Senador Plínio Valério defende amazonenses presos por atos golpistas

O senador traçou um perfil dos presos e ainda aproveitou para, segundo ele, praticar solidariedade cristã aos que estão sendo injustiçados (Roque de Sá/Agência Senado)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – O senador pelo Amazonas, Plínio Valério (PSDB), usou as redes sociais para comunicar que visitou, nesta terça-feira, 7, os amazonenses presos em Brasília por participarem dos atos terroristas do dia 8 de janeiro. Na ocasião, uma multidão formada por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro avançou e destruiu os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e Palácio da Alvorada. Em um vídeo, Plínio diz que está ali não para cumprir o papel de senador, mas, “de um cristão que tem que ser solidário com quem está sendo injustiçado”, declarou.

“Desses cinco homens que conversei e das duas mulheres, nenhuma delas têm perfil de terrorista ou de bandido“, postou Valério, descrevendo os detidos de forma amena. De acordo com a Lei 14.197/2021, do Código Penal Brasileiro, é crime “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático de direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”, com pena de reclusão de quatro a oito anos, além da pena correspondente à violência.

Ainda em postagem, o senador declarou que os amazonenses “Não têm nem passagem pela polícia, e a gente tem que ajudar essas pessoas”, afirmou. Em seguida, o senador faz uma autocrítica: “É um papel de um senador? Não. Mas é o papel de um cristão. De uma pessoa que tem que ser solidário com quem está sendo injustiçado”, salientou.

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Nas redes sociais, Plínio Valério comunicou a visita e as intenções de ajudar, solidariamente, os sete amazonenses detidos na capital federal (Reprodução/Redes Sociais)

Valério informa, ainda, que foi acompanhado de advogados para tentar, de alguma forma, “ver o que faz” pelos prisioneiros. “Já estivemos na Papuda e conversamos com cinco homens do Amazonas e, agora, estamos saindo aqui na Colmeia, onde conversamos com duas senhoras amazonenses presas. Trouxemos advogados e a gente vai ver o que faz pelas nossas conterrâneas“, declarou. Em seguida, ele relata o tratamento: “É o tratamento de cadeia. É o tratamento normal e estão sendo bem tratadas“, observou.

Crítica

O sociólogo e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Marcelo Seráfico criticou a postura do senador. “Primeiro, o senador é um legislador e deveria, antes de mais nada, respeitar as leis e os processos jurídicos que, cumprindo-os, buscam promover a Justiça”, recomendou Seráfico que continuou as observações. “Segundo sua alegada cristandade, não é álibi para a conivência com pessoas que estão sendo acusadas da prática de graves crimes à democracia“, repreendeu.

Marcelo também chamou atenção para as contradições e choques de discurso e prática do senador Plínio Valério, especialmente no que diz respeito aos preceitos de fé, religiosidade e política. “Por fim, o agir investido do cargo, mas alegando motivos religiosos, parece um meio de desrespeito tanto às instituições republicanas democráticas quanto às religiões de matriz cristã”, avaliou.

No vídeo, Plínio Valério comunica que está empenhado junto com os advogados para “ver o que faz” pelos amazonenses presos em Brasília (Reprodução/Redes Sociais)

Solidário

Não é a primeira vez que Plínio Valério se solidariza com a extrema-direita. Ele votou contra a intervenção federal, em Brasília, após os atos terroristas de 8 de janeiro e se solidarizou com os golpistas presos na sede da Academia Nacional de Polícia (ANP): 

“Abomino os atos de violência, mas sou contra a perseguição de inocentes que estão sem água e comida”, declarou à época. O senador em primeiro mandato, Plínio Valério (PSDB), tem se notabilizado por uma agenda controversa. Votou contra a PEC da Transição porque, segundo ele: “PT quer nadar em dinheiro”.

Dias antes do quebra-quebra em Brasília, provocado pelos “inocentes”, o parlamentar amazonense foi a público para pedir o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, ele deu uma palavra de força aos extremistas de direita acampados nas portas dos quartéis: “Vocês não podem esmorecer”. E não esmoreceram até destruir as sedes do Supremo, Congresso Nacional e Palácio da Alvorada.

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