Senado aprova em dois turnos PEC que limita decisões individuais do STF

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária (Jonas Pereira/Agência Senado)
Mayara Subtil – Da Revista Cenarium Amazônia

BRASÍLIA (DF) – O Senado aprovou em dois turnos, nesta quarta-feira, 22, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita decisões individuais dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em ambas deliberações, foram 52 votos a favor e 18 contra. Não houve abstenção. Agora, a proposta segue para análise na Câmara dos Deputados. Por se tratar de PEC, eram necessários 49 votos para aprovação.

Na terça-feira, 21, foi votado o chamado calendário especial, medida que dá aval para que esse tipo de matéria seja votada em dois turnos no mesmo dia.

Fachada do palácio do Supremo Tribunal Federal (STF) (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O trâmite configura um sinal verde por parte do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), bem como do chefe da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União-AP), a senadores da oposição que têm meta antiga de aprovar entendimentos que enfraqueçam a Suprema Corte.

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A proposta 8, de 2021, foi anunciada após parlamentares considerarem que o STF vem interferindo em temas que seriam, segundo eles, atribuições do Congresso Nacional. A PEC define que decisões monocráticas não podem barrar a eficácia de uma lei ou norma de repercussão geral aprovada pela Casa Legislativa e sancionada pela Presidência da República, por exemplo.

Presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o líder do governo no Senado Federal, senador Jaques Wagner (PT-BA) durante sessão deliberativa ordinária (Jefferson Rudy/Agência Senado)

Alguns trechos do texto passaram por mudanças. Houve a retirada, por exemplo, de um ponto que limitava o pedido de vistas em julgamentos de ações — sendo que a ex-ministra Rosa Weber já modificou o regimento da Corte para restringir tal dispositivo, que acabava alongando as decisões do STF.

Rodrigo Pacheco declarou que chegou a conversar com o ministro Alexandre de Moraes na terça-feira, 21, e que o magistrado confirmou que “compreende as circunstâncias do Parlamento”. “Não estou dizendo que ele [Alexandre de Moraes] é a favor da PEC. Isso tem que ser indagado a ele, mas, certamente, compreende que a nossa intenção, por mais que eventualmente discorde, é de aprimorar o sistema Judiciário e melhorar a relação entre os Poderes“, disse o presidente do Senado.

Em 2019, o plenário do Senado chegou a rejeitar uma PEC com o mesmo conteúdo. O texto em questão limitava a nove meses (seis meses prorrogáveis por mais três) os pedidos de vista feitos por ministros da Suprema Corte. A proposta precisava de 49 votos para ser aprovada em primeiro turno, mas recebeu 38 votos favoráveis. O texto, então, foi arquivado.

Atualmente, não há limites para pedidos de vista, somente prazo. Cada um dos magistrados do STF, por exemplo, pode pedir vista uma vez. Assim, o julgamento de uma única ação pode ser interrompido várias vezes, prolongando a conclusão da análise pelo plenário. Também não existe limitação sobre decisões individuais em ações que questionam a constitucionalidade de leis.

Leia mais: Senado adia votação de PEC que derruba decisões individuais de ministros do STF
Editado por Jefferson Ramos
Revisdo por Adriana Gonzaga
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