 120 milhões em um esquema de pirâmide envolvendo criptomoedas está na mira da Polícia Federal (PF) que deflagrou uma operação nesta quinta-feira, 9, contra os investigados. Segundo a polícia, a base das operações ilegais fica no município de Cacoal, a 480 quilômetros de Porto Velho.

Com a promessa de lucros altos, o esquema atraía investidores de outros Estados brasileiros e até do exterior. Nesta quinta, os agentes federais cumpriram 28 mandados de busca e apreensão em cidades de Rondônia e em mais quatro Estados: São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia. Já a Justiça federal bloqueou bens, como automóveis, casas, ações e ativos financeiros.

PF fez buscas em endereços de Rondônia, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia (Reprodução/PF)

Promessas insustentáveis e recrutamento de terceiros

Para atrair interessados, o líder do esquema, localizado na cidade de Cacoal, captava recursos por meio de empresas sob seu domínio com a promessa de investimentos em aplicações financeiras. “Havia promessas iniciais de retorno garantido de 300% em 120 dias, posteriormente modificado para 100% em 21 dias e/ou 33 dias”, esclarece a PF.

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Além do dinheiro investido pelas vítimas na esperança da suposta rentabilidade, havia um sistema progressivo de bonificação caso os investidores recrutassem outras pessoas a também operassem criptomoedas com as empresas. A ideia era lucrar, ainda, sobre os ganhos que mais aderisse ao esquema. Itens de luxo, não especificados pela polícia, também eram oferecidos como recompensas.

O caso é investigado pela Delegacia de Polícia Federal em Ji-Paraná. Segundo a polícia, “originariamente, a captação correu de forma presencial apenas na região central de Rondônia, mas, após impulsionamento de anúncios públicos em redes sociais e contratação de personalidades públicas para publicidade de uma das empresas capitaneadas pelo líder da organização criminosa, passou a ocorrer indistintamente em ambiente virtual, havendo vítimas espalhadas por todo o Brasil e, inclusive, em outros países“.

Grupo atraía vítimas de todo o Brasil e de outros países com criptomoeda própria, segundo a polícia (Reprodução/PF)

Luxo e ostentação

As investigações começaram em 2021 e apontam que o dinheiro depositado pelas vítimas não foi aplicado nos investimentos financeiros. Os valores, na verdade, eram utilizados para sustentar o próprio esquema de pirâmide e o enriquecimento pessoal e ilícito dos integrantes do grupo criminoso, que, segundo a PF, “passaram a ostentar um padrão de riqueza totalmente incompatível com os rendimentos auferidos”, indicando manobras de lavagem de dinheiro. 

A associação criminosa chegou a criar uma moeda digital própria e uma corretora de ativos virtuais, visando engajar mais pessoas. Já na hora de receber os lucros prometidos, as vítimas recebiam “as mais diversas justificativas, atribuindo problemas a terceiros”, segundo a polícia. 

Condenações

Os investigados devem responder pelas práticas de organização criminosa, instituição financeira clandestina, gestão fraudulenta e temerária, emissão ilegal de valores mobiliários sem registro prévio, sonegação fiscal e lavagem de capitais. Somadas, as penas podem ultrapassar 60 anos de prisão em regime fechado.

Leia também: Em Rondônia, detentos planejaram atentado contra agentes de segurança pública

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