Professores protestam contra secretário de Educação do Pará: ‘Fora, Rossieli’

Protesto foi realizado na quarta-feira, 23, durante evento realizado pelo MEC (Reprodução)
Daleth Oliveira – Da Revista Cenarium Amazônia

BELÉM (PA) – Durante a abertura do Ciclo de Seminários “Programa Escola em Tempo Integral: Princípios para a Política de Educação Integral em Tempo Integral”, evento realizado pelo Ministério da Educação (MEC) em Belém (PA), na última quarta-feira, 23, professores da rede estadual de ensino protestaram contra a gestão do secretário da pasta no Estado, Rossieli Soares.

Professores ergueram cartazes com ‘Fora, Rossieli’, entre outros (Reprodução)

O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Estado do Pará (Sintepp), Beto Andrade, conta que os educadores não foram convidados ao debate, causando revolta na classe.

Esse é um tema de interesse de nós, professores, e como falar do assunto sem nossa participação? Um auditório cheio, mas cheio de pessoas do ministério, do governo estadual, pois sequer fomos avisados da programação. E o projeto da escola em tempo integral é muito desafiador. Queremos lembrar que é impossível falar disso sem falar também das condições de trabalho, estrutura das escolas, remuneração e demais elementos que impactam os professores diretamente”, conta o sindicalista.

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Mas a revolta dos professores não é recente. Ele conta que a classe estava se mobilizando contra a obrigatoriedade de permanência dos professores nas escolas da modalidade por 8 horas, diariamente, impedindo os profissionais de trabalharem em outras instituições.

“Esse foi o estopim. Eles ignoram que 90% dos professores da rede estadual também trabalham em outras redes, até particular. Isso é para complementar a renda. Se quer dedicação exclusiva, os professores precisam ser remunerados por isso”, diz Andrade.

Sintepp acusa secretário de assédio

“Queremos um basta nesse assédio institucional cometido pelo secretário. A cobrança que sua gestão impõe sobre nós é absurda. Querem resultados, implementações de projetos, querem dedicação exclusiva, sem nenhum investimento na rede de ensino. A exemplo das escolas de tempo integral, como querem que o projeto cresça sendo que as escolas não têm sequer alimentos para os alunos?”, denuncia Beto Andrade.

Na programação desta quarta-feira, 23, o professor Max Melo contou ao público como é trabalhar em uma escola de tempo integral do Pará. Ele dá aula em Castanhal, município do nordeste paraense.

A experiência que temos em Castanhal é muito desestimuladora. Estamos desde 2019 nesta modalidade, somos a primeira e única escola integral da cidade. Mas no mesmo ano de abertura, o almoço dos alunos só foi servido durante seis meses. E pronto, nunca mais teve”, relatou Melo.

O Sintepp também reivindica maior participação dos professores nas tomadas de decisões que impactam a classe, diz Andrade.

Com Rossieli impera a falta de diálogo com a categoria. Por exemplo, o governo implementou sábados letivos sem dialogar conosco. Também foi criado um programa de reforço escolar aos sábados, impondo que os coordenadores pedagógicos estejam presentes, sem uma regulamentação que permita que eles sejam remunerados por isso adequadamente”, finaliza.

Seduc não se manifestou

Procurada pela reportagem da Revista Cenarium Amazônia, a Seduc não se manifestou sobre o ocorrido, nem sobre as acusações do sindicato.

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Editado por Pricila de Assis
Revisado por Adriana Gonzaga
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