Senador Plínio Valério defende amazonenses presos por atos golpistas
O senador traçou um perfil dos presos e ainda aproveitou para, segundo ele, praticar solidariedade cristã aos que estão sendo injustiçados (Roque de Sá/Agência Senado)
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07 de fevereiro de 2023
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – O senador pelo Amazonas, Plínio Valério (PSDB), usou as redes sociais para comunicar que visitou, nesta terça-feira, 7, os amazonenses presos em Brasília por participarem dos atos terroristas do dia 8 de janeiro. Na ocasião, uma multidão formada por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro avançou e destruiu os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio da Alvorada. Em um vídeo, Plínio diz que está ali não para cumprir o papel de senador, mas, “de um cristão que tem que ser solidário com quem está sendo injustiçado”, declarou.
“Desses cinco homens que conversei e das duas mulheres, nenhuma delas têm perfil de terrorista ou de bandido“, postou Valério, descrevendo os detidos de forma amena. De acordo com a Lei 14.197/2021, do Código Penal Brasileiro, é crime “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático de direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”, com pena de reclusão de quatro a oito anos, além da pena correspondente à violência.
Ainda em postagem, o senador declarou que os amazonenses “Não têm nem passagem pela polícia, e a gente tem que ajudar essas pessoas”, afirmou. Em seguida, o senador faz uma autocrítica: “É um papel de um senador? Não. Mas é o papel de um cristão. De uma pessoa que tem que ser solidário com quem está sendo injustiçado”, salientou.
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Valério informa, ainda, que foi acompanhado de advogados para tentar, de alguma forma, “ver o que faz” pelos prisioneiros. “Já estivemos na Papuda e conversamos com cinco homens do Amazonas e, agora, estamos saindo aqui na Colmeia, onde conversamos com duas senhoras amazonenses presas. Trouxemos advogados e a gente vai ver o que faz pelas nossas conterrâneas“, declarou. Em seguida, ele relata o tratamento: “É o tratamento de cadeia. É o tratamento normal e estão sendo bem tratadas“, observou.
Crítica
O sociólogo e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Marcelo Seráfico criticou a postura do senador. “Primeiro, o senador é um legislador e deveria, antes de mais nada, respeitar as leis e os processos jurídicos que, cumprindo-os, buscam promover a Justiça”, recomendou Seráfico que continuou as observações. “Segundo sua alegada cristandade, não é álibi para a conivência com pessoas que estão sendo acusadas da prática de graves crimes à democracia“, repreendeu.
Marcelo também chamou atenção para as contradições e choques de discurso e prática do senador Plínio Valério, especialmente no que diz respeito aos preceitos de fé, religiosidade e política. “Por fim, o agir investido do cargo, mas alegando motivos religiosos, parece um meio de desrespeito tanto às instituições republicanas democráticas quanto às religiões de matriz cristã”, avaliou.
Solidário
Não é a primeira vez que Plínio Valério se solidariza com a extrema-direita. Ele votou contra a intervenção federal, em Brasília, após os atos terroristas de 8 de janeiro e se solidarizou com os golpistas presos na sede da Academia Nacional de Polícia (ANP):
“Abomino os atos de violência, mas sou contra a perseguição de inocentes que estão sem água e comida”, declarou à época. O senador em primeiro mandato, Plínio Valério (PSDB), tem se notabilizado por uma agenda controversa. Votou contra a PEC da Transição porque, segundo ele: “PT quer nadar em dinheiro”.
Dias antes do quebra-quebra em Brasília, provocado pelos “inocentes”, o parlamentar amazonense foi a público para pedir o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, ele deu uma palavra de força aos extremistas de direita acampados nas portas dos quartéis: “Vocês não podem esmorecer”. E não esmoreceram até destruir as sedes do Supremo, Congresso Nacional e Palácio da Alvorada.
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