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Com desmate crescente na Amazônia, emissões de gases sobem pelo quarto ano no Brasil
A derrubada de floresta na Amazônia é a maior fonte brasileira de emissões (Douglas Magno/AFP)
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01 de novembro de 2022
Com informações da Folhapress
SÃO PAULO – Pelo quarto ano consecutivo, o Brasil aumentou suas emissões de gases-estufa graças, especialmente, ao aumento significativo no desmatamento da Amazônia — algo que tem sido constante no Governo Jair Bolsonaro (PL).
Pesaram na conta também o aumento de emissões associados à energia e à agropecuária. Em relação a 2020, o País teve, em 2021, um aumento de cerca de 12% nos gases-estufa emitidos, o terceiro maior crescimento já registrado.
Os dados do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, do Observatório do Clima), foram divulgados nesta terça-feira, 1°.
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Saltos maiores de emissões só tinham ocorrido em 1995 (cerca de 13,5%) e, em 2003, (cerca de 20,7%), ambos anos nos quais o Brasil tinha mais de 20 mil quilômetros quadrados de desmatamento.
A derrubada de floresta, na Amazônia, é a maior fonte brasileira de emissões. Segundo os novos dados do Seeg, cerca de 49% das emissões nacionais, em 2021, estavam associados à mudança de uso da terra e da floresta — o que pode ser lido como desmatamento. Em 2020, o desmate representava 46% das emissões.
O Seeg aponta que o desmatamento, na Amazônia, especialmente, jogou aos ares 1,1 bilhão de toneladas de CO2e (leia CO2 equivalente, ou seja, uma espécie de “soma” de todos os gases-estufa). Se quiser ser mais específico, foram emitidos 1.188.188.576 toneladas de CO2e.
Em linhas gerais, as árvores são reservas de carbono. Dessa forma, ao serem derrubadas, o carbono é liberado.
Em 2021 (na verdade, de agosto de 2020 a julho de 2021), segundo dados do Prodes, programa do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram derrubados mais de 13 mil quilômetros quadrados de Amazônia, um salto de 22% em relação ao ano anterior.
Os dados do Seeg mostram também aumentos nas emissões de gases associados ao desmatamento da mata atlântica e do cerrado.
E ainda há um outro fator agravante do quadro. Emissões associadas a queimadas — que são produzidas pelo homem na Amazônia — não são contabilizadas pelo Brasil em seu inventário nacional de gases-estufa. Se fossem contabilizadas, calcula o Seeg, representariam um considerável aumento de 8% nas emissões.
Ao todo, em 2021, o Brasil lançou, na atmosfera, 2,4 bilhões de toneladas de CO2e. Em 2020, foram 2.160.065.007 toneladas.
A agropecuária aparece como a segunda maior fonte de emissões nacionais, representando 25% dos gases-estufa emitidos — o equivalente a mais de 600 milhões de toneladas de CO2e — e também com crescimento em relação ao ano anterior.
Foi o maior nível de emissões do setor na série histórica, segundo o Seeg, cerca de 600 milhões de toneladas de CO2e, o que pode ser explicado, especialmente, pelo grande aumento do rebanho no País.
Os gases-estufa da agropecuária estão ligados, principalmente, ao processo de digestão dos bovinos que produz metano, um potento gás do aquecimento global.
Em seguida, vem da área de energia, com 18% das emissões (mais de 434 milhões de toneladas de CO2e). O Seeg aponta uma alta significativa de emissões desse setor, o que estaria associado a uma retomada econômica, após o primeiro ano de pandemia — também houve um crescimento de emissões no setor industrial — e também a crise hídrica que afetou a geração de energia hidrelétrica.
Com a seca, foi necessário o acionamento de usinas termelétricas — algo que foi continuado pelo governo —, que geram mais emissões.
Um aumento no preço do etanol, devido à queda na safra de cana, também teria aumentado a participação de outros combustíveis mais poluentes nos modais de transporte.
E por que tudo isso é importante?
A resposta mais direta é a crise climática. Os países têm feito esforços e acordos — ainda insuficientes — para tentar frear a emissão de gases-estufa e, com isso, ao menos minimizar os extremos climáticos que já estão ocorrendo.
O Brasil tem o compromisso internacional, a partir do Acordo de Paris, para reduzir suas emissões e, em 2050, ser carbono neutro (ou seja, de forma geral, ter emissões e sequestro de carbono em paridade).
Para 2030, o País tem de cortar em 50% as emissões em relação a 2005, um compromisso que foi assumido, recentemente, pelo Governo Jair Bolsonaro (PL) — antes, na assinatura do Acordo de Paris, o corte acordado era de 43%.
Parece um valor de corte elevado e um aumento de ambição, mas, na verdade, trata-se de uma “pedalada climática”. O governo atualizou e aumentou os dados da base de comparação (o ano de 2005).
Dessa forma, mesmo com o pequeno aumento percentual de corte, o Brasil chegaria, em 2030, emitindo mais do que havia se comprometido na assinatura do Acordo de Paris.
A nova meta climática brasileira de Bolsonaro, que regride no compromisso anterior, foi apontada por um relatório recente do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) que analisa as metas internacionais de redução de emissões.
Além do Brasil, o México também apresentou uma meta atualizada que resulta em aumento das emissões em relação à proposta inicial de redução de gases-estufa.
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