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IPCA pode registrar, neste terceiro trimestre, a maior deflação trimestral do Plano Real
Desde julho, a Petrobras diminuiu quatro vezes o valor cobrado pelo combustível (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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11 de setembro de 2022
Com informações do Estadão
SÃO PAULO – As desonerações promovidas pelo governo e os cortes de preços da gasolina anunciados pela Petrobras podem fazer com que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registre neste terceiro trimestre a maior deflação trimestral do Plano Real. Após dois meses seguidos de queda dos preços, em julho e agosto, economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast agora monitoram a chance de uma nova taxa negativa em setembro.
Uma alta de até 0,18% no mês levaria o IPCA a uma deflação de 0,86%, no período de julho a setembro, mais intensa do que a queda de 0,85% registrada no terceiro trimestre de 1998 – a maior do Plano Real até agora. Mas a chance de uma taxa negativa, em setembro, já aparece nas estimativas preliminares de casas como Greenbay Investimentos (-0,20%), Bank of America (-0,15%), XP Investimentos (-0,14%) e Barclays (-0,10%).
Os cortes de preços da gasolina estão por trás das expectativas de deflação em setembro. Desde julho, a Petrobras diminuiu quatro vezes o valor cobrado pelo combustível.
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“Devemos ter uma nova deflação da gasolina e do etanol, e isso deve garantir mais uma deflação do índice”, disse o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, comentando as expectativas para setembro. Caso a queda prevista se concretize, o IPCA ficará em terreno negativo por três meses consecutivos, pela primeira vez, desde 1998, após ceder 0,68% em julho e 0,36% em agosto.
Em relatório a clientes, o chefe de Economia para Brasil e Estratégia para América Latina do BofA, David Beker, acrescenta às pressões de baixa para setembro o alívio de alimentos: “As pressões sobre alimentação e bebidas desaceleraram, seguindo a recente queda dos preços de commodities, e a inflação de preços livres também deve se mover nessa direção”.
A expectativa de uma nova queda dos preços, em setembro, também levou a revisões para baixo nas projeções de inflação do ano por instituições como BofA (6,50% para 5,90%) e Barclays (6,50% para 6,0%). Outras casas, como Daycoval Asset e LCA Consultores, mantiveram as estimativas – de 6,20% e 6,70%, respectivamente –, mas reconheceram viés de baixa para os números.
”É mais fácil o IPCA ir para 6,50% do que para 7%”, disse o economista da LCA Fábio Romão, que atribui o viés de baixa na projeção para o ano à possibilidade de novos cortes nos preços de combustíveis e de alívio mais intenso dos alimentos. Caso o IPCA fique estável em setembro, a inflação acumulada em 12 meses deve ceder de 8,73%, até agosto, para 7,48% – a menor desde abril de 2021 (6,76%).
Apesar do alívio do número cheio, analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast alertam que a dinâmica qualitativa da inflação ainda é preocupante para o Banco Central (BC).
Em relatório, o economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, lembra que a aceleração da média dos núcleos, em agosto (0,53% para 0,66%), superou a mediana do mercado (0,54%) e deixou a taxa em 12 meses praticamente estável, em 10,42%.
“Continuamos acreditando que o ciclo de aperto acabou com a Selic em 13,75%, mas o timing dos cortes será determinado por um declínio consistente dos núcleos de inflação, pelos desenvolvimentos fiscais e pelo comportamento das expectativas de inflação, principalmente, as de 2024”, escreve o economista.
Apesar da trégua dos combustíveis e energia elétrica, sete dos nove grupos de custos pesquisados pelo IBGE ainda mostraram aumentos de preços no IPCA de agosto. As famílias pagaram mais por 65% dos itens que compõem o índice.
Os “vilões”, no último mês, foram os aumentos nos itens de higiene pessoal, plano de saúde, emplacamento e licença de veículo, refeição fora de casa e roupa feminina. Os alimentos e bebidas subiram menos, mas ainda estão 13,43% mais caros que há um ano.
O grupo Alimentação e Bebidas teve uma elevação de 0,24% em agosto. Houve altas em itens importantes na cesta das famílias, como frango em pedaços (2,87%), queijo (2,58%) e frutas (1,35%).
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