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Acidente que tirou vida de estudante da Ufam e pai acende alerta sobre risco de veículos de grande porte
Filha e pai morreram durante acidente na noite desta sexta-feira, 3 (Reprodução)
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04 de junho de 2022
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – “Uma tragédia que nunca irei superar”, a declaração é de um familiar das vítimas mortas em um acidente de trânsito na noite dessa sexta-feira, 3, na Avenida das Torres, bairro Novo Aleixo, Zona Norte de Manaus. Marivaldo Pereira, 48, e a filha, a estudante de Direito da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Annie Karollyne Santos Pereira, 19, morreram após bater contra um caminhão.
O acidente aconteceu quando o pai e a filha voltavam para casa. Em uma rede social, Messias Souto, irmão de Annie e enteado de Marivaldo, lamentou o ocorrido: “Eu não sei o que escrever aqui, só sinto muito, muito mesmo pela minha irmã e o meu padrasto. Eu já chorei muito, não sei o quanto, mas muito. Eu sinto muito que isso tenha acontecido com você”, relatou.
A jovem de 19 anos foi aprovada no Processo Seletivo Contínuo (PSC), da Universidade Federal do Amazonas, em 2021, e cursava o primeiro ano da faculdade de Direito.
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O motorista do caminhão envolvido no acidente, fugiu do local, mas foi contido por mototaxistas e amigos de Marivaldo, que estavam em um posto próximo ao acidente, até a chegada da Polícia Militar do Amazonas (PMAM). Ele foi preso e encaminhado ao 1° Distrito Integrado de Polícia (DIP), na Praça 14, e deve responder por homicídio culposo de trânsito.
O velório começou na tarde deste sábado, 4, na Funerária São Francisco, bairro Cachoeirinha e o sepultamento está marcado para a manhã deste domingo, 5, às 9h, no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, bairro Ponta Negra, Zona Oeste da capital.
Acidentes de Trânsito
Nos últimos dois anos, durante a pandemia da Covid-19, o número de acidentes caiu por conta do isolamento social e de poucos carros circulando pela cidade nos horários de pico.
De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas, até abril de 2022, de todos os veículos no Amazonas, 81% da frota encontra-se em Manaus.
Desse montante, 860 mil são particulares e de pequeno porte, como carros, motos e pick-ups, o que corresponde a cerca de 80% dos veículos que circulam em Manaus.
Em entrevista à CENARIUM, o engenheiro de trânsito Manoel Paiva avalia que a condição atual do trânsito manauara encontra-se sucateada, principalmente, por não existirem agentes suficientes para fiscalizar e prevenir acidentes.
“Manaus é a cidade dos automóveis e quem fica enrolado nisso são o transporte coletivo e o transporte de cargas. Porque o transporte coletivo é responsável por levar quase 60% da população e esses veículos particulares são responsáveis por transportar 25%, ou seja, a grande maioria de veículos transporta a minoria, atualmente”, informa.
Carros Pesados
Os veículos de carga possuem legislação própria e restrição de circulação em algumas avenidas de Manaus, como Mário Ypiranga, Constantino Nery, Djalma Batista, Maceió, Umberto Calderaro e trechos de mais dez ruas do Centro da cidade. Veículos com até 8 toneladas devem circular em horários específicos, das 6h às 9h e 17h às 20h. Já na Avenida Rodrigo Otávio, onde ocorreu o acidente que vitimou duas mulheres da mesma família, possui a regra de veículos pesados apenas do lado direito da via.
Em dezembro de 2021, outro acidente envolvendo carreta vitimou um homem de 36 anos que trabalhava como gari. Ele foi esmagado após um micro-ônibus tombar, porque um motorista de carreta, que estava embriagado, colidiu com o veículo. De acordo com informações da época, o micro-ônibus estava na mão preferencial e a carreta invadiu a via, colidindo na lateral do coletivo.
“Eu tenho defendido que é necessário mais fiscalização, mais controle, mais monitoramento, mais batidas e blitz. Para que, na realidade, possam verificar o estado dos veículos e se a habilitação está com tudo em dia. A Prefeitura já decretou onde eles podem andar, mas falta fiscalização”, afirma engenheiro.
Fiscalizações eletrônicas
Para ele, a fiscalização eletrônica deveria retornar, bem como a limitação de velocidade. “Tem poucos agentes de trânsito na Prefeitura e têm poucos agentes de trânsito no Estado. Pode ter a legislação que tiver, mas se não tiver monitoramento e punição para que se evite o acidente e o culpado seja condenado, não adianta”, diz.
Em 2010, a Prefeitura de Manaus contratou uma empresa para realizar as fiscalizações eletrônicas, mas o serviço foi interrompido após cinco anos. “Nós regredimos, tínhamos esses controladores com câmera e, agora, temos pessoas furando trânsito e cometendo infrações porque não tem fiscalização eletrônica”, afirma Manoel.
A retirada dos equipamentos aconteceu após denúncia de pagamentos irregulares à empesa que fazia o serviço para a Prefeitura, a Consladel. Desde então, a Prefeitura de Manaus não fez nova licitação para retornar o serviço de vigilância de trânsito.
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