2ª Mostra de Arte Indígena de Manaus é aberta ao público e seguirá até 31 de outubro no Centro Histórico

Para esta exposição, 26 artistas plásticos indígenas de 12 etnias mostrarão ao público suas telas, esculturas, vestimentas e artesanatos (Karol Rocha/CENARIUM)
Karol Rocha – Da Revista Cenarium

MANAUS – A ancestralidade, as belezas da Amazônia e os povos originários são retratados na 2ª Mostra de Arte Indígena de Manaus 2022 que acontece a partir desta quarta-feira, 5, no Palácio Rio Branco, localizado na avenida 7 de Setembro, no Centro Histórico da cidade. Para esta exposição, 26 artistas plásticos indígenas de 12 etnias mostrarão ao público suas telas, esculturas, vestimentas e artesanatos.

Realizado pela Prefeitura de Manaus por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), a exposição abre as comemorações dos 353 anos do aniversário da capital amazonense. Uma das artistas plásticas convidadas é Seanne Artes, da etnia Munduruku. Ela retrata, em tela, as belezas da mulher amazônida, sobretudo, as mulheres artesãs.

“Devido a minha ancestralidade, eu sempre mostro a beleza da mulher indígena artesã e também a questão da natureza. Pensando na sustentabilidade, eu trago aqui o cipó feito de tecidos e plásticos. Eu sempre retrato itens indígenas para mostrar a importância da luta por esse espaço que pode ser feito por meio das artes”, disse ela.

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A artista plástica amazonense Seanne Artes ao lado de seu painel (João Viana/Semcom)

O artista plástico Tchapan Maricaua, da etnia Kokama, é especialista na técnica de marchetaria, que é a ornamentação de objetos com diferentes cores e tipos de madeira.

“Eu já conhecia a técnica, mas passei a conhecer ainda mais quando entrei na Escola de Artes. A partir daí eu fui me aperfeiçoando na técnica de marchetaria que eu me identifico muito. A técnica requer corte de precisão, um selecionamento de madeira. E, para mim, é uma honra poder contribuir para essa mostra. Os artistas indígenas precisam desse espaço para divulgar seus trabalhos”, comentou.

Artista plástico Tchapan Maricaua, da etnia Kokama, é especialista na técnica de marchetaria (Karol Rocha/CENARIUM)

Natural do município de Maués (distante 257 quilômetros de Manaus), a artista plástica Dani Sateré, da etnia Sateré-Mawé, relembra seus ancestrais por meio da pintura em tela.

“Eu sempre rascunhei algumas coisas, mas esse trabalho veio mais forte durante a pandemia, quando desenvolvi crise de ansiedade, então, esse foi um gatilho que eu ativei para que pudesse sair daquele momento que eu estava vivendo”, destacou a artista.

No quadro, Dani retrata a família e o guaraná, fruto encontrado na região do Baixo Amazonas, onde fica o município. “Estou representando meu município e mostrando a arte do meu povo Sateré. Uma representa a lenda do guaraná e a outra, os laços familiares que simbolizam as minhas origens no seio Sateré”, afirmou.

A artista plástica Dani Sateré, da etnia Sateré-Mawé, e seus quadros que retratam suas origens (Karol Rocha/CENARIUM)

Memória do Povo

De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), Tenório Telles, a “Mostra de Arte Indígena de Manaus” é uma das ações culturais mais expressivas do País, pelo reconhecimento que faz da ancestralidade indígena local.

Presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), Tenório Telles (Karol Rocha/CENARIUM)

“Cada pintura dessa representa a memória de um povo, a identidade, sua história, sua cosmogonia, então, visitar essa mostra de artes indígena é uma grande oportunidade de conhecer a nossa própria história ancestral, a história dos povos que habitam a Amazônia e que deram origem à cidade de Manaus. É uma grande felicidade dar esse presente para a cidade no mês em que se comemora o aniversário de 353 anos da nossa Manaus”, afirmou.

A curadoria da mostra é feita pelo antropólogo e professor João Paulo Barreto Tukano, que participou da primeira mostra, e a produção é da artista visual Monik Ventilari. Eles destacam que a próxima mostra terá a presença de artistas de renome nacional, como a artista Duhigó (povo Tukano) e Dhiani Pa’saro (Wanano), dois artistas veteranos no mercado das artes no segmento indígena.

Itens da cultura indígena em exposição no Palácio Rio Branco, Centro Histórico de Manaus (Karol Rocha/CENARIUM)

Na sua primeira edição, foram exibidas as obras de oito artistas de cinco povos. A “2ª Mostra de Arte Indígena de Manaus 2022” já está aberta ao público e seguirá até o dia 31 de outubro. A exposição é gratuita e a população pode visitar de segunda a sexta-feira, a partir das 9h até as 16h, no Palácio Rio Branco, localizado na avenida 7 de Setembro, no Centro Histórico de Manaus.

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