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Relatório aponta 62 ataques a jornalistas na Amazônia desde as mortes de Bruno e Dom
Alessandra Sampaio, viúva do jornalista Dom Phillips, durante ato no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira, 5, para marcar um ano da morte do britânico e de Bruno Pereira (Eduardo Anizelli/Folhapress)
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05 de junho de 2023
Da Revista Cenarium*
SÃO PAULO – Associações de jornalismo e organizações de defesa da liberdade de imprensa se reuniram na sede do Instituto Vladimir Herzog nesta segunda-feira, 5, data que marca um ano das mortes do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips para cobrar políticas efetivas de proteção de jornalistas e defensores de direitos humanos.
Dados preliminares da organização “Repórteres Sem Fronteiras” mostram que, desde os assassinatos, em 5 de junho do ano passado, até maio deste ano, foram registrados 62 casos de ataques contra jornalistas na Amazônia.
As vítimas se dividem entre 40 homens, 18 mulheres e quatro equipes. Em 13 casos, houve agressão física. As informações fazem parte do Observatório de Violações da Liberdade de Imprensa na Amazônia.
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Os ataques incluem cinco ameaças de morte, três atentados a sedes de veículos e quatro processos judiciais abusivos com decisões arbitrárias contra jornalistas.
“O perfil dos autores é de manifestantes de extrema-direita. As agressões aconteceram na Amazônia Legal e envolvem políticos, crime organizado, empresas de mineração, garimpo e até turismo”, afirmou Artur Romeu da “Repórteres Sem Fronteiras”.
Bruno e Dom
Sobre o caso Bruno e Dom, a Justiça Federal no Amazonas conduz as últimas audiências para decidir se eles serão levados a júri popular.
“Não sabemos onde será o júri. Há discussão de levar o foro para Manaus para fazer esse julgamento, porque estamos num momento de muita insegurança”, afirmou Kátia Brasil, fundadora da agência Amazônia Real.
“Queria lembrar, por exemplo, que o júri de Dorothy Stang não foi em Anapu [PA], foi em Belém. É importante nos atentarmos a esses fatores porque não é possível fazer esse julgamento em Tabatinga.”
O processo voltou à fase de oitivas, medida considerada uma vitória da defesa.
“Além disso, não vimos, ainda, uma linha de investigação sobre os motivos para a morte de Dom Phillips”, acrescentou Charlene Nagae, do Instituto Tornavoz.
Uma das críticas foi a demora do Brasil em prestar esclarecimentos sobre o caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
“De 26 de fevereiro até agora, o governo brasileiro não prestou sequer uma informação à Corte em relação à situação no Vale do Javari”, afirmou Raquel da Cruz Lima, da organização Artigo 19, sobre determinação para que o Brasil criasse um mecanismo de proteção a 11 pessoas ameaçadas no Vale do Javari. “Desde fevereiro, o que o governo fez foi pedir a prorrogação do prazo”, acrescentou.
De acordo com Rodrigo Portella, do Observatório do Ministério da Justiça e Segurança Pública, a pasta pretende lançar um portal de denúncias de agressões e crimes contra profissionais da imprensa.
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