Ricardo Salles pediu demissão após saber que STF pediria prisão

O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Marcos Corrêa/Presidência da República)
Com informações do Estadão

BRASÍLIA – Alvo de inquérito que investia um esquema ilegal de retirada e venda de madeira, Ricardo Salles decidiu deixar o Ministério do Meio Ambiente quando soube, na terça-feira passada, 22, que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pediria sua prisão. Ao tomar conhecimento da informação por meio de um colega, Salles viu que sua permanência no governo era insustentável.

Na conversa com o presidente Jair Bolsonaro, na quarta-feira, 23, um dia depois de ser informado sobre o risco de prisão, o ainda ministro agradeceu a confiança, mas disse que não tinha mais como continuar na equipe. Bolsonaro pediu, porém, que ele ficasse e enfrentasse o Supremo. Segundo o Estadão apurou, Salles respondeu que, além de levar a crise para o centro do governo, temia pela segurança da mãe, também investigada.

A Polícia Federal apura operações financeiras de Salles, tendo como base o escritório de advocacia do qual ele é sócio com a mãe, em São Paulo. O inquérito foi autorizado pelo Supremo, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A suspeita é de que Salles atuava no cargo para favorecer madeireiros que desmatam a Amazônia, abrindo caminho para o contrabando de madeira ilegal. Ele nega irregularidades.

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O pedido de prisão teria como fundamento suspeitas de que Salles estaria atuando para prejudicar as investigações. Ao pedir demissão, Salles esvaziou essa justificativa, uma vez que não tem mais poder algum na pasta. Além disso, o processo pode deixar o Supremo. O ministro Alexandre de Moraes analisa se existe mais algum investigado com prerrogativa de foro para manter o caso sob sua relatoria. Caso contrário, a investigação terá que ser enviada para a Justiça Federal do Distrito Federal ou do Amazonas. Nesta sexta-feira, a ministra Cármen Lúcia, relatora de um outro inquérito contra Salles, determinou que o ex-ministro entregue seu passaporte à Polícia Federal para não deixar o País.

A demissão do ministro do Meio Ambiente foi anunciada no mesmo dia em que as suspeitas sobre um esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin chegaram a Bolsonaro. Em depoimento à CPI da Pandemia, nessa sexta-feira, 25, o deputado Luís Miranda (DEM-DF) e seu irmão Luís Fernando Fernandes Miranda, afirmaram ter alertado o presidente sobre irregularidades na aquisição da Covaxin.

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