Barco de madeira afunda na orla de Manaus: ‘cuidados devem ser redobrados’, diz presidente da Abani

Os barcos de recreio são conhecidas embarcações de transporte fluvial da Amazônia (Reprodução/amazoniasemfronteira)
Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um barco de madeira identificado como Capitão Vivaldo VIII afundou em frente à cidade de Manaus na noite de sexta-feira, 3. A embarcação saiu do porto da Manaus Moderna, centro da capital amazonense e, poucos minutos depois, adernou por conta do choque com uma barra de ferro. O casco de madeira não resistiu ao impacto e 42 pessoas foram lançadas ao rio. O corpo de bombeiros foi acionado para o resgate. Não houve registro de vítimas fatais.

A embarcação identificada fazia o transporte de passageiros rumo a comunidades rurais próximas a Manaus, como Pagodão, Ariaú, Igarapé-Açu, dentre outras. Segundo o Corpo de Bombeiros, Capitão Vivaldo VIII partiu por volta das 18h, da Manaus Moderna, e meia hora após a partida naufragou em frente à estação de captação de águas da Ponta do Ismael, bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus. Para complicar, no momento do acidente, uma forte chuva caia sobre a cidade.

Na imagem, o barco Capitão Vivaldo VIII, tombado na orla de Manaus. Sem vítimas fatais, para alívio dos familiares dos passageiros (Reprodução)

Fragilidade do casco

Há muito se discute sobre o uso de barcos de madeira nos rios da Amazônia e suas fragilidades ante a possíveis acidentes como o que ocorreu com o Capitão Vivaldo VIII. De acordo com o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior (Abani), e empresário, Dodó Carvalho, a ausência de leis facilita esse tipo de incidente na região. “Não existem leis para regular o uso de barcos de madeira, o que existe é uma lei no Pará que limita, até 100 passageiros, em barcos de madeira”, explicou.

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Ainda segundo Dodó, “O que existe é uma sutil pressão da Capitania, que vem dificultando a documentação para barcos de madeira“, comentou. Para o empresário da navegação, não basta impor a força da lei, é preciso instrumentalizar o empresário do transporte fluvial.

Não adianta querer proibir e obrigar o empresário a construir um barco de ferro, sem dar a ele uma linha de crédito, leis e políticas públicas para que ele possa custear a confecção de um barco com casco de metal, coisa que não é barata”, criticou.

Cenas de barcos de madeira afundados em rios da região amazônica são comuns, mas precisam mudar com a possível renovação da frota para barcos de metal (Reprodução/Globo)

Renovação da frota

Dodó Carvalho ressalta sobre sonho do setor naval, mas que, segundo o empresário, ainda está no campo da especulação. “O setor do polo naval sonha com essa possível renovação da frota para impulsionar, inclusive, toda a cadeia do setor naval, mas, nada disso aconteceu, até agora, porque é preciso, como eu disse, dotar o setor com linhas de crédito, projetos de leis e outras estruturas para deslanchar esse ramo que é vital para a nossa economia, até porque nossas estradas são os rios”, observou.

O presidente da Abani espera que o novo governo federal assuma uma postura para resolver o problema. “Acredito que o presidente Lula pode mudar essa realidade, no Amazonas, caso contrário, acidentes como esse que ocorreu na sexta-feira, em frente a Manaus, continuarão acontecendo“, declarou. Dodó.

O presidente da Abani, Dodó Carvalho, diz que não é possível renovar frota de barcos de madeira para barcos de aço, sem linhas de crédito e leis regulamentares (Reprodução/Diretoaoponto)

A Abani se preocupa muito com o transporte de passageiros na Amazônia. Transportamos algo em torno de 15 milhões de pessoas por ano. Precisamos sair da embarcação de madeira para embarcações de aço. Muito mais eficientes e seguras”, finalizou.

A reportagem da REVISTA CENARIUM tentou contato com a Capitania dos Portos pelo telefone 3224-6141, mas, até a publicação desta matéria, não foi atendida.

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