Ameaça: facção manda reduzir preço da gasolina em Manaus no prazo de uma semana

A gasolina é o produto que teve mais reajustes no preço em 2021. (Reprodução/internet)
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – As redes sociais foram “bombardeadas”, nesta semana, com diversas publicações sobre uma suposta ameaça feita por organizações criminosas a postos de combustíveis de Manaus. Na mensagem que repercutiu não apenas nas redes, mas também em veículos de imprensa nacionais, a facção estabelece o prazo de uma semana para que os proprietários destes estabelecimentos reduzam o valor da gasolina vendida na cidade.

“O Comando pede para que os safados dos cartéis de postos baixem o preço da gasolina. Estamos dando o prazo de uma semana, estamos do lado dos nossos irmãos que estão sendo prejudicados. Se não [cumprirem a ordem], vamos botar o trem na rua e colocar fogo em postos de gasolina e caminhões”, declara a facção criminosa na mensagem.

O suposto comunicado viralizou nas redes sociais e aplicativos de mensagem. (Reprodução/instagram)

Repercussão e posicionamento

Na internet são vários os comentários em torno do assunto, com publicações tecendo críticas ao governo federal. “O problema está em Brasília”, “Mais efetivo que o governo federal” e “Essa notícia precisa estar nos livros de história para emoldurar esse governo” são algumas das opiniões que integram a extensa lista de mensagens dos internautas sobre as ameaças da facção.

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A CENARIUM questionou a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) sobre a veracidade das ameaças e se há algum trabalho que reforce a segurança no entorno dos pontos de abastecimentos da cidade. Em nota, a SSP informou que, por hora, não vai se pronunciar sobre o assunto.

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Lubrificantes, Álcool, e Gás Natural do Estado do Amazonas (Sindicombustíveis) informou que “não há qualquer posicionamento, tendo em vista que até o momento não foi confirmado qualquer veracidade”. O sindicato acredita que a suposta mensagem se trata de fake news.

Constantes aumentos

Somente neste ano, é a 11ª vez que o preço da gasolina sofre aumento, acumulando uma alta de 73%. O litro passa de R$ 2,98 para R$ 3,19 nas refinarias. Em Manaus, o preço final pago pelo consumidor é R$ 6,59. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC), a gasolina é o produto que mais teve reajuste no preço em 2021. 

Dentre os vários motivos alegados para os constantes aumentos do produtos, o Governo Bolsonaro afirma que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é o principal “culpado” pelos aumentos constantes. Em recente entrevista ao site UOL, a pesquisadora do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), Carla Ferreira, afirmou que os reajustes que incomodam e pesam no bolso do consumidor são consequências da política de preços da Petrobras, adotada em 2016.

Ela explicou que com o dólar em alta, os preços no Brasil também sobem. “É claro que, como o ICMS é um percentual sobre o preço final, quando o preço sobe, a arrecadação aumenta. Mas ele não é o vilão das altas de agora. A grande questão é esse preço que sai da refinaria, que vem da política de paridade de importação”, explicou Ferreira.

A ameaça repercutiu nas mídias (Reprodução/Frota&Cia)

Ataques

No primeiro fim de semana do mês de junho deste ano, Manaus sofreu uma onda de ataques desencadeada pela morte de um traficante conhecido como “Dadinho”, pertencente a uma facção criminosa. A época, a informação foi confirmada pelo então secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, que afirmou ainda que a ordem para os ataques partiu de dentro de um presídio.

No interior do Estado, criminosos tentaram atear fogo em delegacias nos municípios de Careiro Castanho e Parintins. 17 veículos, sendo sete ônibus, foram incendiados. Ninguém ficou ferido nas ações, porém uma ambulância foi atacada por criminosos e os ocupantes foram roubados.

Na ocasião, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) divulgou nota de repúdio contra o ocorrido. Por conta do cenário, o serviço de transporte coletivo foi interrompido.

“A violência das ações, aparentemente de caráter terrorista, causou pânico nos operadores do serviço, pois há relatos de grupos encapuzados e armados praticando tais atos, sendo que, por isso, toda a frota foi recolhida. Atos dessa natureza, além de serem crimes de dano e ilícitos civis, visam disseminar o medo e inviabilizam o serviço essencial”, afirmava trecho da publicação.

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