PF mira grupo de empresários e madeireiros responsáveis por desmatar terras indígenas em RO

A operação se trata de uma sequência de ações de repressão ao desmatamento ilegal em TIs de Rondônia, que levaram à destruição de uma ponte ilegal em outubro (Thiago Alencar/CENARIUM)
Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – Um grupo criminoso responsável por desmatar dois territórios indígenas localizados em Rondônia entrou na mira da Polícia Federal (PF) e foi alvo de operação, nesta segunda-feira, 12. Segundo a PF, o esquema é composto por empresários, caminhoneiros, madeireiros, olheiros e até mesmo indígenas, que autorizam a entrada irregular nas reservas: a Terra Indígena (TI) Roosevelt e o Parque Indígena Aripuanã.

Mais de 100 agentes federais participam da Operação Enganos. Eles cumpriram 34 mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados e em oito empresas envolvidas na exploração de madeira. As ações ocorreram nos municípios de Espigão do Oeste e Cacoal, no interior do Estado.

Justiça determinou 34 mandados de busca e apreensão em residências e empresas, além de 245 medidas cautelares (PF/Reprodução)

A investigação apontou que os caminhoneiros especializados em retirar a matéria-prima das áreas de preservação utilizavam sofisticado sistema de comunicação para escapar de possíveis fiscalizações. Além disso, “o grupo ainda contava com empresas que emitem documentação falsa apta a ‘legalizar’ madeiras oriundas de reservas”, detalhou a PF.

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A Justiça Federal deferiu, ainda, 245 medidas cautelares alternativas, como a proibição para os investigados de sair de suas cidades de domicílio e uso de tornozeleira eletrônica para 28 dos envolvidos na organização criminosa. Essa medida, segundo a polícia, visa impedir a entrada deles nas Terras Indígenas. Eles também tiveram as Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) suspensas para impedir novos transportes de cargas ilícitas.

Exploração irregular de madeira atinge as reservas indígenas Roosevelt e Aripuanã, em Rondônia (PF/Reprodução)

Ponte ilegal

Ainda de acordo com a Polícia Federal, a Operação Enganos se trata de uma sequência de ações de repressão ao desmatamento ilegal em TIs de Rondônia, que levaram à destruição de uma ponte ilegal de 50 metros construída por criminosos para permitir a retirada de madeira do Parque Aripuanã; ofensiva que ocorreu em outubro.

Operação decorre de destruição de ponte ilegal, que ocorreu em outubro deste ano (PF/Reprodução)

A operação recebeu o nome de “Enganos” porque o principal investigado, intimado para prestar esclarecimentos, apresentou versão incompatível com o que foi descoberto na apuração dos crimes. “Buscou o investigado, portanto, enganar a Polícia Federal, apresentando dados inverídicos sobre sua atuação, tendo até mesmo negado relação com atividades de extração das madeiras“, esclareceu a polícia.

Se condenados pelos crimes de furto, receptação, associação criminosa, destruição de floresta nativa e por desenvolvimento de atividade clandestina de telecomunicação, os investigados podem ficar presos por mais de 10 anos.

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