Após ato ao lado de Bolsonaro, Cúpula do Exército reforça pressão para mandar Pazuello à reserva

O ex-Ministro da Saúde Eduardo Pazuello participa de carreata de apoio a Bolsonaro no Rio (Brenno Carvalho / Agência O Globo)
Com informações do O Globo

BRASÍLIA — A cúpula do Exército reagiu mal à ida do general da ativa Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, ao ato político em companhia do presidente Jair Bolsonaro nesse domingo, 23, no Rio de Janeiro. A avaliação de militares graduados, segundo relatos colhidos pelo GLOBO, é a de que Pazuello deve ser pressionado a ir para a reserva após o episódio. Uma fonte ouvida considera que a semana poderá ser “decisiva” para o destino do militar.

A intenção de que o general pedisse aposentadoria já era presente entre o comando do Exército quando ele estava no cargo de ministro, mas agora se intensificou com a participação cada vez mais frequente de Pazuello em atos políticos ao lado de Bolsonaro, que tem levado o general a viagens pelo Brasil.

A ida de Pazuello ao ato, contudo, deixou integrantes da cúpula do Exército especialmente irritados. Pazuello é um dos alvos recentes da CPI da Covid no Senado, além de enfrentar outras frentes de investigação de órgãos como o Ministério Público Federal e o Tribunal de Contas, por conta da condução do combate à pandemia como ministro da Saúde. O temor dos militares é que a presença do general em atos políticos arranhe a imagem da instituição, com uma associação indevida entre o Exército e o governo.

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Eles apontam ainda que, além do incômodo provocado por Pazuello como ministro e agora alvo de CPI, há vedações expressas sobre militares participarem de manifestações políticas coletivas, segundo o Estatuto dos Militares e o Regulamento Disciplinar do Exército.

O artigo 45 do Estatuto fala, por exemplo, que são “proibidas quaisquer manifestações coletivas, tanto sobre atos de superiores quanto as de caráter reivindicatório ou político”. Assim, como mostrou a colunista do GLOBO Malu Gaspar, a participação de Pazuello na manifestação também cria um dilema ao comando do Exército. Pelo menos em tese o comando do Exército deve puni-lo, mas, se o fizer, corre o risco de o presidente da República revogar a punição. A decisão caberá ao comandante Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

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