Após Mercedes e Ferrari, F1 se manifesta sobre termo usado por Piquet a Hamilton: ‘Linguagem racista não tem lugar na sociedade’

Durante entrevista online, Piquet usa, pelo menos duas vezes, a expressão "neguinho" para se referir ao heptacampeão da Fórmula 1 Lewis Hamilton (Thiago Alencar/CENARIUM)
Priscilla Peixoto – Da Revista Cenarium

MANAUS – Além da Ferrari e a marca alemã de automóveis Mercedes Benz, a Fórmula 1 também se posicionou por meio de nota emitida nesta terça-feira, 28, repreendendo falas com teor discriminatório e racista do ex-automobilista Nelson Piquet. Durante entrevista online, Piquet usa, pelo menos duas vezes, a expressão “neguinho” para se referir ao heptacampeão da Fórmula 1 Lewis Hamilton. A entrevista ocorreu em novembro de 2021, mas ganhou repercussão após o Canal Enerto (especializado em automobilismo) publicar um trecho do programa.

Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não deve fazer parte da sociedade”, repreendeu a Fórmula 1 reforçando que “Lewis é um embaixador incrível para nosso esporte e merece respeito. Seus esforços incansáveis para aumentar a diversidade e a inclusão são ensinamentos para muitos e princípios com os quais a F1 está comprometida”, informou o grupo.

Posicionamento da Fórmula 1 (Reprodução/Twitter)

Demonstração de apoio ao automobilista Lewis e contra a fala de Nelson Piquet também foi emitida pela Federação Internacional do Automobilismo (Fia) e, assim como a Ferrari, que declarou estar “ao lado da F1, Lewis Hamilton e Mercedes contra qualquer forma de discriminação”, a Federação afirmou ter compromisso com a igualdade e que condena qualquer tipo de comportamento racista.

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“A Federação condena, veementemente, qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral. Expressamos nossa solidariedade a Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor.

Comunicado da Federação Internacional do Automobilismo (Fia) (Reprodução/Twitter)
Comunicado Ferrari (Reprodução/Twitter)

“Estamos ao lado da F1, Lewis Hamilton e Mercedes contra qualquer forma de discriminação” – escreveu a escuderia vice-líder do Campeonato 2022 Ferrari.

Fala racista

Em entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira, em novembro do ano passado, Piquet acredita que Hamilton teria batido, intencionalmente, no carro do automobolista Verstappen, na corrida no Circuito de Silverstone. À ocasião, Lewis teria encostado o pneu no carro de seu principal concorrente que rodou e colidiu na barreira de proteção, interrompendo a disputa por mais de 40 minutos.

O “neguinho” meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. Ele foi assim, “aqui eu arranco ele de qualquer maneira”. O “neguinho” deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem, comenta Piquet sobre o acidente.

Resposta

Logo após a repercussão de proporção mundial, o heptacampeão britânico da Fórmula 1, Lewis Hamilton, respondeu, em português, as falas racistas de Piquet por meio das redes sociais: “Vamos focar em mudar a mentalidade”, postou Hamilton no Twitter.

É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo em minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, completou o piloto.

Publicação de Lewis Hamilton (Reprodução/Twitter)

Em apoio ao companheiro de corrida, o piloto George Russell ressaltou o colega de profissão e criticou o comentário do ex-automobilista brasileiro. “Imenso respeito a Lewis Hamilton. Ele fez mais pelo esporte do que qualquer outro piloto na história, não apenas na pista, mas também fora dela. O fato de que ele e tantos outros ainda estão tendo que lidar com esse comportamento é inaceitável”, lamentou o piloto.

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