Em RO, PF descobre milícia criada para atender fazendeiros; organização movimentou mais de R$ 400 milhões

PF concluiu que além de fraudar processos para garantir a posse da fazenda, policiais cooptados pelo crime eram pagos para fazer a ronda de segurança do local com armamento pesado (Polícia Federal/Reprodução)
Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) –  Integrantes de uma milícia privada, formada por policiais de Rondônia e pagos por fazendeiros, foram presos, nesta quinta-feira, 17. O grupo era especializado em fraudar ações judiciais de desapropriação de terras e estava na mira da Polícia Federal há, pelo menos, um ano. 

Os agentes cumpriram 5 mandados de prisão preventiva e 32 mandados de busca e apreensão na capital Porto Velho e nos municípios de Ariquemes (RO) e Vilhena (RO), no interior. As cidades de Cassilândia, em Mato Grosso do Sul, e o Distrito Federal também foram alvos das ações. Houve ainda um afastamento de função pública entre as determinações da Justiça. Um advogado está entre os suspeitos presos na operação que teve apoio da Polícia Civil (PC) e do Ministério Público de Rondônia (MPRO). 

Investigação durou cerca de um ano e revelou participação de agentes das forças de segurança do Estado de Rondônia (Polícia Federal/Reprodução)

Atuação antiga

A milícia, como classifica a PF, vinha sendo investigada desde 2021, depois que outra operação semelhante foi realizada em 2020, apontando a existência do grupo.

PUBLICIDADE

Na época, a polícia investigava uma organização criminosa composta por servidores públicos que, associados a posseiros de imóveis rurais, fraudavam processos junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A PF analisou material apreendido naquela época e instaurou inquérito para apurar a organização da milícia privada.

Os policiais integrantes do esquema eram pagos por pessoas de uma mesma família, sob a condição de manter a posse de uma fazenda de 33 mil hectares, o equivalente a duas vezes o perímetro urbano de Porto Velho. O imóvel fica no distrito de Nova Mutum Paraná, distante pouco mais de 100 quilômetros da capital. 

Milícia era patrocinada apor integrantes de uma mesma família; grupo movimentou mais de R$ 400 milhões (Polícia Federal/Reprodução)

Financiamento milionário

Constantemente alvo de conflitos agrários, os agentes cooptados pelo crime também recebiam dinheiro para fazer rondas na região e afastar invasores, com uso de armamento pesado que ficava guardado na sede da fazenda.

O financiamento da milícia movimentou R$ 445 milhões, o que comprovou o pagamento feito aos servidores públicos de Rondônia envolvidos no caso, segundo a Polícia Federal. Se condenados, os investigados podem passar mais de 20 anos na prisão.  

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.