15 de outubro: professores relatam como está o ensino ‘pós-pandemia’

Nas escolas, o dia é dedicado ao planejamento necessário do retorno dos alunos, a boa convivência com seus pares e a orientação sobre o modelo híbrido (Reprodução/Seduc-AM)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – “Ser professor é sobre a capacidade de se refazer, pois é necessário, muitas vezes, desaprender para conseguir ensinar”, definiu a professora de Língua Portuguesa Renata Targino que atua no Amazonas há mais de 10 anos na profissão que, nos últimos dois anos, precisou se reinventar por conta da pandemia do novo coronavírus. Neste sábado, 15, é comemorado o “Dia Mundial dos Professores”, a data foi criada pela Unesco, em 5 de outubro de 1966.

Em mais de 56 anos de comemoração, o professor enfrentou, em 2020 e 2021, um cenário diferente. O isolamento social era necessário para evitar a propagação da doença que se espelhava em locais fechados. Foi a partir desse momento que os profissionais deixaram a sala de aula para lecionar por meio da tela da TV ou do celular. Em 2022, após dois anos desafiadores, professores e alunos voltaram para o local tradicional de aprendizado, a sala de aula.

“O ensino remoto, adotado durante o período da pandemia, foi uma medida necessária para lidarmos com o andamento das atividades dentro do contexto que estávamos vivendo. Acredito que tenha sido desafiador tanto para os alunos quanto para os professores, que precisaram reinventar sua maneira de aprender e ensinar, além de exercitar novas habilidades e superar as dificuldades inerentes a essa modalidade de ensino”, afirmou Targino.

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Professora Renata Targino em sala de aula (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Ensino pós-pandemia

Um levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) aponta que, em 2019, a taxa de crianças fora das escolas era de 1,39%. Em 2020, esse número saltou para 5,5%. A grande piora foi observada nos alunos dos cinco aos nove anos, grupo em que os indicadores educacionais estavam em melhora nos últimos 40 anos. São esses dados que mostram os desafios atuais da educação no Brasil.

“O ensino pós-pandemia também apresenta vários desafios, tais como os déficits de aprendizagem, as sequelas psicológicas, os distúrbios relacionados à saúde mental dos alunos e profissionais, os aspectos sociais, dentre outros vários problemas decorrentes das consequências do período pandêmico vivido por todos”, destacou a professora.

Professora Liege Albuquerque com estudantes de jornalismo (Reprodução/Arquivo Pessoal)

Se no ensino fundamental e no médio foi um desafio, imagina na formação dos futuros profissionais no ensino superior. A educação sofreu um impacto quanto aos moldes estabelecidos até então.

“Todo mundo foi pego de surpresa com a pandemia. É obvio que foi muito ruim. A gente só vai sentir os efeitos no aprendizado no ano quem vem, quando começarem a fazer as pesquisas, mas eu que sou professora já estou vendo. Estou sentindo os alunos distantes, já nesse ano. Eles estão com mais dificuldades em prestar atenção nas aulas”, explicou a professora Liege Albuquerque que desempenha a profissão há mais de cinco anos no ensino superior.

Liege lista que os índices escolares começam, realmente, a ser evidenciados, com o impacto da pandemia na educação, no ano que vem. “Então, eu acho que essa geração foi muito prejudicada, desde criança e adolescente até o ensino superior, com os jovens adultos, e acredito que a gente vai mensurar melhor isso ano que vem, mas não foi bom nem pra gente professor, nem pro aluno”, disse Liege.

Reinventar

Aos que querem seguir a profissão de professor, Renata Targino deixou uma mensagem para todos os professores.

“Eu diria que, apesar de todas as dificuldades estruturais da educação brasileira, poucas profissões podem ser tão gratificantes e honradas como a de um professor. Diria também que ser professor é sobre a capacidade de se refazer, pois é necessário, muitas vezes, desaprender para conseguir ensinar. Acredito que o nosso principal papel é ensinar a voar fora da asa, como diria Manoel de Barros. ‘Ser asa e não gaiola’, como diria Rubem Alves. ‘Esperançar’ é preciso e só a educação pode mudar o curso da história do nosso País”, destacou a professora.

Nas escolas, o dia é dedicado ao planejamento necessário do retorno dos alunos, a boa convivência com seus pares e a orientação sobre o modelo híbrido (Reprodução/Seduc-AM)
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