Comandante da Marinha critica politização militar sob Governo Bolsonaro

Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha do Brasil (Reprodução/Poder Naval)
Da Revista Cenarium*

SÃO PAULO (SP) – O comandante da Marinha, o almirante Marcos Sampaio Olsen, afirmou ser equivocado o uso feito, por bolsonaristas, do artigo 142 da Constituição Federal, que disciplina a atividade das Forças Armadas no País, para afirmar que poderiam ser um papel moderador.

Em entrevista ao jornal O Globo, Olsen afirmou que cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) interpretar a Constituição.

A bancada do PT, na Câmara dos Deputados, articula uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para retirar do artigo 142 a citação à garantia da lei e da ordem.

PUBLICIDADE

O Ministério da Defesa também encaminhou uma minuta de PEC ao Planalto para proibir que militares permaneçam na ativa caso tentem disputar eleições ou assumam cargo no Executivo.

O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, durante audiência no Senado (Pedro Ladeira/4.mai.2023/Folhapress)

No fim do ano passado, por exemplo, bolsonaristas que não aceitaram a derrota eleitoral do então presidente Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltaram a citar esse artigo para cobrar um golpe de Estado pelas Forças Armadas.

Em 2020, o ministro Luiz Fux, do STF, delimitou, em decisão judicial, a interpretação da Constituição e da lei, que disciplina as Forças Armadas, para esclarecer que elas não permitem a intervenção do Exército sobre o Legislativo, o Judiciário ou o Executivo, nem dão aos militares a atribuição de poder moderador.

Em resposta a uma ação apresentada pelo PDT contra “eventual intervenção militar”, o magistrado deu uma decisão liminar (provisória) para estabelecer que a prerrogativa do presidente da República, de autorizar emprego das Forças Armadas, não pode ser exercida contra os outros dois Poderes.

“A chefia das Forças Armadas é poder limitado, excluindo-se qualquer interpretação que permita sua utilização para indevidas intromissões no independente funcionamento dos outros Poderes, relacionando-se a autoridade sobre as Forças Armadas às competências materiais atribuídas pela Constituição ao presidente da República”, afirmou o ministro.

Na mesma entrevista ao jornal O Globo, o comandante da Marinha defendeu a ida à reserva de militares que assumam cargos públicos. Ele criticou a politização das Forças Armadas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

“Acho equivocado manter-se no exercício desses cargos públicos como oficial da ativa. Caso um militar migre para exercer um cargo público, ele deve requerer transferência para a reserva. Do contrário, não assume. Essa condição poderia ser até automática: se aceitar o cargo, passa para a reserva”, declarou.

Olsen afirmou que um levantamento interno identificou militares filiados a partidos políticos, o que caracteriza contravenção disciplinar sujeita a processo administrativo.

Em março, a Marinha emitiu um comunicado dando 90 dias para a desfiliação das legendas sob risco de punição. A mesma orientação foi seguida pelos comandos do Exército e da Aeronáutica.

Leia também: Primeira almirante negra da história: médica é promovida pela Marinha
(*) Com informações da Folhapress
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.