Bolsonaro afirmou que ‘molecada’ não morreu por Covid-19, negando dados oficiais que apontam 2,5 mil mortes

O presidente Jair Bolsonaro, durante reunião no Palácio da Alvorada (Cristiano Mariz/Infoglobo)
Com informações do Infoglobo

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou na sexta-feira, 14, que a “molecada” não morreu por Covid-19. Repetindo parte do discurso que adotou na pandemia, o candidato à reeleição negou dados oficiais do Ministério da Saúde que apontam 2,5 mil mortes pelo vírus em crianças e adolescentes de zero a 17 anos — 1.807 entre zero e 11 anos — e disse que estes casos foram fraudes:

“A molecada não sofre com o vírus. Você não viu moleque morrendo de vírus por aí. Alguém conhece o filho de alguém que morreu de vírus? Não tem”, afirmou Bolsonaro a três canais de Youtube que fizeram uma transmissão conjunta.

Sem apresentar provas, o presidente afirmou que governos locais registraram mortes de crianças e adolescentes por Covid-19 para receberem mais recursos federais.

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“O que aconteceu, em grande parte: o moleque tinha um traumatismo craniano. Caiu de bicicleta. Levava para o hospital e botava no leito da UTI, UTI Covid. Por quê? (Porque) ele recebia por dia, meu (governo federal), R$ 2 mil. Enquanto a UTI para traumatismo era R$ 1 mil. Botava lá. Botou lá, se o cara morreu de traumatismo craniano, o garoto, tinha que botar Covid.

Ao contrário do que disse o candidato à reeleição pelo PL, o Brasil registrou, ao menos, 2.573 mortes pela doença entre pessoas de 0 a 17 anos — em média, são 83 por mês. Ao todo, 68,6 mil ficaram internadas, mostram números do Ministério da Saúde.

Segundo a pasta, pelo menos, 37.125 mil bebês e crianças de 0 a 11 anos ficaram internados por Covid-19, dos quais 1.807 tiveram as vidas ceifadas pela doença. Com isso, a taxa de letalidade hospitalar alcança 4,86%. Já entre adolescentes de 12 a 17 anos, pelo menos 31.478 ficaram hospitalizados e 766 morreram — uma letalidade menor, de 2,43%.

As estatísticas oficiais constam no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) do Ministério da Saúde. A base de dados reúne casos de internação (quadros graves) e mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), na qual a Covid-19 se inclui.

O GLOBO filtrou apenas as infecções e os óbitos confirmados por coronavírus desde 26 de fevereiro de 2020, quando o Brasil notificou o primeiro diagnóstico da doença, até 25 de setembro deste ano, a atualização mais recente dos dados. Os registros foram compilados pela Rede Análise Covid-19.

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