Após troca de presidente, Petrobras tem queda nas ações nesta terça-feira

Petrobras tem lucro recorde no primeiro trimestre (Reuters/Sergio Moraes)
Com informações do O Globo

MANAUS – As ações da Petrobras operam com queda no início desta terça-feira, 24, após mais uma troca no comando da estatal ser anunciada pelo governo. Por volta de 10h20, os papéis ordinários (PETR3, com direito a voto) caíam 3,89%, negociados a R$ 34,02 e os preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 4,27%, cotados a R$ 31,18.

No exterior, as ADRs da empresa, recibos de ações, cediam 11,93%, negociadas a US$ 14,32 no pré-mercado de Nova York.

Sobre a companhia, vale destacar que o pagamento de R$ 48,5 milhões em dividendos anunciado em 5 de maio teve como data de corte os acionistas posicionados ontem nos papéis da companhia, dia em que as ações tiveram forte alta.

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Logo, os papéis são negociados nesta terça-feira com desconto de R$ 3,7155 por ação em relação ao fechamento de ontem, o que ajuda a intensificar a queda. Investidores que compraram o papel interessados nos dividendos podem se desfazer das ações.

Por volta de 10h30, o dólar tinha baixa de 0,45%, negociado a R$ 4,7830. No mesmo horário, o Ibovespa cedia 0,71%, aos 109.565 pontos.

Na noite de segunda-feira, o governo anunciou a demissão de José Mauro Coelho. Ele havia sido nomeado em abril e ficou pouco mais de um mês no cargo.

Em seu lugar assume Caio Paes de Andrade, nome de confiança do ministro Paulo Guedes e que atuava no Ministério da Economia.

Ele será o quarto executivo a comandar a estatal nos menos de quatro anos do governo de Jair Bolsonaro, que, incomodado com o impacto dos preços dos combustíveis em sua popularidade, troca o comando da estatal pela terceira vez.

Mesmo tendo permanecido apenas 40 dias no cargo, uma nova troca já era ventilada e ganhou força após a demissão do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que tinha conduzido a ida de Coelho para a empresa.

No Planalto, a nomeação de Caio foi atribuída a Paulo Guedes junto com Adolfo Sachsida, novo ministro de Minas e Energia.

A escolha dele para o cargo consolida a retomada de influência de Guedes sobre a Petrobras, que havia sido perdida desde a demissão de Roberto Castello Branco no início do ano passado.

Em relatório, analistas da XP ressaltam que a rotatividade na presidência da empresa é negativa. No entanto, eles ainda não veem a nova troca de comando como uma mudança na política de preços de combustíveis.

“Ainda vemos a Lei das Estatais e o estatuto da Petrobras blindando a empresa de subsidiar combustíveis como no passado, independentemente de quem é o CEO. Em segundo lugar, Caio é fortemente ligado a Paulo Guedes, que não é a favor de mudanças na política de preços de combustíveis da Petrobras”, destacam os analistas Andre Vidal e Junia Gama, em relatório.

A XP mantém recomendação de compra ao destacar que o papel ainda é respaldado por um múltiplo baixo e forte fluxo de dividendos.

A corretora mantém preço-alvo em R$ 47,80 para as ações preferenciais

Como informou a colunista do GLOBO, Malu Gaspar, Guedes quer que a companhia adote intervalos mais longos, de cem dias ou mais, entre um reajuste e outro para amenizar o impacto dos reajustes recorrentes dos combustíveis nas bombas, seguindo a volatilidade atual da cotação internacional do petróleo.

Troca não é simples

A nova mudança, contudo, não é tão simples de ser executada e pode demorar mais de um mês segundo fontes ouvidas pelo GLOBO.

Para Caio Mario Paes de Andrade assumir a empresa no lugar de José Mauro Ferreira Coelho, ele precisa primeiro ser eleito pelos acionistas membro do conselho, para depois ser escolhido pelo colegiado para a presidência. O governo, como maior acionista, tem condições de aprovar o nome dele nas duas instâncias, mas é preciso seguir uma série de ritos e regras.

Como Coelho foi eleito para o conselho por meio do sistema de voto múltiplo, uma nova assembleia de acionistas terá de ser convocada e uma nova eleição dos conselheiros terá de ser feita.

Outro obstáculo a ser enfrentado é que Paes de Andrade não possui experiência no setor, conforme exige a Lei das Estatais, o que pode levar a uma judicialização de sua nomeação.

O general Joaquim Silva e Luna, retirado do comando da empresa este ano também não tinha atuado no setor de petróleo e possuía curta experiência no setor de energia.

Inflação e juros no foco

Além da mudança de comando da estatal, os investidores avaliam a divulgação do IPCA-15 de maio.

O indicador avançou 0,59%, uma desaceleração ante abril, quando subiu 1,06% no índice fechado do mês.

É a maior taxa para o mês de maio desde 2016, quando chegou a 0,86%. Em 12 meses, o indicador chegou a 12,2%. O resultado veio acima do esperado.

Também está no radar dos agentes, a votação na Câmara do projeto que limita o ICMS sobre determinados bens, como energia e combustíveis, medida que busca amenizar os efeitos da inflação.

Na cena externa, persistem as preocupações a respeito do crescimento global mais lento diante de um quadro de inflação alta e juros subindo.

No pregão, os investidores repercutem discursos dos presidentes do Federal Reserve, Jerome Powell, e do Banco Central Europeu (BEC), Christine Lagarde.

Em entrevista durante o Fórum Econômico de Davos, Lagarde voltou a sinalizar que vê as taxas de juros em zero ou “ligeiramente acima” até o final de setembro, implicando um aumento de pelo menos 0,50 ponto percentual em relação ao seu nível atual.

— Provavelmente estamos entrando em território positivo no final do terceiro trimestre — disse Lagarde em entrevista à Bloomberg TV.

A presidente do BCE ressaltou que o banco se moveria apenas gradualmente porque a inflação foi impulsionada pela oferta – uma referência ao combustível mais caro devido à guerra na Ucrânia e às restrições na China – em vez de demanda crescente.

— Não acho que estejamos em uma situação de demanda crescente no momento — disse Lagarde.

Na Europa, as bolsas operavam com baixas. Por volta de 09h, em Brasília, a Bolsa de Londres caía 0,20% e a de Frankfurt, 0,87%. Em Paris, ocorria baixa de 0,86%.

As bolsas asiáticas fecharam com quedas. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 0,94%. Em Hong Kong, houve baixa de 1,75% e, na China, de 2,41%.

Petróleo tem leve alta

Os preços dos contratos futuros do petróleo operavam com leves altas no pregão. A oferta global apertada e uma esperada recuperação da demanda nos Estados Unidos equilibravam as preocupações com uma as restrições da Covid-19 na China.

Petróleo tem leve alta

Os preços dos contratos futuros do petróleo operavam com leves altas no pregão. A oferta global apertada e uma esperada recuperação da demanda nos Estados Unidos equilibravam as preocupações com uma as restrições da Covid-19 na China.

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