Amazonino Mendes deixa a eleição, mas se mantém na história da política amazonense

O amazônida nascido em Eirunepé é considerado figura icônica na política da região (Reprodução/Redes Sociais)
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Governador do Amazonas por quatro vezes, três vezes prefeito de Manaus e senador em um mandato, Amazonino Mendes (Cidadania) deixa a eleição ao Governo do Estado, mas se mantém na história da política amazonense com legado de obras e programas sociais.

Com uma diferença de 41.130 votos, o ex-governador não conseguiu ir para o segundo turno das eleições no Amazonas, deixando o senador Eduardo Braga (MDB) na disputa com o governador Wilson Lima (União Brasil).

Com 83 anos, o amazonense nascido em Eirunepé (a 1.159 quilômetros de Manaus) é considerado figura icônica na região, há quatro décadas, e foi responsável pela ascensão política de nomes como o do próprio Eduardo Braga. Em 1994, o senador tornou-se prefeito da capital amazonense com ajuda de Amazonino.

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Amazonino Mendes após votar nas eleições de 2022 (Divulgação)

Prefeitura, governo e realizações

A vida política de Amazonino começa a tomar forma em abril de 1983, quando foi nomeado prefeito de Manaus pelo então governador Gilberto Mestrinho (PMDB). Mendes ficou no cargo até 1986 e, à época, uma das principais demandas de gestão eram urbanizações dos bairros periféricos da cidade.

Em 1987, assumiu o Governo do Estado. Nesse período, teve uma gestão de debates e rompimentos com grupos políticos, como o grupo de Gilberto Mestrinho, por causa de divergências políticas e a polêmica construção da ferrovia que passaria pelos Estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, ligando o Sul ao Norte do Brasil

Amazonino Mendes e Gilberto Mestrinho, ex-político amazonense. Ao fundo, Omar Aziz, que hoje é senador pelo Estado (Reprodução/Internet)

Nesse mesmo período, Amazonino marcou a passagem pelo governo com a restauração do Teatro Amazonas e as obras da Vila Olímpica, até então paralisadas há mais de 20 anos. Além de abraçar a pauta da reformulação da política de incentivos fiscais para a Zona Franca de Manaus, construiu o Centro Cultural de Parintins, popularmente chamado de “Bumbódromo”, com capacidade para mais de 30 mil pessoas.

Senado, reeleição e implementações

Logo após o primeiro mandato como governador do Amazonas, Mendes se elegeu como senador da República, onde permaneceu de 1991 a 1992, e atuou como titular das comissões de Constituição, Justiça, Cidadania e Educação e na Comissão de Assuntos Sociais, como suplente.

Mendes deixou o Senado para concorrer às eleições de 1992 como candidato a prefeito pelo (PDC), vencendo o pleito e assumindo o cargo ocupado pelo então prefeito Arthur Virgílio Neto. Em 1994, deixou a gestão da Manaus com o vice-prefeito Eduardo Braga e concorreu ao cargo de governador, sendo eleito já no primeiro turno e reeleito em 1998.

Registro feito em 1996 pelo Ricardo Oliveira em evento na Ponta Negra (Ricardo Oliveira/ CENARIUM)

Enquanto chefe do Executivo estadual, Mendes implantou o Programa Terceiro Ciclo, voltado para promoção e incentivo do desenvolvimento dos municípios do Amazonas por meio da produção de grãos com distribuição de máquinas, equipamentos e sementes aos pequenos produtores. A criação do polo graneleiro do município de Itacoatiara (268 quilômetros distante de Manaus e a Companhia de Gás do Amazonas (Cigás) também foram realizações desse período, o asfaltamento da BR-174.

Saúde, educação e obras

Ainda enquanto gestor do Estado até 1998, Amazonino deixou legado na área da saúde, com a construção do Pronto-Socorro João Lúcio e o pronto-socorro infantil “Joãozinho”. Reformou e ampliou o Hospital Adriano Jorge e apostou na implementação, nos Centros de Atendimento Integral à Criança (Caics) e os Centros de Atenção Integral a Melhor Idade (Caimi).

O Hospital Universitário Francisca Mendes assim como o bairro de mesmo, situado na Zona Norte de Manaus, são outras duas realizações durante o governo de Mendes em homenagem à mãe.

No âmbito educacional, Amazonino também escreve história com a implementação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com pouco mais de 21 anos de existência. A unidade promove o ensino superior para jovens do Estado do Amazonas com campus na capital e no interior.

Entre os anos de 2009 a 2012, novamente prefeito de Manaus, Amazonino instalou mais de 670 salas de aula, 12 bibliotecas-polo com um acervo de 3 mil livros cada. Com o projeto “Mais Educação”, foram implantados 132 telecentros para a educação de tempo integral de mais 30 mil alunos, que incluiu doações de notebook para profissionais da educação.

Amazonino, à época, ganha as eleições para prefeito de Manaus (Reprodução/Internet)

Nas obras, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) entregou durante a passagem de Amazonino na prefeitura, três complexos viários, sendo eles; Luiz Augusto Veiga Soares (São José), Gilberto Mestrinho (Coroado) e Antônio Simões (Paraíba/Ephigênio Sales) e ainda, o Parque Cidade da Criança, uma obra que custou R$ 5,2 milhões localizado, no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul da capital com programações e atividades lúdicas voltadas às crianças a partir de três anos de idade.

Mais um governo

Durante as eleições suplementares, em 2017, quando o então governador José Melo (PROS), foi cassado por compra de votos, Amazonino foi eleito governador do Amazonas pelo (PDT) no mandato tampão, se tornando o primeiro político do Amazonas a exercer quatro vezes o mandato de chefe Executivo estadual.

O governador focou na segurança do Estado realizando a considerada maior promoção da história da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM), abraçando oficiais e praças, somando mais de 6.300 policiais militares. Convocou, também, mais de 200 policiais civis aprovados em concursos e renovou mais de 370 viaturas tanto para a Polícia Militar quanto para a Polícia Civil, incluindo o interior do Estado.

Registro de 2017 do então governador Amazonino Mendes (PDT) (Reprodução/Facebook)

Sobre Amazonino

Filho de Armando de Sousa Mendes e de Francisca Gomes Mendes, Amazonino Armando Mendes nasceu na cidade de Eirunepé, interior do Amazonas, em 16 de novembro de 1939. É formado pela Faculdade de Direito da Universidade do Amazonas, atual Ufam.

Pai de três filhos, traz no currículo a militância no movimento estudantil, a passagem por cargos nas diretorias da União dos Estudantes do Amazonas (UEA), na União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas (Uesa) e na União Nacional dos Estudantes (UNE).

Também foi empresário na construção civil e teve a chefia no Serviço de Transportes Rodoviários do DER. Pouco antes de ingressar na vida política, trabalhou nos Tribunais Superiores de Brasília em defesa de mandatos de parlamentares amazonenses impugnados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) local.

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