Apesar da queda da gasolina, Amazonas ainda é o Estado em que distribuidoras mais lucram

Tabela de preço de posto de combustíveis da Zona Sul de Manaus (Jefferson Ramos/Revista Cenarium Amazônia)
Jefferson Ramos – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Nas últimas semanas de dezembro, o preço da gasolina comum teve variações entre R$ 5,69 e R$ 5,99 em diversos postos de Manaus. Anteriormente, o preço era de R$ 6,29. Com isso, o preço do combustível ao consumidor teve uma queda de R$ 0,60.

Esse é o menor patamar do insumo registrado no ano passado. Mesmo adotando a política de Preço de Paridade Internacional (PPI), que repassa todas as oscilações do barril do petróleo ao consumidor, a Refinaria da Amazônia (Ream), administrada pelo grupo Atem, vem reduzindo o preço da gasolina refinada.

Tabela de preço de posto de combustíveis da cidade de Manaus (Jefferson Ramos/Revista Cenarium Amazônia)

No mês de dezembro, o refino da gasolina ficou, em média, a R$ 3,09 ante R$ 3,22 do mês de novembro. O painel de preços da Petrobras aponta que as distribuidoras no Amazonas adicionam R$ 1,99 na formação do preço do derivado do petróleo. É a maior parcela de lucro registrada pelo painel entre 16 Estados pesquisados.

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Os dados consideram o período de 17 a 23 de dezembro. Nesse período, o preço do refino feito pela Ream oscilou para cima, de R$ 3,01 a R$ 3,06. O valor do refino representa 47% da composição da gasolina. A parcela da revenda e distribuição representa outros 33%.

Margem

O presidente do Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindepetro-AM), Marcus Ribeiro, afirmou que as oscilações para baixo, da gasolina, ocorreram por conta da queda do preço do barril do petróleo no mercado internacional, barateamento do dólar, além da queda do preço dos combustíveis aplicado pela Petrobras.

“Isso contribui para a queda do preço do combustível aqui no Estado. Agora, não sabemos se vai se manter. Pode ser que já em fevereiro o preço do barril venha aumentar, trazendo como consequência um novo reajuste. A Petrobras vem reduzindo o preço desde o ano passado e acredita-se que a Ream venha seguindo essa mesma linha”, analisou.

Marcus Ribeiro critica a demora das distribuidoras em repassar as reduções feitas pela Ream. Para ele, esse atraso se dá por causa de uma estratégia de mercado em que as distribuidoras seguram as reduções para “saber se os preços iam se manter”.

“As distribuidoras e donos dos postos sempre vão trabalhar para manter uma margem de lucro fixa. Acredito que mesmo a gasolina aumentando ou reduzindo, a margem de lucro, tanto da distribuidora quanto do posto, não é afetada, porque todo o custo que eles têm é embutido no preço”, explicou o petroleiro.

O Amazonas é o Estado em que as distribuidoras mais lucram (Infográfico: Paulo Dutra/Revista Cenarium Amazônia)
Liderança nacional

No dia 15 de setembro, a REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA mostrou que as distribuidoras já ocupavam a liderança nacionalmente. Naquela época, a parcela era de R$ 1,92.

Hoje, atuam no processo de revenda e distribuição Ipiranga, Equador e Raízen, na bandeira da Shell, e o próprio grupo Atem, que também possui postos de combustíveis. A gasolina refinada é entregue às distribuidoras por R$ 3,09. Ao chegar na distribuição, a gasolina passa a custar R$ 5,08 por conta da adição da margem de lucro.

Nesse cálculo ainda é adicionado R$ 3,99 de impostos federais (R$ 0,69) e (R$ 1,22) do ICMS estadual; e R$ 0,68 da adição do etanol. 

Imagem mostra tabela de preço da gasolina em R$ 5,69 (Jefferson Ramos/Revista Cenarium Amazônia)

Em novembro, após a CENARIUM mostrar que a privatização da refinaria em Manaus elevou a gasolina em 66% na Região Norte, a Ream ressaltou que a sua política de preços não define o preço final dos combustíveis para distribuidoras e postos.

Privatizada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2022, a Refinaria Isaac Sabá (Reman) – que comercializava o processo inicial de combustível no Estado – foi transferida para a Atem Distribuidora, do grupo empresarial homônimo, e passou a ser chamada de Refinaria da Amazônia (Ream).

O grupo Atem pagou US$ 257,2 milhões (equivalente a R$ 1,3 bilhão na conversão atual) pela refinaria no Amazonas, que alimenta toda a Região Norte, além de uma parte do Tocantins.

Gasolina comum vendida a R$ 5,75 em posto de combustíveis da cidade de Manaus (Jefferson Ramos/Revista Cenarium Amazônia)
Questionamentos

Procurado pela reportagem, o Sindicato das Distribuidoras de Combustíveis do Amazonas (Sindicombustíveis-AM) ainda não respondeu aos questionamentos da reportagem. Uma mensagem eletrônica, encaminhada por um aplicativo de mensagens, informou que a entidade está de recesso, com previsão de retorno nesta quarta-feira, 3. Leia abaixo as perguntas feitas ao sindicato.

1 – Qual o fator que torna a revenda e a distribuição mais caras no Amazonas do que nos outros 16 Estados pesquisados pela Petrobras?

2 – As recentes quedas no valor da gasolina refletem uma redução na parcela da distribuição e revenda?

3- Atualmente, quanto é a parcela da distribuição e revenda? Está abaixo do referenciado pela Petrobras?

Leia mais: Privatização de refinaria em Manaus por grupo Atem elevou gasolina em 66% na Região Norte
Revisado por Adriana Gonzaga
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