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Com discurso de resistência e prioridades, Anielle Franco toma posse como ministra da Igualdade Racial
A ministra da pasta da Igualdade Racial, Anielle Franco (Sérgio Lima/Reprodução)
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11 de janeiro de 2023
Mencius Melo – Da Revista Cenarium
MANAUS – A jornalista Anielle Franco foi empossada na tarde desta quarta-feira, 11, no Palácio da Alvorada, em Brasília, como ministra da pasta de Igualdade Racial. Em um discurso forte e marcado por ideais de luta e resistência, a irmã da vereadora assassinada no Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi assistida por uma plateia formada por políticos e ativistas de movimentos da sociedade civil organizada, majoritariamente, negros e indígenas, com direito ao samba da Mangueira, campeão de 2019: “História para Ninar Gente Grande”, entoando pela cantora Marina Ísis ao final da solenidade.
Anielle Franco foi empossada logo após a posse de Sonia Guajajara, agora ministra do Ministério dos Povos Indígenas (MPI). Assim que subiu ao púlpito, Anielle agradeceu a familiares e à memória de Marielle Franco. “À minha família, por todo suporte, carinho e cumplicidade, especialmente, aos meus pais Marinete e Toinho, ao meu esposo, Fred, as minhas filhas, a minha sobrinha Luyara e também a minha irmã Marielle Franco, em nome de quem eu aceitei este desafio”, declarou.
Emocionada, a ministra relembrou os passos desde a perda da irmã, assassinada em uma emboscada no Rio de Janeiro. “Desde o dia 14 de março de 2018, dia em que tiraram Marielle da minha família e da sociedade brasileira, tenho dedicado cada minuto da minha vida a lutar por justiça, defender a memória, multiplicar o legado e regar as sementes de minha irmã. Nesse caminho, fundamos o Instituto Marielle Franco”, recordou.
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Leitura política
Durante a fala, Anielle fez uma leitura política da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1° de janeiro de 2023. “Quando nosso presidente Lula recebeu a faixa presidencial do povo, colocada por uma mulher negra periférica, mostrou que o caminho para o Brasil do futuro será, sim, liderado por aqueles e aquelas que, há séculos, resistem ao projeto violento que fundou esse País”, afirmou.
Na ocasião, a ministra da Igualdade Racial aproveitou a oportunidade para criticar a violência dos atos golpistas ocorridos no domingo, 8, em Brasília. “A cerimônia de hoje guarda um simbolismo muito especial. Depois dos atentados sofridos por esta Casa e pelo povo brasileiro, no último domingo, pisamos aqui em sinal de resistência a toda e qualquer tentativa de atacar as instituições e a nossa democracia. O fascismo, assim como o racismo, é um mal a ser combatido em nossa sociedade“, convocou.
Anielle também condenou a falta de sensibilidade diante de práticas que não dão resultado. “Se o mundo em que queremos viver é um mundo onde todas as pessoas tenham o igual direito e oportunidade de serem felizes, com sua liberdade, respeitando uns aos outros, em paz, harmonia, justiça e dignidade, já passou da hora de pararmos de repetir as fórmulas fracassadas que não entregam nada disso!“, protestou a ministra.
Luta antirracista
Na ocasião, a ministra também adiantou as pautas para o ministério. “Daremos um passo à frente na institucionalização da luta política antirracista com este ministério. Trazendo o racismo para o debate público e institucional de um modo, até então, não vivenciado na política brasileira. Uma conquista fruto das mobilizações sociais incessantes que antecederam e culminaram neste momento“, comentou.
Anielle Franco contextualizou a história e o racismo no Brasil. “Após quase quatrocentos anos de escravidão negra e 133 anos de uma abolição que nunca foi concluída, a população brasileira ainda enfrenta múltiplas faces do racismo que gera condições desiguais de vida e de morte para pessoas negras e não negras no País. Isso não pode ser esquecido e nem colocado de lado“, salientou.
Ao final, Franco enalteceu a ancestralidade e fez um pedido. “Nós temos um projeto de País e esperamos contar com vocês nessa construção. E é por isso que eu faço esse pedido a toda a população brasileira: caminhem conosco. Caminhem conosco nessa estrada por onde nossos antepassados caminharam e por onde os nossos filhos e filhas caminharão. Caminhem conosco até que os sonhos de nossas ancestrais se tornem realidade”, finalizou.
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