Sem apresentar provas, Damares afirma que crianças são traficadas na Ilha do Marajó

A ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Reprodução/Twitter)
Com informações do Infoglobo

RIO DE JANEIRO – A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou, durante culto neste sábado, 8, na igreja evangélica Assembleia de Deus – Ministério Fama, em Goiânia (GO), que crianças na Ilha do Marajó (PA) são traficadas e têm seus dentes “arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral”, além de só comerem “comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”. As declarações, registradas em vídeo, foram compartilhadas pelo deputado federal Mario Frias (PL-SP) nas redes sociais. Nas imagens, Damares relata, sem apresentar provas, os abusos descobertos, segundo ela, “abrindo as gavetas do Ministério” que comandava, o da Mulher, Família e Direitos Humanos.

A publicação compartilhada por Frias nesta segunda-feira, 10, já chega a 60 mil curtidas e mais de 2,6 mil comentários. Na legenda, o parlamentar diz que “é contra isso que estamos lutando!”. O texto vai na linha do que diz Damares em sua fala: segundo ela, é o presidente quem decidiu tomar a iniciativa para combater os abusos.

“Sobre a Ilha do Marajó, todo mundo pergunta: por que Bolsonaro está fazendo o maior programa de desenvolvimento regional na Ilha do Marajó? Porque ele tem uma compreensão espiritual que vocês não têm nem ideia. Fomos para a Ilha do Marajó e lá nós descobrimos que nossas crianças estavam sendo traficadas por lá. Marajó faz fronteira com o mundo, Suriname, Guiana. Vou contar uma coisa para vocês que agora posso falar: nós temos imagens de crianças brasileiras com 4 anos, 3 anos que quando cruzam as fronteiras são sequestradas”, diz Damares.

PUBLICIDADE

Ainda segundo a senadora eleita, Bolsonaro teria sido alvo de ataques por combater abuso sexual contra as crianças:

“Os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral. Essa nação que a gente ainda tem, irmãos. Nós descobrimos que essas crianças, elas comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal. Bolsonaro disse: ‘Nós vamos atrás de todas elas, e o inferno se levantou contra esse homem. A guerra contra Bolsonaro, que a imprensa levantou, que o Supremo levantou, que o Congresso levantou, acreditem, não é uma guerra política. É uma guerra espiritual — completou a ex-ministra, sem apresentar indícios para as declarações.

O discurso foi repetido em seguida pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, que afirmou que a disputa eleitoral do Brasil, em 2022, é uma “guerra espiritual”. Michelle também disse que, apesar de o marido, o presidente Jair Bolsonaro, ser católico, ela, como serva de Deus, tem consciência do mundo espiritual:

“Aí entende que não é uma guerra política, como foi bem colocado aqui, é uma guerra espiritual, onde a gente luta contra a luz das trevas, contra o mal que quer ser instalado no nosso País. E a gente vê como o inimigo é sujo, é astuto, agindo dentro da casa do Senhor”, afirmou Michelle durante culto.

Nas redes sociais, a declaração repercutiu tanto entre bolsonaristas quanto com políticos de oposição ao presidente. Nos comentários da publicação de Frias, a atriz Myrian Rios disse ter ficado “chocada” com o depoimento.

“A gente não tem noção da violência que as crianças, jovens e idosos sofrem no Brasil e no mundo inteiro”, disse.

Já a deputada estadual Mônica Francisco (PSOL-RJ) classificou como “grotesca” a declaração de Damares. Segundo ela, a ex-ministra, se tomou conhecimento dos abusos e não houve denúncia, também deve ser investigada.

“O MP precisa investigar com urgência, porque, se for mentira, é crime e ela precisa responder. Se for verdade, ela é cúmplice, pois nada fez para impedir tais horrores e ainda tem a exposição de crianças à fala tão violenta”, afirmou.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.