‘Um outro mundo’, diz estudante americana sobre modo de vida de ribeirinhos na Amazônia

Estudantes pesquisadores do MIT entraram selva adentro para travar contato com a cultura amazônica e os conhecimentos do povo original Baré da Comunidade de São Sebastião (Ricardo Oliveira/REVISTA CENARIUM)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – “Um outro mundo”. Essa foi a reação da estudante Talia Khan, do Massachusetts Institute Of Technology (MIT), a maior instituição de tecnologia dos Estados Unidos da América (EUA) e uma das maiores do mundo, durante visita à comunidade de São Sebastião, Zona Rural de Manaus. Talia e mais 79 alunos estão no Amazonas para um trabalho de imersão na Amazônia que vai até o dia 31 de março. Até lá, os estudantes passam por uma série de atividades com artistas da região. A troca de informação fortalece o entendimento sobre o papel da Amazônia na luta contra a crise climática.

A iniciativa de vir ao Amazonas partiu do próprio Massachusetts Institute of Technology (MIT), com produção da Iaí Produções e apoio do Governo do Estado do Amazonas e Prefeitura de Manaus. “Viemos para entender a vida na Amazônia”, adiantou Talia. Como não poderia deixar de ser, ela comentou sobre o clima: “É quente e úmido! Mas, a primeira coisa que nós notamos também é o ritmo da vida. Nos EUA, vivemos correndo, com muita coisa para fazer, e aqui o ritmo é outro, é tranquilo e segue o ritmo da natureza”, observou.

Indígenas do povo Baré realizaram o cerimonial de pintura corporal para saudar a chegada dos estudantes pesquisadores do MIT (Ricardo Oliveira/REVISTA CENARIUM)

Para a articuladora e uma das responsáveis pela vinda do grupo ao Amazonas, a estudante Talia, a experiência é única porque apresenta aos estudantes uma visão de mundo a partir dos povos da floresta. “Morei, por motivo de estudos, em Manaus, por seis meses e voltei para os EUA para começar meu doutorado, então, propus fazer essa troca para a gente entender a vida na Amazônia. É uma vida diferente, nós sabemos de tecnologia e engenharia, mas a comunidade sabe da natureza, do clima. Viemos para aprender”, destacou.

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Cacique

Líder do povo Baré que habita a Comunidade de São Sebastião, Pedro Simeão falou sobre a vinda dos estudantes pesquisadores do MIT. “Vejo a troca de conhecimento como algo muito importante. Mostramos nossa cultura, nossa alimentação e isso eu gostaria que eles repassassem ao mundo”, comentou. “Além disso, gostaria que eles mostrassem que nós sabemos conviver com a floresta, que nós não desmatamos, que aqui existem povos que respeitam a cultura dos outros. Que aqui a gente reserva, a gente preserva“, salientou.

O líder indígena comentou, ainda, sobre os conhecimentos que a comunidade vem experimentando em projetos como o implantado pelo Nobre Academia de Robótica. “O projeto robótica que eles viram aqui, mostra como nós ocupamos o tempo das nossas crianças. Outro detalhe é o aprendizado da língua inglesa na escola da comunidade, e tudo o que eles conheceram são os nossos ganhos, e que ganhos são esses? Informação”, afirmou.

Além de aprender um pouco sobre os costumes do povo Baré, os estudantes do MIT também irão pesquisar a sonoridade dos cantos e instrumentos indígenas (Ricardo Oliveira/REVISTA CENARIUM)

Dança

Durante a visita ao povo Baré, os indígenas fizeram questão de apresentar sonoridades e danças para os visitantes norte-americanos. Entre cantos de “boas-vindas” e danças culturais, os Baré chamaram todos para formar uma grande roda durante a canção da farinhada, que foi executada no centro da maloca ou ocara dos Baré. Empolgados, os alunos do MIT entraram na dança. “Eles estão gostando muito. É uma coisa que eles nunca viram na vida”, relatou Talia Kahan.

Após a visita à comunidade, a comitiva voltou para Manaus. Na capital, eles continuam as atividades. Entre as ações previstas, estão a troca de experiências e aprendizados com instrumentistas e artistas indígenas, como a cantora indígena Djuena Tikuna e a Orquestra Amazonas Jazz Band. A imersão vai encerrar com a realização de um espetáculo no Teatro Amazonas, liderado pelos músicos e com a participação de artistas convidados, como a cantora brasileira Luciana Souza, que mora em Los Angeles (LA), a clarinetista norte-americana Anat Cohen, o baterista Edu Ribeiro e o percussionista Vinicius Barros, além de dez músicos locais.

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