Presidente eleito, Lula segue nos acordos com PSD, União Brasil e MDB para formar base de apoio

Luiz Inácio Lula da Silva (Antonio Molina/FolhaPress)
Com informações do Infoglobo

MANAUS – A disposição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em ampliar sua base de apoio para integrar partidos de centro e de centro-direita deu início a uma série de tratativas sobre espaços no futuro governo. Atualmente independentes em relação a Jair Bolsonaro (PL), integrantes de MDB, PSDB, PSD, Cidadania e União Brasil enviaram sinais de que têm interesse em participar da nova gestão. Na mesa de negociações, além da possibilidade de indicarem nomes para ministérios, está a disputa pelos comandos da Câmara e do Senado em 2023.

Petistas fizeram chegar aos dirigentes partidários que Lula só irá definir sua equipe de ministros após ter um cenário claro de qual será sua base no Congresso. Ao mesmo tempo, o presidente eleito também indicou durante a campanha que deve aumentar o números de pastas na Esplanada das atuais 23 para até 33, o que lhe garantirá margem para negociar com os futuros aliados.

No PSD, que fez parte da gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o presidente do partido, Gilberto Kassab, tem conversa marcada para a semana que vem com a sua correlata do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, para apresentar suas demandas. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o dirigente partidário — e ex-ministro de Dilma — antecipou que um acordo depende do apoio petista à reeleição de Pacheco, além de a sigla ter espaços na nova administração. “Todos sabem que há uma chance grande de caminhar para o apoio à gestão Lula”, admitiu.

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“O Kassab sabe a importância do PSD para o Brasil e para quem for governar”, afirmou o senador Lucas Barreto (PSD-AP).

As conversas estão mais avançadas com o MDB, que já sinalizou o embarque no Governo Lula. Na próxima segunda-feira, 7, o partido comandado pelo deputado Baleia Rossi (SP) indicará um nome para integrar a equipe de transição — será, assim, o primeiro partido de centro para o qual o governo petista abrirá suas portas. A adesão, no entanto, não será automática. Além de um ministério com projeção para a senadora Simone Tebet (MS), o partido cobra de Lula uma plataforma de governo mais consolidada, com propostas do que o petista pretende fazer em áreas importantes como a economia. Há, ainda, a expectativa de ter mais espaços em ministérios do governo para além de Tebet, que é considerada da cota do presidente eleito.

“Precisamos ver como será o desenho para abrir uma discussão mais ampla. Mas, na minha opinião, não teremos muitos obstáculos e exigências”, afirmou Isnaldo Bulhões (MDB-AL), líder do partido na Câmara.

Os emedebistas entendem que Lula precisa costurar uma aliança com União Brasil e PSD para garantir governabilidade nos próximos anos. Para isso, no entanto, é preciso que os três partidos e o PT estejam alinhados nas eleições pelos comandos das duas casas do Legislativo. Na Câmara, o presidente do União, deputado Luciano Bivar (PE), já declarou a intenção de concorrer contra Arthur Lira (PP-AL), que deve tentar a reeleição. Bivar tem conversas avançadas com o MDB e tenta ganhar ainda o apoio do PSD para o seu projeto. Em troca, apoiaria a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD) no Senado.

Paralelamente a essas tratativas, os dirigentes do MDB discutem a formação de uma federação com o PSDB, Cidadania e o Podemos.

Divergências

Apesar de dirigentes desses partidos negociarem a adesão ao Governo Lula, o apoio das bancadas não deve ser unânime. No União Brasil, por exemplo, enquanto Bivar afirma que “pode integrar a base”, a maioria dos parlamentares indicam o contrário. Dos 59 deputados eleitos pela sigla, mais da metade, 30, declararam apoio à reeleição de Bolsonaro no segundo turno, de acordo com levantamento do GLOBO. Governadores da legenda, como Ronaldo Caiado (Goiás) e Wilson Lima (Amazonas), também se alinharam ao atual presidente.

No PSDB, a posição em relação ao futuro governo também está dividida. Há parlamentares que já anunciaram que farão oposição severa ao PT, como o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). E outros que acenaram ao vice-presidente eleito — e ex-tucano — Geraldo Alckmin (PSB), como o deputado Paulo Barbosa (PSDB-SP).

Por parte do Cidadania, que faz parte da federação com os tucanos, o líder da bancada, deputado Alex Manente (SP), avisou que fará oposição ao governo Lula em temas econômicas, mas deve votar junto nas pautas sociais, de costumes e meio ambiente.

“Vamos afirmar aquilo que convergimos, na pauta sociais e sustentabilidade, e sermos críticos em relação às posições econômicas”, disse o deputado.

Somadas, essas cinco siglas reunirão 161 deputados na próxima legislatura, número suficiente para dar a Lula maioria na Câmara. Apenas com os atuais aliados — PT, PV, PC do B, PDT, PSB, PSOL, Rede e Solidariedade —, o futuro presidente teria o apoio de 129 parlamentares, um quarto da Casa, insuficiente para aprovar qualquer projeto de seu interesse.

Para formar uma base no Senado, a situação atual é um pouco melhor para Lula, já que Pacheco é o candidato preferido dos senadores petistas e, hoje, controla a maioria na Casa. Se conquistar a adesão das siglas de centro, o presidente eleito somará 38 senadores, um pouco menos que a metade, que poderá conseguir com a adesão dos chamados “independentes”.

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