Reunião de Lula e FHC gera incômodo no PSDB e tem crítica de presidente do partido

O presidente do partido, Bruno Araújo, criticou a reunião e disse que é preciso evitar passar sinais trocados aos eleitores do partido (Jorge William/Agência O Globo)

Com informações do O Globo

SÃO PAULO – O encontro entre os ex-presidentes da República Fernando Henrique Cardoso e Lula ocorrido no último dia 12, em São Paulo, causou mal-estar no PSDB. O presidente do partido, Bruno Araújo, criticou a reunião e disse que é preciso evitar passar sinais trocados aos eleitores do partido.

A avaliação de Araújo é de que o encontro não faz bem a um potencial candidato do PSDB em 2022. Outros tucanos, como o deputado Aécio Neves e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, defenderam o direito de FHC a se reunir com quem quiser, mas reforçaram que o partido deve continuar a busca por um nome de centro para concorrer em 2022. 

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“Esse encontro ajuda a derrotar Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB. Nossa característica é saber dialogar, inclusive com adversários políticos. De toda forma, precisamos evitar sinais trocados aos nossos eleitores. O partido segue firme na construção de uma candidatura distante dos extremos que se estabeleceram na democracia brasileira”, diz o presidente do PSDB, em nota.

O dirigente tucano ainda lembrou as críticas que os petistas faziam ao Governo Fernando Henrique e sugeriu que Lula foi ao encontro motivado por interesses eleitorais:

“Depois de o petismo rotular o seu governo de ‘herança maldita’, parece mais que estão em busca de votos do que um reconhecimento da gestão de FHC”, completou.

Em resposta a um descontentamento da cúpula do PSDB, Fernando Henrique se pronunciou nesta manhã, por meio de sua conta oficial no Twitter e reafirmou apoio ao candidato do partido nas eleições presidenciais de 2022.

“Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula”, disse FHC nas redes sociais.

Outros tucanos comentaram o encontro entre Lula e FH nesta sexta-feira. Aécio Neves reagiu a quem acredita que o encontro significa uma união entre os dois partidos: “Lula nunca foi, e não acredito que será, uma opção para o PSDB”, disse, por meio de nota. Segundo ele, FHC tem “o direito de almoçar, jantar e tomar seu vinhosinho com quem ele escolher”. Quanto à questão política, diz Aécio, “o PSDB deve continuar a busca de uma candidatura ao centro, e há sinais claros de que, além dos nomes colocados até aqui, o senador Tasso começa a considerar realmente uma candidatura”, declarou.

Possível candidato à Presidência em 2022, o governador Eduardo Leite afirmou, em sua conta no Twitter, que é “natural que dois ex-presidentes possam conversar sobre política”. “Conversar com todos é premissa de quem deseja o fim do ‘nós contra eles’. Mas eu não aceito que o Brasil ande pra trás. Confio que FH também não”, escreveu o gaúcho.

Presidente do diretório estadual do PSDB e próximo ao governador João Doria, outro possível candidato do partido, o secretário estadual Marcos Vinholi disse que, numa democracia, adversários devem dialogar. Segundo ele, porém, os Governos Lula representaram “retrocesso”. “Sem contornos eleitorais para o PSDB, sem sinais trocados. A clareza de que o PSDB trabalha alternativa que seja capaz de liderar o País, frontalmente contrário aos retrocessos Lula / Bolsonaro”, escreveu nas redes sociais.

O prefeito de São Bernardo do Campo e integrante da executiva nacional do PSDB, Orlando Morando, diz que Fernando Henrique se move pela vaidade ao se encontrar com Lula:

“A vaidade do Fernando Henrique está superando a sua intelectualidade. Ao se aproximar com gestos terríveis do ex-presidente Lula deixa claro que não quer ver um outro tucano no lugar que ocupou enquanto esteja na Terra”, disse Morando.

Integrante da velha guarda do partido, o ex-senador Aloysio Nunes, por outro lado, apoiou o ex-presidente e considera que o encontro era uma necessidade diante da ameaça da extrema-direita bolsonarista.

“Os maiores líderes das duas vertentes da social-democracia no Brasil não teriam o direito de ficar emburrados cada um no seu canto, remoendo antigas mágoas diante a ameaça da extrema-direita bolsonarista. Não vejo nesse encontro uma operação eleitoral de curto prazo, nem expressão de mera civilidade, mas uma exigência civilizatória face à barbarie.

Fernando Henrique é presidente de honra do PSDB. Em entrevistas, no entanto, ele já havia citado a possibilidade de apoiar Lula num eventual segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro. FHC também vinha mostrando pouco entusiasmo pelos dois principais nomes que almejam o posto de candidato à Presidência da República em 2022: os governadores João Doria, de São Paulo, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul.

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