PL vai à Justiça para cassar mandato de Sergio Moro e Bolsonaro se reúne com ex-ministro

Moro acompanha Bolsonaro em debate durante a campanha (Eduardo Anizell/Folhapress)
Da Revista Cenarium*

BRASÍLIA – O Partido Liberal (PL), do presidente Jair Bolsonaro, pediu à Justiça Eleitoral do Paraná a cassação do mandato do senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR).

O movimento ocorre pouco depois de o ex-juiz da Lava Jato ter apoiado, publicamente, o mandatário no segundo turno das eleições deste ano.

Moro acompanha Bolsonaro em debate durante a campanha (Eduardo Anizelli/28.out.22/Folhapress)

O PL tem esperança de conseguir retirar Moro do cargo, o que levaria à realização de uma nova eleição. A avaliação é que o deputado federal Paulo Martins (PL) seria favorito para vencer o novo pleito.

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Na disputa deste ano, Moro obteve 33,82% contra 29,12% de Martins. A ação foi apresentada pelo PL do Paraná, mas teve o aval do presidente nacional, Valdemar Costa Neto. O processo corre sob sigilo no TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná).

A legenda contesta supostas irregularidades nos gastos de campanha de Moro.

Moro e Bolsonaro se reuniram nesta quarta-feira, 7, no Palácio da Alvorada, mas o teor da conversa não foi divulgado.

O ex-juiz, que deixou o Ministério da Justiça após brigar com Bolsonaro e acusá-lo de tentar violar a autonomia da Polícia Federal (PF), voltou a se aproximar do chefe do Executivo nas eleições deste ano.

Após flertar com Bolsonaro no primeiro turno, declarou voto nele no segundo. Ao final, porém, elegeu-se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado por Moro no âmbito da Lava Jato — mais tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou a condenação.

A retomada da aproximação com Bolsonaro foi uma tentativa de contornar o isolamento político vivido por Moro desde que pediu demissão do Governo Bolsonaro.

Procurado pela campanha bolsonarista, Moro declarou voto no presidente e foi a debates ao lado do então candidato à reeleição em uma estratégia que visava provocar e desestabilizar Lula.

Aliados de Moro classificaram a ação como tentativa de criar um “terceiro turno” na eleição para o Senado no Paraná.

No fim de novembro, a área técnica do TRE se manifestou pela rejeição da prestação de contas de Moro.

Por meio de nota, a defesa do senador eleito disse, na ocasião, que o parecer “é opinativo e reflete um rigor do órgão técnico incompatível com a posição da jurisprudência”, mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha.

Relatório, no início do mês passado, havia afirmado que a campanha deixou de anexar, na prestação final de candidatura, registros da movimentação financeira e comprovantes dos gastos feitos. A campanha de Moro arrecadou R$ 5,1 milhões, a maior parte por meio de financiamento público.

O item de valor mais elevado da candidatura do ex-juiz foi a contratação de um escritório de advocacia por R$ 800 mil. Ele também gastou R$ 426 mil com táxi aéreo.

O parecer da Justiça Eleitoral citou, entre os problemas, a falta de comprovante de devolução de sobras de campanha à direção partidária. A equipe de campanha declarou que sobraram R$ 646, mas não foram anexados extratos completos para verificação, o que também é questionado pelos técnicos.

Questionado pela reportagem quando foi solicitada a reapresentação da prestação de contas, Moro disse, também por meio de sua assessoria, que o relatório era padrão e natural em período de pós-campanha.

(*) Com informações da Folhapress
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