Consórcio de imprensa internacional publica investigação iniciada por Dom e Bruno

A morte de Bruno e Dom completa um ano em 5 de junho (Ueslei Marcelino/Reuters)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – A apuração de atividades ilegais e predatórias no Vale do Javari (AM), iniciada pelo indigenista brasileiro Bruno Pereira e pelo jornalista britânico Dom Phillips, interrompida com a morte da dupla na região, em junho de 2022, será contada por um consórcio de imprensa internacional. Dezesseis jornais de notícias, de dez países, imergiram na investigação para trazer à luz a história não revelada.

O trabalho foi desenvolvido durante dez meses e resultou na obra “O Projeto Bruno e Dom – Uma Investigação sobre a Pilhagem da Amazônia”, que consiste numa série de reportagens elaboradas por mais de 50 jornalistas. Nesta quinta-feira, 1°, a primeira delas, intitulada “Seguimos o trabalho de Bruno e Dom na Amazônia porque nosso futuro depende dele”, foi publicada pela Folha de S.Paulo, integrante do grupo. As publicações vão até sábado, 3.

Assinada pelo fundador e diretor do consórcio Forbidden Stories, o qual capitaneia o projeto, Laurent Richard, relata os perigos da cobertura jornalística na região em que Bruno e Dom foram mortos. Além disso, a narrativa detalha como os caminhos da dupla se cruzaram no mesmo propósito: o de informar à sociedade sobre os crimes cometidos naquela área, que afetam, diretamente, a biodiversidade e os povos que habitam na localidade.

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Teaser de ‘O Projeto Bruno e Dom – Uma Investigação sobre a Pilhagem da Amazônia’ (Divulgação)

“Dom Phillips foi um dos jornalistas mais testados em batalha. Durante 15 anos, ele cruzou a região amazônica. Seu amigo e guia Bruno Pereira, especialista em comunidades indígenas, conhecia esse território melhor que ninguém. Os dois foram trabalhar juntos no Vale do Javari, região que se transformou em reduto de tráfico ilegal de madeira, drogas e recursos naturais”, diz um trecho da reportagem.

O Consórcio

“O Projeto Bruno e Dom – Uma Investigação sobre a Pilhagem da Amazônia” é formado por Folha de S.Paulo, TV Globo, Globoplay, Repórter Brasil, Amazônia Real, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Ojo Público, Expresso, Le Monde, The Guardian, NRC, Paper Trail Media, The Bureau of Investigative Journalism, OCCRP, Tamedia e DerStandard.

Um ano sem Bruno e Dom

Os assassinatos de Bruno e Dom completam um ano na próxima segunda-feira, 5. Em memória deles, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) vai promover um ato simbólico, na data póstuma, que será realizado em sete cidades do País e fora dele: Atalaia do Norte (AM), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Campinas (SP), Brasília (DF), Whashington (EUA) e Londres (UK).

Morte de Bruno e Dom virou luta de indígenas do Vale do Javari (Ueslei Marcelino/Reuters)

“Não é apenas um ato, ainda estamos muito carregados de emoções e pesar pela perda. Para nós, também será um tempo de profunda reflexão sobre como a morte deles impactou a luta indígena pela preservação do nosso território, assim como a importância que as autoridades brasileiras deram para encontrar os acusados e julgar sob os auspícios da lei”, escreveu nas redes sociais o líder indígena e procurador jurídico na Univaja, Eliesio Marubo.

Leia mais: Caso Bruno e Dom: ‘Colômbia’ é apontado como líder de quadrilha de pesca ilegal; PF cumpre mandados no Vale do Javari
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