Professora perde R$ 15 mil do Fundeb em golpe de falso anúncio na internet; delegado explica atuação de estelionatários

Professora pagou um valor de 15 mil reais ao estelionatário. Foto: Arquivo Pessoal

Malu Dacio – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – “Perdi meu dinheiro, fui enganada, extorquida e humilhada”, é dessa forma que a professora Idina Daiana Rodrigues Barbosa, de 41 anos, definiu seu sentimento após ser vítima de um golpe na internet. Ela transferiu 15 mil reais para uma pessoa que se identificou como Rodrigo e que estaria vendendo um carro.

O crime de extorsão aconteceu no último dia 7 deste mês e a REVISTA CENARIUM teve acesso às conversas com o estelionatário. A professora das redes estadual e municipal de Alvarães começou a trabalhar em 1998, é mãe solteira de duas crianças e atua na educação infantil e séries iniciais.

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“Professor não consegue juntar tanto dinheiro. Não ganhamos tanto. E foi com o abono que recebi do Governo do Amazonas e da Prefeitura de Alvarães que guardei uma parte para comprar um carrinho. Vim de mudança da minha cidade para a capital e comecei a fazer a pesquisa em sites e anúncios, na internet”, conta Daiana.

Ela explica que não teria dinheiro para comprar um carro novo porque estes estariam acima do valor que ela poderia pagar. “O novo está muito caro, nem o seminovo era possível. Procurei carros dos modelos 2012/13, no máximo. Queria pagar à vista e não ficar devendo”, explicou a professora.

O golpe

O anúncio escolhido por Daiana era de um homem identificado como Rodrigo e ele oferecia um GOL G5, 2011, com 11 km rodados. “Pensei que era um carro maravilhoso. Ele ofereceu por R$ 17.500. Vi as fotos e fiquei apaixonada pelo carro”, lembra a vítima.

Rodrigo, no entanto, já estava praticando atos ilícitos porque já tinha clonado o anúncio de uma outra pessoa. “Ele entrou em contato com a moça, dizendo que iria comprar o carro dela à vista, e que ela podia tirar o anúncio do ar, enquanto falava comigo ao mesmo tempo”, afirmou.

Para a segunda vítima, Rodrigo disse que Idina era uma funcionária dele, que faria a vistoria do carro para a compra, tal como o pagamento assim que a professora fizesse a transferência. O dinheiro nunca chegou para a verdadeira dona do carro e Idina se viu em um golpe.

“Eu fui lá no local, vi o carro da verdadeira dona como se eu tivesse fechando o acordo com o Rodrigo. Hoje, eu sei que ele me enganou pelas mensagens, pelo telefone e enganou ela também”, lamenta a professora.

Em um aplicativo de mensagem, o golpista solicitou a transferência de 15 mil reais e informou que se resolveria com a outra dona, no caso a segunda vítima. Ela fez a transferência e, após o ato, viu que a conta era de uma agência na cidade de Cuiabá. Foi quando se deu conta que foi vítima de um golpe.

O golpista se identificou como Rodrigo Foto: Reprodução

Daiana disse que foi orientada de que muito possivelmente a imagem que Rodrigo usou para ela e para a outra vítima não é da pessoa que executou o golpe. O estelionatário usou o nome de 3 mulheres para receber os pagamentos. No mesmo dia, a vítima registrou um Boletim de Ocorrência.

Justiça

Consternada, a professora disse que não vai procurar a Justiça porque já está sentindo o peso do julgamento das pessoas. “Perdi meu dinheiro, fui enganada, extorquida e humilhada. Andar em delegacias e ver as pessoas rirem da situação, mesmo que sem querer, é muito triste”, lamentou Daiana.

Ela conta que apesar da vergonha e da situação desconfortável, acredita que é necessário divulgar e alertar para que outras pessoas não passem pela mesma situação da qual ela passou. “O rico fica cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre. Alguém tem que agir. Foi uma transferência para bancos iguais, que poderiam ter feito algo. Eles me orientaram a ir à Justiça, mas não sei se vou”, finalizou a professora.

Dicas para fugir dos golpes

O delegado Reinaldo Figueira, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos, explica que as pessoas que realizam esse tipo de golpe devem ser imputados nos crimes de estelionato. “A reclusão pode ser de 4 a 8 anos de prisão. Basicamente, a gente já tem o estelionato. Pode ocorrer de ter um crime de falsa identidade, dependendo da situação. Geralmente, são esses tipos de crime registrados”, disse Reinaldo.

A pessoa que sofre esse tipo de crime pode procurar a delegacia de crimes cibernéticos para obter mais orientações por meio da delegacia e da Polícia Civil do Estado. “Ela (a vítima) precisa ir à delegacia de crimes cibernéticos, caso ela não saiba de quem é a autoria do crime”, explica o delegado.

“Nós trabalhamos com autoria desconhecida. A busca é de identificar quem é aquela pessoa por trás da situação. Sempre trabalhamos para buscar a autoria desconhecida, tornando-a conhecida, para poder enquadrá-la na forma da lei”, disse Reinaldo.

 Delegado Reinaldo Figueira, titular da DERCC Foto: Mayara Viana/PC-AM 

“Apesar de usarem o DDD 92, muitas dessas pessoas não são daqui do Amazonas. Temos registro do Maranhão, São Paulo, Goiânia e outros. Então, cria-se uma certa dificuldade, mas, geralmente, conseguimos um resultado positivo”, finalizou o delegado.

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