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Pró-ditadura, deputados da Amazônia participam de ato ‘pela democracia’ no RJ
Débora Menezes, Alberto Neto, Éder Mauro e Delegado Caveira (Composição de Wesley Santos/Revista Cenarium)
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21 de abril de 2024
Carol Veras – Da Revista Cenarium*
MANAUS (AM) – Políticos bolsonaristas do Amazonas e Pará participaram neste domingo, 21, da manifestação liderada por Jair Bolsonaro (PL) na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro, em um ato que teve discursos contra o que chamam de ataques à democracia, mesmo após o ex-presidente ter exaltado a ditadura militar na trajetória política. O ato também teve, novamente, ataques ao Judiciário brasileiro.
Bolsonaristas passaram a classificar de “ataque à democracia” as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que combateram as fake news sobre o sistema eleitoral para justificar o golpe de Estado, além de outras informações falsas publicadas pelos apoiadores de Bolsonaro. Alguns dos nomes presentes na manifestação foram o da deputada Débora Menezes e Alberto Neto, ambos do PL do Amazonas, e Éder Mauro e Delegado Caveira, que integram a mesma sigla no Pará.
Os discursos misturaram política e religião, além de elogios a Bolsonaro, a Elon Musk, em prol da liberdade de expressão, e críticas ao Governo Lula e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes pelas investigações do 8 de janeiro.
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Bolsonaro é conhecido por defender a ditadura militar, período durante o qual se impunha censura prévia contra conteúdos que desagradassem o regime e que foi marcado pela instauração do Ato Institucional 5 (AI-5), que resultou no fechamento do Congresso Nacional e das assembleias legislativas dos estados, permitiu cassação de mandatos, instituiu a censura da imprensa e de produções artísticas, e deu, ao presidente, a possibilidade de intervenção nos estados e municípios.
Um dos episódios mais conhecidos aconteceu em novembro de 2016, durante sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, quando Bolsonaro falou sobre o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. “Sou capitão do Exército, conhecia e era amigo do coronel, sou amigo da viúva. (…) o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra recebeu a mais alta comenda do Exército, a Medalha do Pacificador, é um herói brasileiro“, disse
Em 2019, Bolsonaro se referiu ao período como um “probleminha”. “Temos de conhecer a verdade. Não quer dizer que foi uma maravilha, não foi uma maravilha regime nenhum. Qual casamento é uma maravilha? De vez em quando tem um probleminha, é coisa rara um casal não ter um problema, tá certo? […] E onde você viu uma ditadura entregar pra oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então, não houve ditadura“, alegou.
Apoiadores
Débora Menezes e o pai, Coronel Menezes, compartilharam fotos e vídeos na manifestação. A deputada estadual ainda publicou imagens ao lado de Jair Bolsonaro e do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, alvo da “Operação Vigilância Aproximada“, que investiga organização criminosa que teria se instalado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar, ilegalmente, autoridades, jornalistas e políticos.
“Liberdade não se negocia“, disse ela em um registro ao lado de Jair Bolsonaro, vestidos com as cores verde a amarela.
O deputado federal Alberto Neto (PL) também esteve presente na manifestação, onde publicou fotos com o ex-presidente nas redes sociais. Ele divulgou um vídeo do ex-presidente comentando sobre a construção da BR-319. No vídeo, Bolsonaro se refere à ministra do Meio Ambiente e Mudanças do Clima, Marina Silva, como “aquela senhora dita das selvas”.
“Já por aqui com nosso eterno presidente @jairmessiasbolsonaro, prontos para irmos ao encontro dos patriotas na praia de Copacabana, aqui no Rio de Janeiro, para mais um ato pacífico em prol da nossa democracia e liberdade“, disse o deputado federal.
Do Pará, nomes recorrentes na cena bolsonaristas também compareceram à manifestação. O deputado federal Éder Mauro (PL) esteve em Copacabana. Nas redes sociais, divulgou um vídeo ao lado de Felipe Nini, coordenador do “Proarmas”, associação que produz conteúdo sobre armamentos e atua pelo acesso civil às armas de fogo.
Além do deputado federal, o vereador paraense Zezinho Lima, o deputado estadual Rogério Barra, o deputado federal Lenildo Mendes, conhecido como “Delegado Caveira”, e o deputado estadual Toni Cunha, todos do PL, participaram do ato na capital carioca.
Ataques
O ato em apoio a Jair Bolsonaro foi marcado por uma elevação no tom das críticas ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O ex-presidente não citou o nome nem de Moraes nem de Pacheco e optou em seu discurso por exaltar Elon Musk, defender anistia aos condenados pelo 8 de janeiro e retomar a narrativa de que eventual decreto de estado de sítio no País após a derrota na eleição de 2022 não seria um ato golpista.
“Estado de sítio é uma proposta que o presidente pode submeter ao Parlamento“, declarou, negando que ele tenha feito uma minuta de golpe.
Sobre o 8 de janeiro, ele falou em participantes que agiram como terroristas e golpistas. Ainda assim, defendeu anistia para os envolvidos no ataque às sedes dos três Poderes.
“Temos pelo Brasil órfãos de pais vivos“, disse o ex-presidente. “A anistia é algo que sempre existiu na história do Brasil. Ninguém tentou, por meio de armas, tomar o poder em Brasília. Aquelas pessoas estavam com a bandeira verde e amarela nas costas e muitas com uma Bíblia embaixo do braço. Não queiram condenar um número absurdo de pessoas porque alguns erraram invadindo e depredando o patrimônio, como se fossem terroristas, como se fossem golpistas.”
Bolsonaro pediu ainda uma salva de palmas a Musk, que tem atacado Moraes há duas semanas devido ao bloqueio de contas por ordem judicial.
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