‘Ainda quero dar uma contribuição ao meu Estado’, afirma Arthur Virgílio sobre Eleições 2022

Arthur Virgílio falou sobre atual cenário político do Brasil. (Reprodução)

Wesley Diego – Da Revista Cenarium

SÃO PAULO – Único amazonense a disputar prévias em candidatura presidencial, o ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto, autoproclamado anticandidato nas prévias presidenciais do PSDB, acredita que a sigla deva se unir para enfrentar as eleições em 2022. Virgílio jogou em dupla com João Doria para que o governador de SP vencesse a eleição interna do partido, causando críticas do terceiro candidato, Eduardo Leite, o que acendeu a luz de alerta na divisão do partido. “Política é a arte da conversa, do entendimento, arte de buscar as semelhanças entre os atores dessa cena. Se a gente quiser discordar, a gente discorda de qualquer coisa: escola de samba, futebol… é só colocar na mesa. Mas, se a gente quiser concordar, tem que aprender a ceder sem perder seus princípios”. 

Em entrevista à CENARIUM na última sexta-feira, 3, Virgílio também não poupou críticas a Eduardo Leite, a quem diz ter apreço, mas julga ser imaturo para assumir uma candidatura ao Planalto. “Se eu pudesse dar um conselho ao Eduardo, acho que ele deveria ouvir pessoas que gostam dele, como é meu caso, e não ficar ouvindo pessoas que pensam mal e que, no fundo, não querem que a gente tenha candidato a presidente. Não querem que a gente dispute a eleição de presidente. E houve um eleito, o João Doria. Eu acho que todos agora temos que apoiá-lo e fazermos nosso papel”. Apesar de considerar chances reais de Doria emplacar na eleição, Virgílio afirma que o governador precisa modificar, sem detalhar, algumas atitudes e modo de lidar com as pessoas: “Algumas coisas têm que mudar nele, mas ele tem um potencial grande”.

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Arthur Virgílio (esq.) recebeu o jornalista Wesley Diego (dir.) para um bate-papo em São Paulo. (Reprodução)

O PSDB é o único partido do Brasil a realizar prévias para definir seus candidatos. O modelo foi importado dos Estados Unidos, onde os postulantes a cargos eletivos são escolhidos nesse sistema. Durante o pleito tucano, uma falha grave no sistema de votação adiou em uma semana a finalização, causando desconforto na base do partido. Mesmo com todo imbróglio em torno do aplicativo do PSDB, Virgílio avalia ser uma vitória democrática e critica as demais legendas pela maneira como escolhem seus candidatos. “O PSDB falhou na primeira tentativa das prévias, mas fez na segunda. Aí eu pergunto: os outros partidos falharam? Por que eles não falharam? Porque eles não fazem prévias… eles sentam meia dúzia de pessoas numa mesa e escolhem o candidato a presidente”.

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Eleições 2022

O ex-senador está otimista na candidatura de Doria e acredita que a Amazônia terá papel de destaque nos debates ano que vem. Perguntado pela CENARIUM sobre o peso que o bioma terá na eleição, foi enfático dizendo que nenhum dos candidatos “conhecem muito a Amazônia”. Virgílio pensa ser necessário apresentar candidaturas ao Brasil que retome a atividade econômica alinhadas à biodiversidade da Amazônia, que pode gerar riquezas para o Brasil. A credibilidade nacional no meio ambiente é outro ponto central para o ex-senador, que se colocou à disposição para colaborar com seu partido no assunto: “Eu espero colaborar no que for possível nessa parte de meio ambiente na campanha”.

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Com 43 anos na vida pública, Virgílio ainda não se vê fora da política. Indagado sobre se encara uma candidatura ao Senado ou ao governo do Estado do Amazonas em 2022, respondeu: “Vou consultar os companheiros e ver o que eles querem que aconteça na minha carreira. Ainda pretendo dar mais uma contribuição ao meu Estado do Amazonas. E depois, quem sabe, seja a hora mesmo de pendurar as chuteiras e ficar olhando como uma pessoa que pode aconselhar um político jovem e bem intencionado. Mas, por enquanto, me sinto bastante jovem e sempre bem intencionado para enfrentar qualquer disputa”.

“É muito difícil eu ficar fora de uma eleição. Ainda não sinto que é a hora nem de eu largar a política e nem dela me largar. Agora vou entrar na fase da meditação, o que minha cabeça apontar no final, eu vou fazer. E aí a gente vai enfrentar toda a consequência da atitude que nós vamos tomar”, conclui confirmando que estará nas eleições do ano que vem, porém sem definição a qual cargo irá concorrer. 

A terceira via

Sergio Moro, que se filiou recentemente ao Podemos, já está em plena pré-campanha conversando com empresários e lideranças políticas. Recentemente, João Doria assumiu publicamente que abriria mão de sua candidatura, caso Moro ocupasse a terceira via. Ao ser perguntado se a candidatura de Doria conseguiria se sobrepor a de Moro, Virgílio diz não acreditar na alavancada do ex-juiz da Lava Jato: “Quando a gente começa a dizer ‘ah, será que emplaca, será que não emplaca?’ [a candidatura de Doria], Eu pergunto: e o Sergio Moro, emplaca? Tem certeza? Será? Será que Moro tem estofo para empolgar o Brasil?”. E conclui: “Não tenho capacidade de avaliar a candidatura do Moro vitoriosa”.

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Arthur Virgílio Neto aposta nas trapalhadas do Governo Bolsonaro para tirá-lo do segundo turno das eleições dando espaço ao candidato do PSDB. “Bolsonaro está mesmo no segundo turno? Do jeito que a coisa vai, o Brasil em recessão técnica, uma recessão incrível que está tomando toda a cara de não ser uma simples recessão. É o pior dos mundos… Será que, com a inflação alta, os R$ 400 [oferecidos pelo Auxílio Brasil] daqui a pouco não estão valendo R$ 350, daqui a pouco R$ 300 e daqui a pouco precisa de outro aumento do auxílio. Quem paga o preço sempre é mais pobre e significa que a mesa do pobre fica sem comida”. 

“Eu tinha muita admiração pelo ministro Paulo Guedes e é lamentável hoje ele não fazer reforma nenhuma e se limita a arranjar explicações teóricas inteligentes para as tolices que o presidente coloca e que tem que fazer. O Bolsonaro pensa um absurdo e o Paulo cria teorias para justificar aquelas coisas erradas. Quer dizer que furar teto não é tão grave? Como não é tão grave?”, finalizou Virgílio.

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