Após atingir menor nível da história, Rio Madeira volta a subir

Imagem aérea do Rio Madeira (Reprodução/CPRM)
Daniela Castelo Branco – Da Revista Cenarium

PORTO VELHO (RO) – Após o Rio Madeira atingir seu nível histórico de seca, ao medir 1,10 metro, no dia 6 de outubro, o Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) divulgou um novo boletim na terça-feira, 24, informando que o rio chegou à marca de 1,87 metro, resultado das chuvas recentes, apesar de serem consideradas abaixo da média para o período.

Em um comparativo anual do mês de outubro de 2020 e 2021, a bacia do Rio Madeira atingiu níveis de 2,39 metros (m) e 2,19m, respectivamente. Em 2022, o nível estava em 2,32 metros em Porto Velho. O Serviço Geológico do Brasil aponta que, devido ao atraso e à fraca intensidade das chuvas, influenciados pelo fenômeno El Niño, é esperado que o Rio Madeira retome sua tendência de queda (atualmente em 1,87 metro), enfatizando que todos os níveis dos rios, em todos os pontos de monitoramento, tiveram tendência de descida.

Rio Madeira registrou a menor média da história (Reprodução/CPRM)

Marcus Suassuna, pesquisador em Geociências do SGB, destacou que as chuvas em Porto Velho têm um impacto limitado no nível do rio, uma vez que, aproximadamente, 75% da bacia do Rio Madeira está localizada na Bolívia.

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“Para o nível do Rio Madeira aumentar em Porto Velho, o que importa, de fato, são as chuvas que caem sobre a Bolívia. Como os níveis estão mais baixos na bacia do Beni/Madre de Dios, é mais importante que chova sobre aquela região, pois é lá que vamos ter uma resposta mais rápida”, destacou o pesquisador”.

Os próximos meses serão cruciais para determinar se a recuperação do rio será mantida ou se a tendência de queda persistirá. Os serviços de monitoramento SGB/CPRM continuarão a avaliar a situação do nível do Rio Madeira.

Seca do Rio Madeira

Os níveis da seca histórica do Rio Madeira, quando o rio atingiu a cota de 1,10 metro no início do mês, foram os mais baixos das últimas cinco décadas, de acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Há quase um ano, o Madeira havia atingido a cota de 1,44 metro: o menor nível registrado em 17 anos, mas a marca foi superada no dia 9 de outubro, quando o rio atingiu 1,17 metro.

Segundo o relatório da ANA, o nível do rio na capital, quando atingiu a marca de 1,17 metro, no começo do mês, já estava abaixo da cota, com 95% de permanência “inferior à cota mínima observada no histórico de 56 anos de medições”.

A seca do Madeira continua sendo um ponto de preocupação, uma vez que afeta a todos, não apenas pela falta de escassez de água, mas também por questões como a navegabilidade, a biodiversidade da região, além de afetar o abastecimento de água nas comunidades ribeirinhas. O rio serve como importante hidrovia usada para transporte fluvial de carga e passageiros, com trecho navegável de mais de 1 mil quilômetro entre Porto Velho e Itacoatiara (AM).

A seca afetou o cenário do Madeira. O rio, que possui quase 1,5 mil quilômetros de extensão, apresentou um quadro de chão seco cheio de rachaduras e uma paisagem semelhante ao deserto.

Leia também: Em Rondônia, seca extrema do Rio Madeira pode isolar ribeirinhos de Porto Velho
Editado por Eduardo Figueiredo
Revisado por Adriana Gonzaga
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