Salário mínimo ideal deveria ter sido de quase R$ 6 mil em janeiro, indica Dieese

Pessoa conta cédulas de moeda real. (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O salário mínimo do trabalhador brasileiro aumentou para R$ 1.212 em 1º de janeiro deste ano, porém, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou, nessa segunda-feira, 7, que o valor deveria ser de R$ 5.997,14, em janeiro, para uma família de dois adultos e duas crianças.

Ainda conforme o Dieese, o reajuste do salário mínimo de R$ 1.100, em 2021, para o valor atual não representou aumento real no orçamento do brasileiro devido à inflação registrada no País. “O valor resulta do acréscimo de 10,16% – inflação de 2021 medida pelo INPC/IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre os R$ 1.100, em vigor durante o ano passado, arredondado para cima (o que corresponde a 10,18%) – rigorosamente, o valor seria de R$ 1.211,73. Mais uma vez, o piso nacional fica sem aumento real”, disse o departamento.

Baseado no valor do salário mínimo, e levando em consideração que a cesta básica mais cara do País, em janeiro deste ano, foi registrada em São Paulo — de R$ 713,86, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Dieese — isso equivale dizer que a cesta básica consome 58% da renda de uma família que precise sobreviver com os R$ 1.212. A única capital da Amazônia pesquisada pelo Dieese foi Belém (PA), onde a cesta básica chegou a R$ 563,97, comprometendo 46% do salário mínimo.

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Sobrevivência

A sobrevivência com um salário mínimo, ou até menos que isso, é realidade de pessoas como Cleidimara Souza, de 40 anos. A auxiliar de serviços gerais recebe o salário bruto de R$ 1.150 e ainda o Auxílio Brasil de R$ 400, mas, sustentando o marido e dois filhos, de 10 e 8 anos, e vivendo de aluguel, a renda garante só o essencial.

O aluguel da família custa R$ 350 e a alimentação mensal supera os R$ 400, estima ela. Junto a outras despesas que surgem, no fim do mês sobram poucas reservas financeiras. “As crianças estudam em colégio público, eu pagava reforço, mas era R$ 100 por cada e não consegui continuar. A única coisa que não consigo comprar para eles é fruta, está tudo muito caro. Eles gostam de laranja, uva e maçã, mas, às vezes, não consigo nem comprar”, explica ela.

Considerando que o salário mínimo ideal seria de quase R$ 6 mil, Cleidimara ainda contou à CENARIUM sobre o que sonharia fazer com o valor. “Em primeiro lugar, ia comprar uma casa para sair do aluguel e também comprava mais comida saudável para meus filhos. Não dá nem para comprar peixe, porque está mais caro que frango e carne. E esse valor mudaria minha vida, principalmente de todas as mães. Às vezes, a gente come só arroz com macarrão, feijão, sem carne”, planeja ela, ainda falando sobre o possível futuro.

“Se eu tivesse esse dinheiro, eu pagava o INSS para poder me aposentar e ajeitava meus dentes, arrumava o cabelo, comprava roupa para mim, cuidaria mais da minha aparência. Hoje, para fazer o cabelo é R$ 200, eu não vou tirar comida dos meus filhos né”, completa ela.

Itens da cesta básica

O Dieese atualizou a metodologia da Cesta Básica de Alimentos, a partir de janeiro de 2009. Os produtos da Cesta Básica e suas respectivas quantidades mensais são diferentes por regiões e foram definidos pelo Decreto 399 de 1938, que continua em vigor.

Na tabela, a “Região 1” abrange os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal. “Região 2” engloba os Estados de Pernambuco, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Amazonas, Pará, Piauí, Tocantins, Acre, Paraíba, Rondônia, Amapá, Roraima e Maranhão e a “Região 3” é formada por Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Por fim, o “Nacional” considera a cesta normal média para a massa trabalhadora em atividades diversas e para todo o território nacional.

Itens e respectivas quantidades encontram-se na tabela abaixo:

Itens da cesta básica e as respectivas quantidades, por região (Reprodução/ Dieese)

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