Amazonense é destaque entre jovens brasileiros que participam da COP26

Ativista Celina Pinagé. (Ricardo Oliveira/ CENARIUM)

Victória Sales – Da Cenarium

MANAUS – Com planejamento de dar voz às questões climáticas que o Brasil passa, jovens brasileiros vêm ganhando cada vez mais espaço durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26). A amazonense e ativista socioambiental Celina Maria Ferreira Pinagé, de 22 anos, é destaque entre esses jovens que participam do evento. Neste ano, o debate acontece entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.

Em entrevista exclusiva à CENARIUM, Celina ressalta que uma das principais temáticas do evento é a Amazônia. Ela cita ainda sobre a importância de levar esse olhar de dentro do País e principalmente do Amazonas. “A gente sempre encontra pessoas de outros países falando sobre a Amazônia, então é importante mostrar o potencial econômico, e o evento em si está se abrindo cada vez mais para receber essa visão de quem realmente conhece e mostrar as necessidades que o País precisa”, explicou.

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Celina conta ainda que diferente dos anos anteriores, em 2021, a COP vai contar com a participação de diversos jovens brasileiros e também da Amazônia. “Nós temos muitas coisas para acrescentar nessa discussão. Acredito que está faltando mostrar isso de fato. Muito se fala de economia, mas falam pouco sobre a bioeconomia, estamos falando muito sobre as queimadas e pouco sobre o investimento que caiu para que esse trabalho de fiscalização e de pesquisa sejam realizados”, salientou.

A ativista explica também que na COP existem muitos debates entre os países e todo mundo com experiências diferentes. “Vai ser um lugar importante para se captar as tecnologias para ver o que está funcionando, pois um grande problema do Brasil é que por muito tempo se bate na mesma tecla e muito países já viram que não dá certo, então a COP é um espaço interessante por causa disso”, relatou.

Ativista socioambiental e estudante de ciências biológicas, Celina Maria Ferreira Pinagé. (Ricardo Oliveira/ Cenarium)

Trajetória

Celina conta que para chegar até a COP, ela começou a fazer parte de Organização Não Governamental (ONG) EngajaMundo. “Desde 2018 eu faço parte do EngajaMundo, que é feita, exclusivamente, de jovens e dentro dela tem vários grupos, e um deles é só sobre mudanças climáticas e desde 2018 eu estou lá. A gente está sempre debatendo pautas sobre o assunto, gerando conteúdo. E o EngajaMundo está muito próximo e relacionado à COP. Existem várias organizações que estão credenciadas para participar do evento. A ONG foi uma porta para mim, eles levam em consideração também quanto tempo a pessoa está na ONG, as que estão há mais tempo, têm mais chances de chegar até lá, então o fato de eu estar desde 2018 me ajudou muito”, afirmou.

Outros jovens

Entre os jovens brasileiros que estão participando do evento, também está a ativista indígena Alice Pataxó, de 20 anos. A comunicadora foi indicada pela ativista paquistanesa Malala como uma das mulheres do mundo que “levam suas vozes e experiências” a Glasgow. A jovem vencedora do Prêmio Nobel da Paz pediu para que os seguidores acompanhassem o trabalho de Alice e de mais cinco representantes de lutas sociais e ambientais.

A ativista indígena contou, por meio das redes sociais, que uma das principais motivações para ir até a COP é a defesa dos territórios indígenas. “A floresta não tem dono, mas tem guardião. Por isso estamos aqui, para defender esses territórios, defender a vida”, escreveu. Já em Glasgow, Alice discursou na conferência realizada por jovens sobre questões ambientais. “Essa é a primeira vez que saio do meu território, em um momento onde o Brasil vive uma forte decisão sobre as terras indígenas”, contou.

“Mas eu entendo a necessidade de me unir à juventude do mundo para falar sobre isso, para lutar pelo meio ambiente e criar soluções juntos. Estou orgulhosa de poder voltar para minha casa e dizer para meu povo: não estamos mais sozinhos”, discursou em evento.

Ativista indígena, Alice Pataxó (Reprodução/instagram)

A jovem indígena que saiu de Rondônia, Txai Suruí, de 24 anos, também foi à COP e discursou no primeiro dia do evento, diante de líderes mundiais. A ativista abriu a fala relembrando o pai, cacique Almir Suruí, que sofre com a perseguição do Governo Bolsonaro em suas terras.

“Meu nome é Txai Suruí, eu tenho só 24 anos, mas meu povo vive há pelo menos 6 mil anos na floresta Amazônica. Meu pai, o grande cacique Almir Suruí, me ensinou que devemos ouvir as estrelas, a Lua, o vento, os animais e as árvores. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo. Precisamos tomar outro caminho com mudanças corajosas e globais. Não é 2030 ou 2050, é agora”, discursou a jovem indígena. Txai é estudante de Direito e fundadora do Movimento da Juventude Indígena em Rondônia.

Jovem ativista indígena, Txai Suruí. (Reprodução/ Instagram)
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