MANAUS – Com planejamento de dar voz às questões climáticas que o Brasil passa, jovens brasileiros vêm ganhando cada vez mais espaço durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26). A amazonense e ativista socioambiental Celina Maria Ferreira Pinagé, de 22 anos, é destaque entre esses jovens que participam do evento. Neste ano, o debate acontece entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.
Em entrevista exclusiva à CENARIUM, Celina ressalta que uma das principais temáticas do evento é a Amazônia. Ela cita ainda sobre a importância de levar esse olhar de dentro do País e principalmente do Amazonas. “A gente sempre encontra pessoas de outros países falando sobre a Amazônia, então é importante mostrar o potencial econômico, e o evento em si está se abrindo cada vez mais para receber essa visão de quem realmente conhece e mostrar as necessidades que o País precisa”, explicou.
Celina conta ainda que diferente dos anos anteriores, em 2021, a COP vai contar com a participação de diversos jovens brasileiros e também da Amazônia. “Nós temos muitas coisas para acrescentar nessa discussão. Acredito que está faltando mostrar isso de fato. Muito se fala de economia, mas falam pouco sobre a bioeconomia, estamos falando muito sobre as queimadas e pouco sobre o investimento que caiu para que esse trabalho de fiscalização e de pesquisa sejam realizados”, salientou.
A ativista explica também que na COP existem muitos debates entre os países e todo mundo com experiências diferentes. “Vai ser um lugar importante para se captar as tecnologias para ver o que está funcionando, pois um grande problema do Brasil é que por muito tempo se bate na mesma tecla e muito países já viram que não dá certo, então a COP é um espaço interessante por causa disso”, relatou.
Trajetória
Celina conta que para chegar até a COP, ela começou a fazer parte de Organização Não Governamental (ONG) EngajaMundo. “Desde 2018 eu faço parte do EngajaMundo, que é feita, exclusivamente, de jovens e dentro dela tem vários grupos, e um deles é só sobre mudanças climáticas e desde 2018 eu estou lá. A gente está sempre debatendo pautas sobre o assunto, gerando conteúdo. E o EngajaMundo está muito próximo e relacionado à COP. Existem várias organizações que estão credenciadas para participar do evento. A ONG foi uma porta para mim, eles levam em consideração também quanto tempo a pessoa está na ONG, as que estão há mais tempo, têm mais chances de chegar até lá, então o fato de eu estar desde 2018 me ajudou muito”, afirmou.
Outros jovens
Entre os jovens brasileiros que estão participando do evento, também está a ativista indígena Alice Pataxó, de 20 anos. A comunicadora foi indicada pela ativista paquistanesa Malala como uma das mulheres do mundo que “levam suas vozes e experiências” a Glasgow. A jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz pediu para que os seguidores acompanhassem o trabalho de Alice e de mais cinco representantes de lutas sociais e ambientais.
A ativista indígena contou, por meio das redes sociais, que uma das principais motivações para ir até a COP é a defesa dos territórios indígenas. “A floresta não tem dono, mas tem guardião. Por isso estamos aqui, para defender esses territórios, defender a vida”, escreveu. Já em Glasgow, Alice discursou na conferência realizada por jovens sobre questões ambientais. “Essa é a primeira vez que saio do meu território, em um momento onde o Brasil vive uma forte decisão sobre as terras indígenas”, contou.
“Mas eu entendo a necessidade de me unir à juventude do mundo para falar sobre isso, para lutar pelo meio ambiente e criar soluções juntos. Estou orgulhosa de poder voltar para minha casa e dizer para meu povo: não estamos mais sozinhos”, discursou em evento.
A jovem indígena que saiu de Rondônia, Txai Suruí, de 24 anos, também foi à COP e discursou no primeiro dia do evento, diante de líderes mundiais. A ativista abriu a fala relembrando o pai, cacique Almir Suruí, que sofre com a perseguição do Governo Bolsonaro em suas terras.
“Meu nome é Txai Suruí, eu tenho só 24 anos, mas meu povo vive há pelo menos 6 mil anos na floresta Amazônica. Meu pai, o grande cacique Almir Suruí, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a Lua, o vento, os animais e as árvores. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo. Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais. Não é 2030 ou 2050, é agora”, discursou a jovem indígena. Txai é estudante de Direito e fundadora do Movimento da Juventude Indígena em Rondônia.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.