Amazônia registra menor desmatamento em seis anos, com queda de 62% até novembro de 2023

Desmatamento no meio da floresta amazônica (Reprodução/Imazon)
Yuri Siqueira – Da Revista Cenarium Amazônia

BELÉM (PA) – O ano de 2023 marcou um avanço significativo na luta pela preservação da Amazônia, com dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) indicando uma redução de 62% no desmatamento acumulado de janeiro a novembro em comparação com o mesmo período de 2022. O período representa o menor índice de destruição desde 2017.

Os números revelam que, durante esse período, foram derrubados 3.922 quilômetros quadrados (km²) de floresta, uma queda notável em relação aos 10.286km² registrados no ano anterior. A taxa ainda representa a devastação de, aproximadamente, 1,2 mil campos de futebol de floresta por dia, enfatizando a necessidade contínua de esforços para atingir a meta de desmatamento zero, até 2030, estabelecida pelo governo federal.

Embora o desmatamento tenha apresentado redução, a degradação florestal, causada por queimadas e extração madeireira, teve um segundo aumento consecutivo. Em novembro de 2023, atingiu 1.566km², representando um aumento de 112% em relação ao mesmo período de 2022. O Estado do Pará liderou com 70% desse dano, seguido por Maranhão (12%), Amazonas (8%), Mato Grosso (6%) e Rondônia (4%).

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Desmatamento na Bacia do Xingu (Rogério Assis/ISA)

Apesar de Pará, Amazonas e Mato Grosso liderarem em desmatamento, todos registraram quedas significativas. Por outro lado, Amapá (240%), Tocantins (33%) e Roraima (27%) apresentaram aumentos alarmantes no desmatamento. Rondônia, Acre e Maranhão também demonstraram redução na destruição.

A pesquisa realizada pelo Imazon ressalta que, embora a degradação ambiental tenha apresentado redução de 45%, de janeiro a novembro, foi impactada pelas queimadas em Estados como Amazonas e Pará, cuja fumaça afetou cidades como Manaus e Santarém.

De acordo com o economista e pesquisador de Ciências Econômicas e do Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (UFPa), André Cutrim, as políticas ambientais têm desempenhado um papel vital na preservação da Amazônia. Ele destaca a essência dessas políticas em equilibrar desenvolvimento econômico e conservação ambiental, forçando agentes econômicos a adotarem práticas menos prejudiciais.

A administração ambiental, que engloba ações públicas e privadas, surge como peça-chave nesse contexto, e Cutrim destaca a guinada positiva na política brasileira com o resultado das eleições em 2022. Ele ressalta a reconstituição do orçamento e efetivo do Ibama e ICMBio, o aumento das operações contra extração ilegal e grilagem e a postura mais rigorosa na imposição de multas por desmatamento.

“O Ministério do Meio Ambiente adotou uma abordagem de governança mais rigorosa no combate aos crimes ambientais. Isso resultou na imposição de multas severas para casos recentes de desmatamento, demonstrando, claramente, que a impunidade não será tolerada em relação a tais infrações”, afirmou.

Quando questionado sobre os desafios para manter essa tendência em 2024, André Cutrim identifica diversos obstáculos. Ele destaca a necessidade de recursos orçamentários suficientes para os órgãos de fiscalização, o controle do desmatamento ilegal em áreas sensíveis e a oferta de alternativas sustentáveis para as comunidades dependentes da exploração predatória de recursos.

Além disso, André ressalta o grande desafio político, sendo necessária uma bancada ruralista forte no Congresso, destacando a importância da articulação entre o Executivo, sociedade civil e setores empresariais sustentáveis para enfrentar esses desafios e preservar a Amazônia.

“Não há dúvida que a questão política será um grande desafio no processo de preservação da Amazônia, em 2024, assim como a questão de disponibilidade de recursos financeiros para as políticas ambientais na região”, registrou.

Os dados indicam uma redução significativa no desmatamento ao longo de 2023, mas a batalha pela preservação da Amazônia continua exigindo esforços contínuos e políticas ambientais eficazes para alcançar a ambiciosa meta de desmatamento zero até 2030.

Leia mais: Desmatamento na Amazônia alcança queda expressiva em novembro
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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