Primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss renuncia após 45 dias no cargo

Liz Truss (Daniel Leal/Pool via Reuters)

Com informações do UOL

REINO UNIDO – Liz Truss renunciou nesta quinta-feira, 20, ao cargo de primeira-ministra do Reino Unido, após uma grave crise de confiança atingir seu mandato. Ela assumiu o posto há 45 dias. Segundo Truss, haverá um processo de escolha para definir quem será o novo premiê.

A britânica anunciou sua decisão ao Rei Charles 3º, bem como ao líder do comitê que irá escolher o seu sucessor, e ficará no cargo até que o novo nome seja anunciado.

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Truss se torna, dessa forma, a primeira-ministra com passagem mais rápida por Downing Street.

No pronunciamento, foi breve: afirmou que não poderia mais seguir adiante com os planos traçados para ela na época de sua eleição, quando foi escolhida para substituir Boris Johnson.

A premiê disse que este é um momento de grande “instabilidade econômica e internacional”.

Discurso final

A primeira-ministra disse ter assumido seu cargo com “uma visão de uma economia com cortes de impostos e alto crescimento que tiraria proveito das liberdades de Brexit”.

“As famílias e empresas estavam preocupadas com a forma de pagar suas contas. A guerra ilegal de Putin na Ucrânia ameaça a segurança de todo o nosso continente, e nosso país estava sendo segurado por muito tempo pelo baixo crescimento econômico. Fui eleita pelo Partido Conservador com um mandato para mudar isso”.

No entanto, o tom mudou rapidamente. “Reconheço que, dada a situação, não posso cumprir o mandato pelo qual fui eleito pelo Partido Conservador. Portanto, falei com Sua Majestade, o Rei, para notificá-lo de que estou renunciado ao cargo de líder do Partido Conservador”.

“Esta manhã, encontrei o presidente do Comitê de 1922, Sir Graham Brady. Concordamos que haverá uma eleição de liderança a ser concluída dentro da próxima semana. Isto garantirá que permaneçamos em nome de nossos planos fiscais, da estabilidade econômica e a segurança nacional de nosso país. Eu permanecerei como primeiro-ministra até que um sucessor seja escolhido”, disse.

O que motivou a crise? Truss venceu a disputa para substituir Boris Johnson com uma plataforma de grandes cortes de impostos para estimular o crescimento. Ela prometeu também gastos bilionários com subsídios às contas de energia, que subiram mais de 300% nos últimos dois anos. O país, como outros, enfrenta as consequências da guerra na Ucrânia e os efeitos da pandemia.

Mas a ausência de quaisquer detalhes de como os cortes seriam financiados levou os mercados ao colapso. O ministro das Finanças acabou demitido.

Na semana passada, o novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, reverteu todas as mudanças anunciadas pela primeira-ministra, aprofundando a crise no governo, mas sinalizando “paz” ao mercado financeiro. Entre as principais decisões, está que a ajuda às famílias para pagar as contas de energia será limitada a seis meses, em vez dos dois anos prometidos por Truss e o ministro antigo.

Hunt detalhará, em 31 de outubro, como o Executivo pretende reduzir o endividamento a médio prazo, outra oportunidade para acalmar os mercados e tentar recuperar o rumo econômico.

Antes do anúncio da renúncia de hoje, Truss não dava sinais de que iria deixar o cargo. “Estou aqui porque fui eleita para trabalhar por este país”, disse ela. “E é isso que estou determinada a fazer”, declarou em uma sessão legislativa.

Com a saída eminente de Truss, não fica claro se o plano econômico traçado por sua equipe será mantido, apesar da promessa feita durante o discurso de resignação de que ela manteria a “estabilidade econômica” enquanto o país aguarda por um novo premiê.

O que acontece agora? Os processos para a escolha de um novo líder do Partido Conservador e, portanto, um novo primeiro-ministro, ainda estão incertos.

Originalmente, a transição ocorre em semanas, com os postulantes ao cargo concorrendo entre si e sendo votados em etapas pelos Conservadores eleitos. A última fase prevê a participação de todos os filiados do Partido Conservador no Reino Unido.

A transição, porém, pode ser mais rápida. Theresa May, por exemplo, sucedeu a David Cameron em 2016 — após o referendo do Brexit — depois que todos os seus adversários se retiraram e concordaram com seu nome.

*Com informações da AFP

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