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‘A terra está falando, não temos mais tempo’, declara ativista indígena na COP26
Txai Suruí na abertura da COP26, em Glasgow (Reprodução/Instragram)
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01 de novembro de 2021
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium
MANAUS – A ativista indígena de Rondônia Txai Suruí, de 24 anos, discursou nesta segunda-feira, 1º, na abertura da 26ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, Escócia. A indígena faz parte de uma delegação formada por cerca de 40 lideranças de povos tradicionais e durante o discurso, foi dura ao cobrar dos países ações rápidas e concretas voltadas para a proteção dos povos indígenas e das florestas.
“A Terra está falando, ela nos diz que não temos mais tempo”, declarou Txai, que também é fundadora e coordenadora do movimento da Juventude Indígena de Rondônia. Com um discurso de resistência, justiça social e representatividade dando voz aos povos indígenas durante a COP26, Txaí enfatizou a necessidade de novos caminhos e propostas relacionadas às mudanças globais.
“Precisamos de um caminho diferente com mudanças ousadas e globais. Não é em 2030 ou 2050, é agora!”, disse a ativista indígena com o rosto pintado e trajes tradicionais, ao afirmar que as “feridas da terra são profundas” e destacou a importância da proteção às lideranças indígenas, extintas ao defender seu povo.
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Txai Suruí também ressaltou os homicídios ligados a conflitos com grileiros e garimpeiros. “Enquanto você fecha os olhos para a realidade, o defensor da terra Ari Uru-eu-wau-wau, meu amigo desde criança, foi assassinado por proteger a floresta”, lamentou.
Leia o discurso na íntegra
“Meu nome é Txai Suruí. Tenho apenas 24 anos, mas meu povo tem vivido na Amazônia por pelo menos 6 mil anos. Meu pai, o grande chefe Almir Suruí, me ensinou que devemos escutar as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores.
Hoje o clima está aquecendo, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, e nossas plantas não florescem como antes. A terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo. Uma amiga me perguntou: continuaremos pensando que os ferimentos de hoje podem ser resolvidos com pomadas e analgésicos, embora saibamos que amanhã nossas feridas só serão mais profundas?
Precisamos de um caminho diferente com mudanças ousadas e globais. Não é em 2030 ou 2050, é agora! Enquanto você fecha os olhos para a realidade, o defensor da terra Ari Uru-eu-wau-wau, meu amigo desde criança, foi assassinado por proteger a floresta. Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática e nós devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui.
Temos ideias para adiar o fim do mundo. Deixemos de emitir mentiras e promessas falsas; acabemos com a poluição das palavras ocas e lutemos por um futuro e um presente que possam ser vividos. É sempre necessário acreditar que o sonho é possível. Que a nossa utopia seja um futuro na Terra. Obrigada”, discursou a indígena.
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