Sob pedidos de socorro, parlamentares acompanham investigações do caso Dom e Bruno e ouvem indígenas de Atalaia do Norte

Parlamentares acompanham o caso Dom e Bruno e ouvem lideranças indígenas sobre as invasões, mortes e ameaças no Vale do Javari (Divulgação)
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – Há exatos 15 dias após os “remanescentes humanos” do jornalista Dominic Mark Phillips e do indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira serem encontrados no Amazonas, onde foram assassinados e jogados em uma vala, um grupo de parlamentares da Câmara e do Senado Federal chegou nesta quinta-feira, 30, ao município de Atalaia do Norte (a 1.136 quilômetros de Manaus) para acompanhar o caso e ouvir lideranças indígenas sobre invasões, mortes e ameaças no Vale do Javari, no interior do Estado.

Veja também: Parlamentares do Congresso definem data de visita ao Vale do Javari, onde Dom e Bruno foram assassinados

Em uma reunião marcada por pedidos de socorro e mais segurança, que aconteceu na sede da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), em Atalaia do Norte, e contou com membros do Ministério Público Federal (MPF), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Supremo Tribunal Federal (STF). A comitiva faz parte das comissões externas do Congresso Nacional criadas para investigar os assassinatos, o aumento da criminalidade e atentados na Região Norte do País.

Lideranças indígenas pediram socorro e mais segurança (Divulgação)

Região localizada na tríplice fronteira, Brasil-Peru-Colômbia, o Vale do Javari fica em Atalaia do Norte e possui a constante presença do narcotráfico e da pesca ilegal que se retroalimentam. De floresta densa e caminhos fluviais perigosos, o território indígena conta com 26 povos, é o segundo maior do País, e o que mais possui, no mundo, povos isolados. A região também lida com o garimpo ilegal e outros crimes que acabam financiando o próprio tráfico de drogas que, pelos rios da Amazônia, se expande a cada dia.

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Para o presidente da Comissão Externa da Câmara, o deputado federal José Ricardo (PT/AM), os responsáveis pela falta de segurança em Atalaia do Norte são os governos federal e estadual. No encontro, o parlamentar lembrou a aprovação do requerimento cobrando por mais segurança para as lideranças indígenas da região.

“Ouvimos muitos relatos, muitas denúncias. Houve muita omissão do poder público. E tudo o que apuramos, aqui, constará no relatório da Comissão”, afirmou o deputado José Ricardo.

Além de José Ricardo, estão em Atalaia do Norte os deputados federais Joenia Wapichana (vice-presidente da Comissão), Vivi Reis (relatora), Erika Kokay, João Daniel e Rodrigo Agostinho. Entre os senadores estão Randolfe Rodrigues (presidente da Comissão Externa do Senado), Fabiano Contarato (vice-presidente), Leila Barros e Eduardo Velloso.

Presença do Estado

Nas redes sociais, a deputada Erika Kokay (PT-BR) publicou um vídeo mostrando a chegada da Comissão na sede da Univaja e destacou que a iniciativa também visa garantir a presença do Estado no combate aos crimes na região.

“Vamos escutar as principais demandas dos indígenas, especialmente, para a proteção dos povos isolados e a continuidade do trabalho que Bruno Pereira estava desenvolvendo”, escreveu a parlamentar em uma publicação no Twitter.

O senador Fabiano Cantarato (PT-ES) também destacou a viagem da comitiva ao interior do Amazonas e comentou, ainda, que os parlamentares em diligência no Vale do Javari cobram rigor na investigação dos assassinatos de Dom Phillips e Bruno Pereira.

“Missão oficial de senadores e deputados federais no Vale do Javari para ouvir indígenas atacados por criminosos e abandonados pelo governo federal. Os parlamentares também cobram rigor na investigação do assassinato brutal de Bruno Pereira e Dom Phillips”, escreveu Contarato no Twitter ao compartilhar uma foto sobre a viagem da comitiva.

Tabatinga

Segundo a assessoria parlamentar do deputado José Ricardo, novas reuniões devem acontecer em Atalaia do Norte e no município vizinho de Tabatinga (a 1.107 quilômetros de Manaus) onde serão ouvidos funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai), vereadores e prefeituras, além de outras lideranças indígenas e a força-tarefa responsável pelas investigações dos assassinatos de Dom e Bruno.

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