Prazo para desocupação de terras indígenas no Pará termina na terça-feira, 31

Operação realizada pelo Ibama, em maio, na Terra Indígena (TI) Apyterewa (Ascom/Ibama)
Daleth Oliveira – Da Revista Cenarium Amazônia

BELÉM (PA) – Nesta terça-feira, 31, chega ao fim o prazo limite para a saída de moradores e retirada voluntária de animais, principalmente, gado ilegal, das terras indígenas Apyterewa e Trincheira Bacajá no Pará. A operação de desintrusão, que envolve 14 órgãos federais e estaduais, está em andamento desde o dia 2 de outubro. Durante esse período, os invasores foram notificados e multados.

A ação cumpre as decisões da Justiça Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF), que têm como objetivo garantir o direito à posse das terras pelos povos tradicionais que historicamente habitam a região. A terra indígena Apyterewa, lar do povo Parakanã, teve sua demarcação realizada em 1996; enquanto a terra indígena Trincheira Bacajá, onde vivem os povos Mebengôkre, Kayapó e Xikrim, foi homologada em 2007.

Desde a década de 1980, quando a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) iniciou o processo de demarcação dos territórios, os povos tradicionais enfrentaram conflitos com ocupantes que passaram a praticar crimes ambientais na região, como extração de madeira e garimpo ilegal.

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A ocupação ilegal se intensificou, principalmente, a partir de 2018, quando houve um aumento significativo do desmatamento florestal na região e um crescimento das atividades ilegais, incluindo a criação de gado em áreas de proteção ambiental.

Impactos da força-tarefa

No mais recente boletim do Ministério dos Povos Indígenas, a força-tarefa já apresenta impactos positivos nos índices de desmatamento. Desde o início da ação, identificaram apenas 0,16 quilômetro quadrado de desmatamento, com 12 alertas de desmatamento na região, em comparação com 91 alertas no mesmo mês do ano anterior.

Invasores desmatavam terra indígena no Pará (Victor Moriyama/Greenpeace Brasil)

Durante o mês de outubro, as equipes que participam da operação facilitaram a saída voluntária dos invasores e mantiveram a infraestrutura que dá acesso à região para possibilitar o transporte de animais e equipamentos que estão deixando a área. Placas de sinalização também foram instaladas nos limites das terras indígenas.

Multas aplicadas

A operação resultou na aplicação de multas que totalizam mais de R$ 4 milhões, além de 19 autuações por crimes como desmatamento, trabalho em condições análogas à escravidão e uso de medicamentos veterinários irregulares. Também houve apreensões de drogas, armas de fogo e munições, agrotóxicos, combustível armazenado de forma irregular, madeira ilegal, motosserras e maquinários usados na extração de madeira, assim como veículos roubados ou irregulares.

Entre os órgãos envolvidos, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) visitou mais de 850 pontos de invasão nas terras indígenas e realizou o cadastro das pessoas que ocupam as áreas. Isso possibilita que elas acessem o Programa Nacional de Reforma Agrária ou a assistência social fornecida pelo governo federal.

Leia mais: Incêndio em Terra Indígena Alto Turiaçu, no Maranhão, afeta mais de quatro mil indígenas
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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