‘Quem fizer errado será convidado a deixar o governo’, afirma Lula em primeira reunião ministerial

Lula faz primeira reunião com seus 37 ministros (Pedro Ladeira-6.jan.23/Folhapress)

Da Revista Cenarium*

MANAUS – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 6, que ministros que tiverem alguma ação ilícita serão demitidos do governo.

“Quem fizer errado sabe que tem só um jeito: a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo. E se cometer algo grave a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça”, afirmou.

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A declaração ocorre no momento em que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), provoca um desgaste político nesse início de governo. Ela tem sido defendida pela equipe de Lula após as revelações de que mantém elo político com aos menos três acusados de chefiar milícias no Rio.

Lula deu a declaração na abertura da primeira reunião ministerial, que ocorre na manhã desta sexta no Palácio do Planalto.

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Lula faz primeira reunião com seus 37 ministros – Pedro Ladeira-6.jan.23/Folhapress

Daniela foi nomeada ministra como uma forma de contemplar a União Brasil e ampliar a presença feminina na montagem do governo.

Também foi uma retribuição pelo empenho dela e do marido na campanha do segundo turno em favor do presidente Lula. O casal foi uma das poucas lideranças a apoiar abertamente o petista na Baixada Fluminense.

Daniela foi reeleita deputada federal como a mais votada no Rio de Janeiro. Como a Folha mostrou em outubro, a campanha dela foi marcada pelo apoio irregular de oficiais da Polícia Militar e pelo ambiente hostil e armado contra adversários políticos de sua base eleitoral.

Essa é a primeira reunião ministerial de Lula. De acordo com integrantes do primeiro escalão, o objetivo do encontro é alinhar as ações do governo e deixar claro que anúncios devem ter aval do Planalto.

A ideia é que o presidente faça um alinhamento da gestão e comunicação, além de discutir as primeiras medidas a serem encampadas no início do governo.

O convite foi enviado para os 37 titulares das pastas. Também deverão participar os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT), no Senado, Jacques Wagner (PT), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede).

Lula também voltou a fazer um discurso dúbio em relação às disputas políticas. Ao mesmo tempo que pregou união, fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo ele, boa parte das mais de 700 mil mortes da pandemia da Covid-19 ocorreram devido ao “desleixo” da antiga gestão. Além disso, também afirmou que é “imensurável” quanto Bolsonaro gastou para tentar se reeleger no pleito do ano passado.

O presidente também afirmou aos seus ministros que é preciso manter uma “boa relação com o Congresso Nacional” e que eles “têm a obrigação de manter a mais harmônica relação com o Congresso”.

“É preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda, nós não mandamos no Congresso, nós dependemos do Congresso. E, por isso, cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado, cada senador que o buscar.”

“Não tem importância que você divirja de um deputado ou senador. Quando a gente vai conversar, a gente não está propondo um casamento, estamos propondo aprovar uma tese ou fazer uma aliança momentânea em torno de algum assunto que interessa ao povo brasileiro”, disse Lula.

O petista disse ainda que fará quantas conversas forem necessárias com lideranças, partidos políticos e os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira. “Não tem veto ideológico para conversar e não tem assunto proibido em se tratando de coisas boas para o povo brasileiro”, afirmou o presidente.

Lula elogiou a classe política e disse que pretende montar o governo com escolhas técnicas, mas que não se pode deixar de observar a questão política.

“Muitos de vocês são resultados de acordos políticos, porque não adianta a gente ter o governo tecnicamente mais formado em Harvard possível e não ter um voto na Câmara dos Deputados e não ter um voto no Senado. é preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda, nós não mandamos no Congresso, nós dependemos do Congresso”, disse.

Ele também pediu a seus ministros que deem o máximo de atenção possível a parlamentares e que todos devem ser bem tratados nos ministérios.

O chefe do Executivo afirmou que não quer ouvir relatos de deputados e senadores que foram apresentar demandas nas pastas e levaram horas para serem recebidos.

O vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), também usou a palavra e aproveitou a oportunidade para criticar Bolsonaro. Ele disse que, em quase 50 anos de vida pública, nunca viu um político usar tanto a máquina pública para tentar se reeleger.

Após o discurso dos dois, a reunião foi fechada para a imprensa.

(*) Com informações da Folhapress

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