PF prende juiz de paz em RO suspeito de patrocinar vandalismo em Brasília; outro investigado está foragido

Além do pastor e juiz de paz, PF busca foragido da Justiça, em Rondônia, que financiou compra de combustível utilizado nos ataques (Thiago Alencar/CENARIUM)
Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Um Juiz de paz e pastor evangélico de Rondônia, identificado como Joel Pires Santana, de 40 anos, foi preso nesta quinta-feira, 29, pela Polícia Federal (PF), na cidade de São Francisco do Guaporé, a 600 quilômetros de Porto Velho. A prisão dele faz parte de uma operação que visa identificar patrocinadores de atos de vandalismo que ocorreram em Brasília, no último dia 12 de dezembro. Um segundo suspeito está foragido.

O episódio ficou conhecido como o “dia do quebra-quebra”, parte dos atos antidemocráticos que pedem intervenção militar e contestam o resultado das urnas no 2° turno da eleição presidencial, que elegeu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para um novo mandato no pleito deste ano.

Pastor evangélico e juiz de paz de Rondônia foi preso pela PF, suspeito de patrocinar vandalismo em Brasília (Redes Sociais/Reprodução)

Outro homem, de 33 anos, identificado como Ricardo Yukio Aoyama, também é alvo dos agentes federais, que tentam cumprir mandado de prisão contra ele. O suspeito mora na cidade de Ariquemes, distante 200 quilômetros da capital, e se apresenta, nas redes sociais, como apoiador do presidente da República Jair Bolsonaro (PL).

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Ricardo Yukio Aoyama comprou combustível utilizado nos ataques, segundo a PF. Ele é considerado foragido da Justiça (Reprodução/Polícia Federal)

Detidos

A prisão do pastor e juiz de paz foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes.

Santana participou de atos extremistas em frente ao Quartel-general do Exército, no Setor Militar Urbano (SMU), na capital federal, e foi um dos patrocinadores dos atos de vandalismo registrados na cidade.

Nas redes sociais, o investigado ostenta fotos e posts em defesa de uma intervenção militar, discursos de ódio e manifestações de apoio a Bolsonaro. Ele também faz postagens sobre o trabalho como pastor e juiz de paz, função que não requer concurso ou qualificação específica. Nesta atividade, Santana celebra casamentos civis, por exemplo.

Joel Pires Santana ostenta fotos em atos antidemocráticos e manifestações de apoio a Jair Bolsonaro nas redes (Reprodução/Redes Sociais)

Já na casa de Ricardo Aoyama, a polícia apreendeu uma arma, quatro carregadores e diversas munições. Ele foi responsável pela compra de combustíveis durante os atos de vandalismo em Brasília, quando ônibus e carros foram incendiados, de acordo com a PF. 

Ricardo não estava em casa no momento da chegada da polícia e é considerado foragido da Justiça. Ele e Joel Santana são ligados a grupos extremistas, em aplicativos de mensagens, segundo as investigações.

Operação Nero

Em apoio à PF, policiais civis do Distrito Federal cumprem 32 mandados contra suspeitos de participação nos atos de vandalismo. Em Rondônia, são oito mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão preventiva, mirando nas cidades de Alto Paraíso e Monte Negro, além de São Francisco e Ariquemes; todas no interior do Estado.

A Operação Nero, como foi batizada, em alusão ao imperador romano que ateou fogo em Roma, no ano 64 d.C, também apura a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal, em Brasília, ocorrida no mesmo dia dos protestos violentos.  

Além de vandalismo na região central, extremistas tentaram invadir a sede da PF no Distrito Federal (Reprodução)

Ordens judiciais também foram expedidas contra suspeitos nos Estados de Mato Grosso, Pará, Tocantins, Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro, além de Rondônia e Distrito Federal.

“Os suspeitos teriam tentado invadir a sede da PF com o objetivo de resgatar um homem preso pela instituição no dia 12. Após serem frustrados, teriam dado início a uma série de atos de vandalismo pela cidade. As duas investigações foram encaminhadas, em razão de declínio de competência, ao Supremo Tribunal Federal”, explica a PF em nota.

Se condenados pelos crimes de dano qualificado, incêndio majorado, associação criminosa, abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado, os investigados podem ficar presos por até 34 anos.

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