‘Sofro preconceito por ter oito filhos e estar grávida de gêmeos’, diz dona de casa

Mariana Arasaki, mãe de oito e grávida de gêmeos, posa com os filhos e o marido, Carlos (Arquivo pessoal)

Com informações do Infoglobo

MANAUS – ‘Sempre quis ser mãe, era um sonho, me via sendo mãe de pelo menos quatro. Meu nome é Mariana Arasaki tenho 36 anos, oito filhos e estou grávida de gêmeos.

Quando conheci meu marido, tocamos no assunto ‘filhos’, falei que queria no mínimo quatro e ele disse que também tinha vontade de ter vários porque foi filho único e se sentiu muito sozinho. Depois que casamos, fomos deixando acontecer. Nunca usamos método contraceptivo, às vezes fizemos tabelinha. Cada um que foi chegando foi muito desejado.

PUBLICIDADE

Casamos aos 26 e já tivemos uma menina. Ao longo desses dez anos, o maior intervalo entre uma gravidez e outra foi entre o quinto e o sexto filho, quando demorei um ano para engravidar de novo. Da sexta para a sétima, engravidei menos de três meses depois do parto. Minha médica já pediu para eu dar um espaçamento maior, para dar tempo de o útero voltar ao normal. Antes dessa gravidez, eu passei em consulta e ela falou que estava tudo bem, estava liberada. Meu corpo nunca se recuperou totalmente de nenhuma gestação, por isso fiquei acima do peso em algumas, porque quando começava a emagrecer já engravidava novamente. Não dá tempo de voltar ao peso “de fábrica”.

Passei mal em todas as gestações, pelo menos quatro meses vomitando. Mas depois que o bebê nasce a gente esquece tudo. Todos nasceram de parto normal, com mais de 38 semanas. Mas cada parto é diferente e único. Na primeira filha, no auge da dor, a médica disse que ainda ia longe e eu pedi para fazer uma cesárea. Minha irmã, que também estava acompanhando, disse que não ia permitir, que a recuperação é pior. Passou o desespero e nunca mais pedi.

Enfrento preconceito. Outro dia uma pessoa que eu nunca tinha visto me disse: “Tá bom agora, não precisa mais”. Muita gente diz “agora já deu”. Mas não, a decisão é minha e do meu marido. Hoje já nem me estresso, mas as pessoas são indelicadas. Não descarto ter outros, teria mais dez. Depois dos 35 anos a taxa de fertilidade cai, então não sei. Tem a vontade de Deus.

Acho que estou contra a corrente, hoje as mulheres buscam independência financeira, autonomia, acho lindo, cada um segue o sonho que quer, e o meu sempre foi ser mãe. São escolhas. Até o quinto, trabalhava na área administrativa de uma empresa, gostava de trabalhar fora, mas gosto de ficar com meus filhos. Não vejo minha vida sem estar cuidando deles. Não me arrependo.

Tenho ajuda da babá e da minha mãe. A maior dificuldade é educar as crianças nos dias atuais, especialmente os mais velhos, que começam a perguntar tudo. Minha primogênita já está negociando quando vai poder ganhar o celular dela.

No dia a dia, o grande desafio é respeitar horário. Arrumar, deixar todo mundo pronto, sair na hora certa. Colocar na cama às vezes também é difícil. Sai cada um para um lado, é uma confusão. Perco a paciência, claro. Sou igual a toda mãe. Se vejo que estou saindo do sério, fico cinco minutos no meu quarto e volto mais tranquila.

Quase sempre saímos em dois carros, e estamos avaliando comprar uma van depois dos gêmeos. Quando vamos jantar fora, a escolha do restaurante é pelo voto. Mas em festinhas geralmente não levo todo mundo porque as rotinas dos pequenos são diferentes.

Coloco eles na cama a partir das 20h. Até umas 20h30 já está todo mundo dormindo. Sou bem chata com isso, sono em casa não é negociável. Assim também tenho tempo para ficar com meu marido.

O segredo de ter muitos filhos é ter a vida organizada, com rotina. Antes de engravidar malhava de manhã, posso ir à médica ou ao salão.

Sete vão para a escola em meio período e fazem atividades, como balé, futebol e taekwondo. Para ter bastante filho tem que pedir descontos em todos os lugares, ou fica inviável. Não dá para viajar várias vezes por ano, e o negócio é pesquisar com antecedência. Estava programando ir para Cancún, mas engravidei.

A grande vantagem de ter oito filhos é que tudo é mais fácil para eles. São muito amigos, não sentem ciúmes, brincam juntos. Também brigam entre eles, claro, mas eu corto do começo. Já mando pararem e falo para ficarem de mãos dadas até fazerem as pazes. Nunca teve palmada, mas rola castigo. O que eu mais gosto de ver é a amizade deles, que é muito bonita, um cuida muito do outro. É uma relação eterna.”

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.