Após visita a Manaus, Marina Silva fala em possível decreto de emergência climática

Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em visita a Manaus, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, disse, neste domingo, 26, que o Governo Lula está estudando publicar um decreto de Estado de Emergência Climática Permanente, nos 1.038 municípios mais vulneráveis às mudanças do clima, incluindo a capital amazonense. Na capital, a ministra estava acompanhada do ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

Os dois desembarcaram no início da tarde deste domingo e foram recebidos pelo governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), e pelo prefeito de Manaus, David Almeida (Avante). Durante a tarde, as autoridades públicas visitaram as áreas afetadas pela chuva que caiu sobre a capital, na madrugada de sábado, 25, e causou alagamentos e deslizamentos de terras na Comunidade da Sharp, no bairro Armando Mendes, e na Comunidade Pingo d’Água, localizada no bairro Jorge Teixeira, ambos na Zona Leste de Manaus.

De acordo com a ministra Marina Silva, os ministérios do Desenvolvimento Regional e do Meio Ambiente estão trabalhando em conjunto para solucionar os problemas enfrentados pelas chuvas em mais de mil municípios do País.

“Nós vamos trabalhar as ações emergenciais, que são essas que já estão sendo feitas, e as ações estruturantes, projetos que a Prefeitura, o Governo do Estado e o governo federal podem trabalhar juntos. Uma alternativa que está sendo pensada é decretar estado de emergência climática permanente nos 1.038 municípios mais vulneráveis e suscetíveis às mudanças do clima”, disse Marina Silva.

O governador do Amazonas, Wilson Lima, explicou que o Estado está atuando junto com a Prefeitura de Manaus nos atendimentos emergenciais às famílias afetadas pelo temporal do último sábado, 25.

“A gente teve uma série de episódios, como vocês acompanharam, muitas perdas materiais, famílias que tiveram suas casas destruídas e algumas levadas pela água. Um trabalho em conjunto da Prefeitura de Manaus e Governo do Estado deu atendimento emergencial a essas famílias, no sentido de prover abrigo, alimentação, alguns produtos como geladeira, colchões, para amenizar o sofrimento dessas famílias”, salientou Wilson Lima.

Recursos

O ministro Waldez Góes afirmou que o governo federal vai dispor de recursos para a capital, mas não informou novos valores. “Não faltará recursos para apoiar, seja aqui em Manaus, ou em outras cidades. […] Os projetos vão sendo aprovados e a gente vai liberando os recursos. De repente, um mesmo município pode fazer dezenas de projetos. Já teve um aprovado [para Manaus], já liberado R$ 1 milhão e quantos forem necessários. Nessa lógica, nós vamos fazendo”, disse o ministro.

“Com o episódio de ontem, a gente retoma a discussão com a Prefeitura, em relação ao plano de ajuda humanitária, que diz respeito à alimentação, à água, colchões, material de higiene pessoal e tudo o que está relacionado com a ajuda humanitária. No entanto, o governo federal tem, por determinação, ajudar também no restabelecimento no que diz respeito à limpeza e desobstrução, que são planos específicos, e na reconstrução”, afirmou Waldez.

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Chuva de sábado

De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semseg), foi registrado, na Central 199 da Defesa Civil, mais de 135 ocorrências, até as 18h deste sábado, 25, sendo 62 de alagamentos, 25 de desabamentos e 22 de deslizamentos. A Secretaria Municipal de Educação (Semed) disponibilizou duas escolas para abrigar 172 famílias que perderam suas moradias.

As famílias estão sendo acolhidas por equipes da Defesa Civil e da Secretaria da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), na Escola Municipal Aristóteles Comte de Alencar, rua 1, quadra 35, bairro Armando Mendes, Zona Leste. E por equipes da Divisão Distrital Zonal (DDZ) Leste 1, da Semed, na Escola Municipal Jorge de Resende Sobrinho, na rua Nova Esperança, Tancredo Neves.

As ocorrências de maior severidade, até o momento, aconteceram na Zona Leste, nos bairros Armando Mendes e Gilberto Mestrinho, mas também foram atendidas na Comunidade Manaus 2000, no bairro Japiim, onde ocorreu um desabamento envolvendo nove residências. Três equipes de plantão realizaram mais de 70 atendimentos por toda a cidade, desde as primeiras horas do dia.