Seca no Amazonas afeta navegação e abastecimento; 17 municípios estão em situação de atenção

Seca torna a navegação mais perigosa nos rios do Amazonas (Raphael Alves/EFE)
Com informações do Estadão

MANAUS – Em uma região conhecida por seus extremos, o Amazonas sofre, atualmente, com uma das maiores vazantes de rios, um ano após registrar a maior cheia do Rio Negro, em junho do ano passado, quando a orla de Manaus alcançou a marca de 29,75 metros. Nesta sexta-feira, o índice estava em 13,56 metros. Segundo o Governo do Estado, 17 municípios estão em situação de atenção e outros 34 estão em estado de alerta, de um total de 62 cidades.

A situação afeta o dia a dia da população da capital e também do interior do Amazonas, já que atinge a navegação e, consequentemente, o abastecimento do comércio, e ainda preocupa quem depende do turismo na Região Amazônica. “Nosso turismo continua em alta, mas tivemos algumas mudanças em nosso roteiro por causa da dificuldade ocasionada pela vazante do rio para deslocamento”, afirmou Satia Eiprel Villalba, guia turística em Manaus.

Condutor de embarcação de transporte há mais de seis anos, Renato Alan Melo Bastos, de 36 anos, faz viagens de Manaus até o município de Japurá (distante 743,95 quilômetros a leste da capital), nas margens do Rio Solimões. “Estamos em um momento crítico da vazante dos rios e o maior risco são os bancos de areia. Este é um dos principais motivos de acidentes, quando menos se espera aparecem “praias” no meio da água. Tenho dez anos de experiência, mas, ainda assim, é importante usar o medidor de profundidade”, afirmou.

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O Lago do Aleixo, no bairro Colônia Antônio Aleixo, em Manaus, foi afetado pela seca no Estado do Amazonas (Raphael Alves/EFE)

Tendência de alta

Segundo o geógrafo e ambientalista Carlos Durigan, diretor da Wildlife Conservation Society (WCS Brasil), a vazante dos rios do Amazonas é influenciada pela falta de chuvas na região. “Faz parte da cultura amazônica usarmos rios para vários fins, como acesso a regiões com uso de embarcações. E também é dos rios que saem a principal fonte de proteína animal que são os peixes, então, temos, agora, um período de dificuldade de acesso a diversas regiões”, disse. Mas, como o período de chuvas começa em novembro, a tendência, segundo ele, é de cheia dos rios até o fim do ano.

No último dia 21, o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) publicou o Boletim de Monitoramento Hidrometeorológico da Amazônia Ocidental em que alerta que o Rio Negro está em processo regular de vazante. “Em todas as estações, os níveis estão próximos ao limite inferior da faixa de normalidade. Em Manaus, o rio apresenta uma velocidade média de descida da ordem de 19cm por dia. Com velocidade de descida acima da esperada para o período, os níveis apresentados estão tendendo para os limites inferiores da zona de normalidade”, diz o texto.

Expectativa é que as chuvas voltem no mês de novembro, na região, segundo o diretor da Wildlife Conservation Society (Raphael Alves/EFE)

Quanto ao Solimões, o documento afirma que, “em Tabatinga, o nível do rio subiu alguns centímetros nas últimas semanas, ainda apresentando níveis abaixo dos esperados para o período, e em Itapéua, o nível do rio apresentou uma pequena subida da ordem de alguns centímetros nos últimos dois dias”. “O comportamento em ambas as estações indica um possível fim do processo de vazante nesses locais. Em Manacapuru, o rio segue em processo de vazante, apresentando uma redução da ordem de, em média, 16cm, por dia, na última semana”, diz ainda.

Prestes a embarcar nesta sexta-feira, 28, o analista de planejamento Kemersom Silva Cunha afirmou que é preciso ter muito cuidado nessa época. “Tem problemas de encalhe de embarcações”, disse.

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