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Cidadania digital: uso de tecnologias por povos da Amazônia é tema de congresso internacional no Amazonas
A jornalista e mestra em Comunicação da etnia Wapichana, Ariene Susui. (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)
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21 de novembro de 2022
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – O desenvolvimento de práticas cidadãs com o uso de tecnologias digitais por povos indígenas da Amazônia foi um dos assuntos abordados no primeiro dia do 3° Congresso Internacional de Cidadania Digital, que acontece a partir desta segunda-feira, 21, até a sexta-feira, 25, nos campi de Manaus e Parintins da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
O encontro reúne empresas, universidades, centros de pesquisa, movimentos ativistas e organizações vinculadas ao Terceiro Setor, de países como Itália, Canadá, Argentina, México, Portugal e Brasil. A REVISTA CENARIUM também participa do evento, com divulgação de revistas físicas que têm como tema o cenário político e socioeconômico da Amazônia.
A jornalista e mestra em Comunicação da etnia Wapichana, Ariene Susui, uma das convidadas do evento, pontuou que o acesso a tecnologias que colaboram na comunicação entre os povos originários e a sociedade em geral alavanca o espaço desses cidadãos nas mídias, dando oportunidade de apresentar, ao mundo, a realidade e o modo de vida dos povos indígenas.
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“Quando a gente fala de inclusão, a gente está falando disso. Como a gente se inclui nesse meio? Necessariamente, que as pessoas queiram nos trazer para essas pautas, nos mostrar nossos rostos, mas que também participemos de todo o processo da comunicação. E isso é a cidadania“, disse ela.
Sociólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Massimo di Felice enfatizou que, em sua análise, a Amazônia é o novo centro epistêmico do mundo devido aos desafios que se impõem no desenvolvimento da maior floresta tropical do planeta.
“Hoje, ao meu modo de ver, se pensarmos qual é o centro epistêmico do mundo, para mim, sem dúvida, é a Amazônia, porque o maior desafio que nós temos hoje é a questão climática, ambiental, a questão da biodiversidade, e diria mais: a questão de repensar uma nova ideia de comunicação“, explicou Massimo.
Di Felice assinalou ainda que a configuração da região amazônica apresenta um novo conceito de cidadania, na qual os humanos e a biodiversidade se integram. “Não mais a cidadania da pólis, composta apenas por humanos. Não mais cidadania iluminista, entre iguais humanos, mas um tipo de cidadania que seja capaz de contemplar como atores também as florestas, a biodiversidade, uma cumplicidade que inclua também algoritmos pelos quais hoje a gente tem acesso a essa diversidade“, concluiu.
O reitor da Ufam, Sylvio Puga, destacou a importância do evento, sediado na instituição pela primeira vez, e os desafios de promover a educação pública e de qualidade na Amazônia. Ele explicou que o principal obstáculo é vencer as grandes distâncias da região.
“Ele está acontecendo aqui, na Ufam, pela primeira vez, e em uma região que tem suas características pela exclusão digital muito grande. Penso que a oportunidade do evento é chamar a atenção para que nós possamos ampliar as políticas públicas que ampliam o acesso da população aos meios digitais“, destacou Puga.
“O desafio é do tamanho da própria região, ele é imenso. Mas esses desafios nos move, cada vez mais, a avançarmos no sentido de cumprir a missão institucional da Ufam, que é levar o conhecimento a todas as áreas da nossa Amazônia. Portanto, o desafio está dado, e temos buscado criar meios para que a gente possa fazer frente a esse desafio“, concluiu o reitor.
Congresso Internacional
As atividades do 3° Congresso Internacional de Cidadania Digital envolvem sete mesas coordenadas e a programação completa de convidados pode ser acessada no site do evento: 3° Congresso Internacional de Cidadania Digital.
As principais atividades serão transmitidas on-line – incluindo as mesas coordenadas, abertas à participação remota dos interessados na apresentação de trabalhos científicos –, por meio do canal do Centro Internacional de Pesquisa Atopos no YouTube.
O Congresso é promovido pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com o Centro Internacional de Pesquisa Atopos da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e com diversas universidades brasileiras.
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