Projeto ‘SUS na Floresta’ entra em fase de ajustes para atender comunidades amazônicas

A pandemia da Covid-19 expôs a fragilidade do sistema de saúde pública na Amazônia (Divulgação/FAS)

Da Revista Cenarium *

MANAUS – A crise causada pela pandemia do novo Coronavírus expôs as dificuldades que indígenas e ribeirinhos têm para acessar o Sistema Único de Saúde (SUS), que por conta do rápido avanço da doença no interior do Amazonas, garantir medicamentos e equipamentos médicos, bem como materiais de higiene gerou um grande desafio.

Ajustar um sistema que não está acostumado a realidade amazônica é um dos desafios do ‘SUS na Floresta’ (Divulgação/FAS)

Pensando nessa realidade, a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) por meio do “Todos pela Saúde”, iniciativa lançada pelo Itaú Unibanco para enfrentar a Covid-19 e seus efeitos sobre a sociedade brasileira, está articulando a criação do projeto “SUS na Floresta” com o objetivo de repensar o modelo de atenção básica de saúde na Amazônia.

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O superintendente geral da FAS, Virgilio Viana, explicou sobre a iniciativa. “Vamos analisar, debater e propor ajustes no SUS para melhor adequá-lo a realidade da Amazônia profunda. Queremos fortalecer e aprimorar o SUS para o contexto específico das comunidades e aldeias amazônicas”, explicou.

Ajuste necessário

O projeto surgiu dentro da Aliança de Povos Indígenas e Populações Tradicionais e Organizações Parceiras do Amazonas, para o Enfrentamento do novo Coronavírus, ambas iniciativas coordenada pela FAS, em conjunto com 89 instituições e prefeituras para combater a pandemia no interior do Estado.

Foi a partir do trabalho feito pela Aliança em comunidades remotas que se constatou a necessidade de ajustar o SUS à realidade amazônica. “A principal característica da região é o isolamento. E disso, decorrem as dificuldades de transporte, logística e comunicação. As comunidades mais distantes com as quais a FAS trabalha ficam a mais de 15 dias de viagem de barco de Manaus”, observou Viana.

Levar saúde a quem precisa e está distante dos arranjos urbanos é parte do projeto criado pela FAS em parceria com o Itaú (Reprodução/Divulgação-FAS)

A superintendente de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Empreendedorismo do Itaú Unibanco, Luciana Nicola, defende a expansão do proejto.“Este é mais um importante auxílio do ‘Todos pela Saúde’ à sociedade. Desta vez, especificamente aos povos indígenas e ribeirinhos da Amazônia. A região foi bastante afetada pela pandemia e entendemos como prioritário o aporte para benefícios de infraestrutura e de saúde”, constatou.

Eixos de atuação

De acordo com o analista técnico do Comitê de Planejamento da Aliança Covid Amazonas, Luiz Castro, o “SUS na Floresta” atuará em quatro eixos: diagnóstico e atenção básica na saúde em comunidades e aldeias; transporte de emergência para hospitais estaduais; tratamento nos municípios no interior; e retomada pós-calamidade Covid-19.

Cada eixo se desdobrará em quatro componentes fundamentais: instalação dos polos de telemedicina e formação de agentes de saúde; transporte de emergência de comunidades a hospitais estaduais; melhorias e aquisições de equipamentos para hospitais municipais; e proposição de políticas públicas de saúde.

O projeto envolve diversas fases e a primeira é uma análise científica e avaliação participativa do sistema de saúde voltada para as populações indígenas e ribeirinhas.

“É uma fase diagnóstica, onde vamos trabalhar com profissionais de saúde que têm experiência na área da saúde pública na Amazônia, secretarias de saúde municipais, Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), conselhos municipais, associações e técnicos que atuam nessas áreas remotas”, elencou Luiz Castro.

“Esse trabalho será um diagnóstico de problemas, dificuldades, necessidades e possibilidades para avançar, e remodelar o sistema onde for necessário. A primeira fase será de implementação, com duração de aproximadamente três meses”, adiantou. “O ‘SUS na Floresta’ já se encontra em fase de pré-diagnóstico”, assegurou.

Um dos eixos do programa é capacitar mão de obra nas comunidades ribeirinhas e com isso ter agentes prontos a prestar os primeiros atendimentos aos comunitários (Reprodução/Divulgação-FAS)

Expertise

Para estruturar a atuação do “SUS na Floresta”, a FAS abordará a experiência e o trabalho que realiza há mais de 12 anos, em sete Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e 581 comunidades do interior. Entre as atividades previstas dentro do “SUS na Floresta”, destaque para a formação de agentes de saúde e outros profissionais; instalação de pontos de internet em comunidades; aquisição e reforma de ambulanchas; combustível para transporte emergencial.

Também consta a adequação das alas hospitalares para pacientes indígenas; aquisição de equipamentos hospitalares; melhoria das políticas públicas de atenção básica em saúde para comunidades remotas; e adaptação e fortalecimento do SUS para a realidade das comunidades remotas.

Além do R$ 1 bilhão doado pelo Itaú Unibanco, o ‘Todos pela Saúde’ já recebeu mais R$ 238 milhões de pessoas e empresas. As orientações sobre o movimento e como contribuir estão em todospelasaude.org.

(*) Com informações da FAS

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