Bolsonarista, Plínio quer reverter privatização de refinaria amazonense que atende Região Norte

Senador Plínio Valério ao lado da bandeira do posto Atem (Composição: Matheus Moura/Revista Cenarium Amazônia)
Ricardo Chaves – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Defensor da política econômica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Plínio Valério (PSDB) afirmou à REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA que irá atuar com “trabalho político” para reverter a privatização da Refinaria Isaac Sabbá, conhecida como Refinaria de Manaus (Reman), privatizada pelo grupo Atem em dezembro de 2022, vendida no último ano do governo anterior.

O quadro atual foi cantado pelos petroleiros. Solicitei uma audiência pública em Brasília para discutirmos e o documento foi levado para as autoridades. Com o monopólio (privado), os petroleiros alertaram que o preço ia subir. Temos que enfrentar essa situação. Ela esta atípica e anormal”, afirmou.

Senador da República Plínio Valério, do PSDB (Agência Senado/Jefferson Rudy)

Ao ser questionado pela reportagem se poderia tomar alguma medida, no primeiro momento, o político disse ser complicado, mas, que é possível mostrar que o atual quadro pode ser mudado.

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“Vou entrar em contato com o Sindicato. Eles sempre me procuram. Eles entram com a ação e nós com o trabalho político”, assegurou Valério.

Em nota enviada à reportagem, o Sindipetro afirmou que recorre ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e à Justiça para abrir investigação no processo de venda da refinaria sediada em Manaus que atende seis Estados da Região Norte, com exceção do Tocantins.

“[Uma apuração] principalmente referente ao valor de venda – 70% abaixo do seu valor, conforme o Instituto de Estudo Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep)”, informou.

Preço final

Na primeira semana de 2024 a REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA mostrou que preço da gasolina comum teve variações entre R$ 5,69 e R$ 5,99 em diversos postos de Manaus. Anteriormente, o preço era de R$ 6,29. Com isso, o preço do combustível ao consumidor teve uma queda de R$ 0,60. O desce e sobe da gasolina em Manaus tem incomodado os amazonenses.

Para a economista Denise Kassama, a explicação para a variação de preços se dá pelo livre mercado. “Isso ocorre porque os donos dos postos tentam recompor a margem de ganho em cima do valor dos combustíveis”, explica.

Economista Denise Kassama (Reprodução/Arquivo pessoal)

Para a especialista, além da política de preços adotadas pela Ream que é a do Preço Paridade Internacional (PPI), outro ponto é com relação a estrutura, já que as refinarias da Petrobrás possuem todo um sistema interligado. Fora do sistema, o consumidor acabada pagando mais caro.

“As refinarias da Petrobrás funcionam em forma de sistemas. Então eventualmente uma pode abastecer a outra, de modo que elas mantenham o mesmo ritmo de produção e o mesmo parâmetro de preços. Mas, no caso da Reman, que foi privatizada, ela sai desse sistema. Ela depende de tudo que vem para fazer a sua produção, pagando o preço do mercado. Estamos por conta dessa independência e pagando o pato”, analisa a economista.

E completa: “porque você trabalhando sozinho custa muito mais caro do que coletivamente. Isso é óbvio. Além disso, o nome está dizendo privada. O objetivo dela é gerar lucro para os investidores. Então, eu diria assim, nós estamos ferrados“, disse.

Desde que assumiu o comando da refinaria em dezembro de 2022, o preço da gasolina comum na Região Norte subiu 66% como revelou a CENARIUM em novembro do ano passado. No dia 3 de janeiro, outro levantamento da CENARIUM AMAZÔNIA apontou que mesmo com a variação da gasolina comum, as distribuidoras no Amazonas são as que mais lucram no País.

Na época, o painel de preços da Petrobras mostrou que a distribuidoras adicionam R$ 1,99 na formação do preço do derivado do petróleo. A margem de lucro chegou a cair para R$ 1,44 e nesta semana está em R$ 1,71. É a maior parcela de lucro registrada pelo painel entre 16 Estados pesquisados.

Coordenador do Sindipetro-AM, Marcus Ribeiro (Reprodução/Arquivo pessoal)

“A Petrobras é uma empresa integrada, que explora, transporta e refina. Então, quando a refinaria era da Petrobras, o preço do combustível que saía era o mesmo preço da refinaria do sul, do sudeste, no nordeste. Hoje essa realidade acabou. O grupo Atem coloca no valor final o que tem de custo com transporte e logística. Isso encarece mais”, avalia o coordenador do Sindipetro-AM, Marcus Ribeiro.

Procon de olho na gasolina

A alta chamou a atenção do Instituto de Defesa do Consumidor do Amazonas (Procon-AM) que começou a realizar fiscalizações com a intenção de investigar o que chamou de “aumento considerável no preço da gasolina”. Segundo o Procon-AM, diversos estabelecimentos subiram o valor de R$ 5,59 para R$ 6,49, um acréscimo de quase R$ 1.

Refinaria privatizada da Bahia

Na sua conta na rede social X (ex-Twitter), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates afirmou no dia, 5, de janeiro que a Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, é alvo de uma apuração interna na estatal e está sendo discutida com órgão de controle.

“A legitimidade do controle externo de fiscalizar as atividades da Petrobras é indiscutível e necessária, compondo o sistema de governança que protege a empresa. Não à toa, pleiteei, à época em que atuei como Senador da República, o acompanhamento atento desse processo negocial e suas consequências”, publicou.

Marcus Ribeiro, presidente do Sindipetro-AM, avalia que a investigação da venda da refinaria da baiana representa uma possibilidade do processo ser revertido no Amazonas.

“A gente vai intensificar a nossa luta para fazer com que a nossa refinaria volte para as mãos da Petrobras. Hoje como consequência da venda da refinaria. A população amazonense está pagando a gasolina mais cara do país. Para acabar com isso, o governo federal precisa olhar para o Amazonas”, disse.

Editado por Jefferson Ramos
Leia mais: Apesar da queda da gasolina, Amazonas ainda é o Estado em que distribuidoras mais lucram
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